O Capítulo 3 de Fundamentos de Antropologia (livro que estou relendo todos os sábados) trata do centro da dignidade humana, o fato de se tratar de uma pessoa. É sua caracterização como uma pessoa que lhe confere dignidade, base de sua inviolabilidade. Quando se viola a pessoa humana há uma manifestação de grave desordem.
Para Stork e Echevarría, a pessoa tem 5 marcas características.
- Intimidade: temos um interior acessível apenas a nós mesmos
- comunicação da intimidade: somos capazes de comunicar nossa intimidade
- liberdade: somos livres para manifestar nossa intimidade
- capacidade de ar: em sua expressão mais radical, o amor
- diálogo com outras intimidades: somos um ser que necessita de diálogo
O capítulo trata também da natureza humana, um fundo em comum que todas as pessoas possuem. Para os autores, a orientação para fins determinados, em sua última expressão a verdade e o bem. O homem é livre para escolher os meios e os fins intermediários, mas possui um destino para a perfeição. Um homem desordenado luta contra esta natureza.
Interessante também a visão sobre as questões do aborto e da eutanásia. Um feto não possui capacidade de agir, seria uma pessoa? O mesmo para uma pessoa incapacitada, teria deixado de ser uma pessoa? O equívoco está em acreditar que apenas quando agimos somos uma pessoa quando na verdade a capacidade de agir, seja ela no passado ou no futuro, já nos faz pessoas. Assim, o feto tem capacidade para se desenvolver e agir; o incapacitado já a teve. Em ambos os casos é uma pessoa e possui uma dignidade que não pode ser violada.
O homem é um ser perfectível e constrói sua história no desenvolvimento de sua própria história, movido por sua própria natureza. A forma como age ao longo de sua vida caracteriza sua ética pessoal, que é justamente a capacidade de agir de acordo com a sua natureza humana, ou seja, de perseguir a verdade e o bem.