Covid: porta de saída

Os números de óbitos continuam caindo. A vacina tem ajudado, mas não é bala de prata. Ela realmente ajuda a reduzir casos e gravidade, mas tem gente morrendo mesmo com duas doses. Em resumo: é importante vacinar, principalmente se não teve covid. A reinfecção parece ser muito mais raro que se contaminar mesmo vacinado.

A melhor notícia é que o número de novos casos continua caindo, o que na prática significa que vamos ter mais uns 30 dias de queda. A explosão pela tal variante delta não chegou ou não está tendo efeito por aqui. Dizem que a P1, a variante de Manaus, nos protegeu da delta, vai saber.

O que importa é que pela primeira vez consigo enxergar, mesmo que distante, uma porta de saída para esta praga.

O feito do governo Biden é sem precedentes

Olha, os americanos já fizeram muita bobagem em política externa, mas acho que este do governo Biden me parece sem precedentes.

Digo governo Biden porque ele mesmo me parece apenas um boneco de posto, um incapaz que foi colocado ali para se livrar do Trump. Quem manda mesmo é a elite ligada ao partido democrata.

Ah, o Trump que planejou a retirada!

Foi? Então porque Biden não mudou o plano? Afinal, acabar com tudo que o Trump fez parece ser a especialidade da turma que tomou de assalto a presidência, não é?

Fico imaginando o contrário. Se isso tivesse acontecido com o laranjão na presidência. Imagino a gritaria!

Aliás, digo até que tem. Não é segredo que parte da militância democrata (não confundir com a elite) quer mesmo é a tal Kamala no controle.

Podem apertar os cintos que vai haver muita turbulência.

E os EUA vão voltar ao Afeganistão mais dia menos dia. Para limpar a caca que os democratas fizeram.

Modernidade

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A modernidade é a retomada da luta de Antígona contra Creonte. Assim como em Tebas, ela não te forças para vencê-lo no campo físico, apenas no moral.

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A modernidade também é a tentativa incansável de anular a lei natural pela lei humana, um empreendimento impossível, mas que deixa muito sofrimento pelo caminho. E corpos.

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Modernidade é desencanto, como dizia Corção. Separa-se a fé da razão, teologia de filosofia. O que resta é o homem fragmentado, destinado a sofrer por seus próprios excessos.

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Os artigos da Suma onde São Tomás descreve o problema do temor caem como uma luva para explicar os dias atuais. Somo a civilização marcada pelo medo.

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O excesso de temor distorce a razão e nos leva rapidamente para os caminhos da estupidez. Foi o que aconteceu na pandemia.

Entendendo o hoje na literatura: Antígona

Creonte, o rei de Tebas, impede que se enterre Polinice, deixando seu corpo apodrecer a céu aberto. Antígona recusa-se a cumprir a determinação e vai enterrar o irmão com as próprias mãos. Ela entende que as leis dos homens não podem se sobrepor às leis divinas (ou naturais) e paga com a própria vida por sua desobediência. Creonte não pode admitir que sua lei seja questionada.

Eu vejo na maioria dos governantes na pandemia, especialmente no ocidente, novos Creontes.

Temos muito a aprender com a tragédia grega.

A condição humana é a mesma dos tempos de Sófocles.

Discos de 1971: Precious Time (Pat Benatar)

Comecei um projeto pessoal de escutar discos que fazem aniversário este ano (50, 40 ou 30 anos). Um dos primeiros que escutei, e que não conhecia, é este belo disco da Pat Benatar.

Conheci esta cantora por uma curiosa lista do Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden, sobre os 10 discos que mais o influenciaram. No caso ele citou um da Benatar, de quem nunca tinha ouvido falar.

Precisous Time é o segundo disco que escuto dela. As letras tratam de relacionamentos partidos, com a falta de comunicação verdadeira como tema central. Uma reflexão também de como nosso tempo é curto para desperdiçarmos com o pueril.

Um rock vigoroso, com transições excelentes e um belo trabalho de guitarra. Vale a audição.

Democracia moderna: o que Shakespeare tem a dizer?

