Corção e a modernidade

Li hoje pela manhã um artigo publico por Gustavo Corção em 1976, em que argumentava que a Idade Média tinha sido um milagre, uma época que o reino do Cristo tinha prevalecido sobre o reino dos homens e das nações. Tratava-se de um esboço de paraíso, próprio das construções humanas, mas pelo menos o coração estava no lugar certo.

O interessante de seu texto é que ele compara a queda da Idade Média não a uma decadência, mas a uma revolta de uma cristandade contaminada por um humanismo. Algo como uma segunda queda, mas agora o Adão era civilizacional. O que aconteceu foi uma grande traição, que se conhece simplesmente como modernidade
A base desta modernidade, segundo Corção, é a deformação da caridade, glorificação do homem-exterior e aversão a Deus. Sua evolução é própria da matéria, em direção a uma desordem crescente. Seu projeto civilizacional, se é que se pode chamar assim, é impossível. O homem não tem como triunfar numa recusa constante a Deus.

Neste contexto, grande parte da humanidade concluiu que o cristianismo é impraticável e que deve ser diluído e se adaptado aos tempos modernos, justamente o que Corção recusa veementemente. Mais do que praticável, ele é o caminho da salvação.

É muito curioso que este artigo tenha sido publicado no Globo. Nos dias de hoje não teria chance de ser publicado em quase lugar nenhum, o que muito diz sobre a auto-proclamada liberdade de imprensa e direito de informar. O mundo caminha cada vez mais para umas poucas opiniões aceitáveis e o jornalismo se tornou um grande instrumento de implementação das idéias únicas de elites desta modernidade cada vez mais enlouquecidas e desordenadas espiritualmente.

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