A falta das crônicas

Faz tempo que não leio crônicas. É interessante porque foi um dos estilos literários que mais se desenvolveram no Brasil. Para mim, a crônica é uma primeira aproximação da realidade, uma colocação dos problemas do cotidiano para que possamos refletir sobre eles. A linguagem é um dos instrumentos que dispomos de apreender o real à medida que na tentativa de articular em palavras nossa percepção organizamos, de certa forma, nosso próprio pensamento.

A destruição cultural de nosso país a partir da submissão às ideologias nos cortaram do fundamento profundo de nossa própria consciência. Cada vez mais as crônicas se tornaram instrumentos de lacração e mesmo bons escritores foram decaindo à medida que a ideologia tomava conta da cultura (Luiz Fernando Veríssimo é um grande exemplo).

Com o tempo os medíocres tomaram conta e acabaram praticamente matando todo um gênero literário que antes era exercido por homens e mulheres de verdadeiro gênio como Rubens Alves, Machado, Nelson Rodrigues, Drummond, Raquel de Queirós, Clarice e tantos outros.

Comprei ontem, pela Amazon, alguns livros de crônicas destes grandes autores para ler nos momentos vagos. Muitas vezes não precisamos de mais de 10 minutos. Sabe aquele tempo que você está esperando alguem se arrumar para sair e acaba navegando por redes sociais? Pois é, meu projeto agora é abrir um livro e ler uma crônica.

Depois conto para vocês como está sendo.

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