Estou relendo O Mercador de Veneza, uma das minhas peças favoritas de Shakespeare.

Uma das tramas da peça é o teste para se ganhar a mão de Pórcia, personificação da beleza e, segundo Corção, uma das personificações de Nossa Senhora na literatura.

A escolha entre as três caixas de jóias representa bem o dilema da democracia moderna. Somos seduzidos pelo ornamento e esquecemos do que pode existir no interior de cada caixa.

Ainda retomo este tema com mais tempo e cuidado.

Estação da Leopoldina: marca do descaso

Passei agora a pouco pela Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro. Que tristeza ver o prédio abandonado, uma ruína de uma época que já se foi e que me deixa uma nostalgia do que não vivi. Como podemos gastar milhões em obras modernas, de gosto bem duvidoso, e largar ao tempo nossa história deste jeito? Ainda mais quando há sempre uma boa possibilidade de exploração turística nestes locais?

Nãos mãos de uma França, uma local como a Estação Leopoldina renderia um bom turismo. No Brasil, é um esqueleto apodrecendo a céu aberto. Um povo que não cuida da própria história não tem futuro. No plano psicossocial ainda passa uma imagem de descaso, de falta de cuidado com o que devemos amar, o que acaba se reproduzindo em nossa atitudes diante dos bens públicos. Não é por acaso que nossas cidades são tão imundas e descuidadas.

Se não cuidamos de prédios como este, vamos cuidar do que?

Liberalismo e socialismo

O liberalismo corre atrás do comunismo como a matéria corre atrás da forma, ou como, segundo Aristóteles, corre a fêmea atrás do macho. O mole ceticismo liberal tem a nostalgia das definições, tem a nostalgia dos dogmas, sem as quais a alma humana não respira.

Gustavo Corção

Isso em artigo para o Globo em 1976. Corção já alertava para a falsa dicotomia entre capitalismo e comunismo e mostrava que o liberalismo preparava o terreno para o socialismo a partir da perversão do bem e da verdade.

COVID: reflexões atuais

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Alguém perguntou no twitter, de forma séria, como alguém poderia ir a restaurantes, tirar a máscara, ficar no meio das pessoas. Parece-me que esta pessoa, assim como outros que conheço, não saem de casa desde fevereiro do ano passado, exceto para necessidades básicas. Retorno a ela a pergunta: como consegue ficar em casa por um ano e meio?

2

Variante delta ou outra qualquer. Será que nunca nos livraremos deste virus maldito? A nova história da humanidade será um looping infinito de lockdowns e pânico incentivado por autoridades e mídia?

3

Gado é como estamos sendo tratados pelas autoridades políticas e sanitárias na pandemia. Ninguém nos pergunta nada. E é para perguntar? O povo não sabe nada e tem que ser conduzido nestas questões, dizem os iluminados. Ou seja, gado.

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Relato 1: Uma pessoa com quase 50 anos recusou-se a tomar vacina porque a considera não segura. Pegou covid, Morreu. Relato 2: Jovem de 20 anos, soldado, tomou vacina e morreu no mesmo dia por uma trombose. Como conciliar os dois relatos? Acho que a vacina faz todo sentido para os que não tiveram covid, mas considerando a taxa de reinfecção de quem já teve, tenho sérias dúvidas para os demais.

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A democracia é governada por ditadores em potencial. Falta apenas a oportunidade e ela apareceu.

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O não-vacinado é o novo pária da sociedade. A ele, nenhum direito.

As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino

Terminei o maravilhoso livro do Calvino. Confesso que demorei para entender a estrutura da obra, o que significa que já terminei sabendo que terei que reler, até porque as capítulos que descreve as cidades invisíveis são altamente simbólicos, com uma linguagem compacta própria dos mitos.

Uma questão que me coloco: cada cidade do livro é uma possibilidade de diversos livros que desenvolvam os “mitos” que elas colocam. Só que são mitos universais, que existem desde o início dos tempos. Será que a literatura universal não seria um desenvolvimento antecipado das cidades de Calvino?

Para refletir.