Nesta semana terminei o Tratado dos Atos Humanos, questões 6 a 20 da Suma Teológica.
Estaria mentindo se dissesse que entendi tudo, mas o que entendi já é suficiente para contemplar a beleza do pensamento de São Tomás de Aquino. Falta-me, para completar o entendimento, o entendimento da filosofia aristotélica, pois muito do que se trata nestas questões partem dos conceitos desenvolvidos por Aristóteles como apetites, apreensão, intenção, conselho, eleição, razão, vontade e tantos outros.
É um dos exemplos de como o santo partiu de Aristóteles para explicar a fé, ou seja, a filosofia como instrumento para compreender a teologia. Coisa fina.
Os nossos atos são determinados, em grande parte, pela vontade, que deve ser iluminada pela razão. Em grande parte porque há atos externos que praticamos contra nossa vontade, pela violência. Só que há também os atos internos, que sempre são subordinados à nossa vontade. É o fundo insubornável de nosso ser, como dizia Ortega Y Gasset.
O que pode acontecer também é desviar a vontade da iluminação da razão, como acontece com o medo. Praticamos atos maus por efeito do medo, atos predominantemente voluntários. Não é o que estamos vendo nos dias de hoje? Obrigar o homem a praticar atos contra sua vontade custa muito esforço; já descobriram que pelo medo fazemos o que eles querem por decisão nossa.
Na falsa discussão sobre meios e fins, São Tomás é categórico: para que um ato seja moral é preciso que seja bom tanto no meio quanto nos fins. Portanto, mentir para a população sobre, por exemplo, os riscos das vacinas, justificando que é para o próprio bem delas, é um ato ignóbil. Por isso repugna a muitos o comportamento de provocar medo para que as pessoas ajam de forma correta, pelo menos no entendimento dos falsos sábios da modernidade.
O tratado dos atos humanos nos dá uma luz aos problemas que vemos nos dias de hoje. Feliz o momento que decidi ler um pouquinho de São Tomás todos os dias!