Soube esta semana que o Amarelinho, um restaurante-bar tradicional do Centro do Rio fechou as portas. Mais de 100 anos de idade.
Isso porque no Rio o lockdown não foi nem perto da radicalidade dos outros estados, especialmente na prefeitura passada.
No entanto, o própria dinâmica da pandemia, em que muitas pessoas estão trabalhando em casa e evitando sair está arrebentando com o setor de serviços, particularmente bares e restaurantes.
E assim se perde um negócio centenário.
E não acredito nem um pouco que seja pelas vidas como dizem. Sobra hipocrisia, um terreno fértil para políticos sem nenhum escrúpulo.
O absurdo é uma manifestação legítima do que está além de nossa compreensão:
O erro dos existencialistas, particularmente gente como Camus, não foi em enxergar o absurdo, mas não enxergar senão o absurdo. Para ele, a existência inteira era sem sentido, uma das conclusões do pressuposto da morte de Deus. Lendo Chesterton, entendo que o absurdo não é uma resposta e nem um princípio. É a constatação que existem coisas no mundo que não fazem sentido para nós, ou seja, que seu sentido está além de nossas capacidades de compreensão. A razão pode muito, mas não pode tudo.
Cheguei de viagem no sábado e fui direto para um dos meus locais favoritos em Brasília, a Infinu. Por um acaso, estava rolando uma feira de discos de vinil. Juntei o útil ao agradável e sai com este disco de 87, do Cure. Tenho escutado desde então e já vi que será a trilha sonora da semana.
Estou em viagem de trabalho, como tem sido frequente em meu job. Hospedado em Petrópolis, em um quarto que tem banheira de hidromassagem. Não sou muito de ligar para estas coisas, mas já que tem…
Aproveitar uma viagem de trabalho para curtir um hora numa hidro é um destes pequenos prazeres. Mas tem ainda menores, como fazer um barquinho de papel e brincar com ele.
Chesterton estava certo. Passamos parte de nossa vida adulta tentando recuperar os prazeres de nossa infância, a época em que éramos mais s sãos. E por que éramos mais sãos? Porque respeitávamos a realidade.
Sabíamos nos espantar com a beleza, desconfiávamos do mal mesmo sem saber direito do que se tratava, tínhamos uma curiosidade sadia pelo mundo.
A cultura moderna, e sua educação, nos ensinam a duvidar de tudo isso. Querem colocar idéias em nossas cabeças ao invés de colocar nossa cabeça no mundo. Um desastre. Passamos a vida adulta tentando recuperar nossa sanidade, voltarmos a sermos como crianças.
Pensando bem, talvez seja este o grande sentido de uma das máximas de Jesus, de sermos como crianças para chegar no reino dos céus. Talvez o que ele tenha nos dito, para quem tiver ouvidos para escutar, foi que temos que recuperar nossa sanidade, aquela que temos na mais remota infância.
Como fazer um barquinho de papel para brincar na banheira mesmo com 47 anos de idade.
Volta e meia aparece esta frase dita por alguém, sempre para nos depreciar como sociedade. Sim, temos inúmeros problemas, e nossas falhas morais, evidentemente. Só que ninguém é perfeito nesta vida, muito menos as nações. Eu vi nesta pandemia muitos países considerados sérios cometendo verdadeiras barbaridades, como fizeram ao longo da história, diga-se.
Quando vamos ao nível individual, tem barbaridade em tudo que é país. Pode colocar Suiça, Holanda, Inglaterra, Autrália, o que quiser. Todos possuem corrupção, todos tem desumanidade. Só ver o que as empresas destes países fazem quando instalam uma fábrica em um país onde a legislação trabalhista e ambiental é frouxa. É exploração na veia. Olhem como muitos estrangeiros se comportam quando visitam os países “tropicais”! Se entregam a tudo que é vício sem o menor pudor.
Se o Brasil fosse um país sério. Pois este tal de país sério só existe na abstração. Todos possuem seus graus de loucura e tem muito país considerado top com loucuras maiores que as nossas. No entanto, temos nossas qualidades também, muitas até admiráveis. Vamos tratar de corrigir nossos erros, mas não acho que devemos entrar nesta auto-depreciação (que é sempre dos outros, né?) que só nos afunda ainda mais na lama. Geralmente quem usa esta frase considera o brasileiro os outros, nunca ele mesmo.
Ontem no vôo para Belo Horizonte, deparei-me com este artigo que apresenta uma tese interessante sobre a simbologia na série Indiana Jones.
Em resumo, o primeiro filme na ordem cronológica dos acontecimentos (e segundo a ser feito) é Indiana Jones e o Templo da Perdição. Trata-se do ambiente pagão, em que o próprio Indiana Jones está em busca de “fama e glória” como ele afirma no início do filme. Bem mais cínico, ele está no início de uma jornada de crescimento espiritual.
O segundo filme na ordem cronológica é Os Caçadores da Arca Perdida. Jones sai do ambiente do paganismo e entra no judaísmo, na busca pela arca da aliança. Sua luta agora é contra o mal (o nazismo) e quando retorna para salvar Marion, mostra uma atitude diferente do Templo da Perdição. Ele é o próprio símbolo de Israel, que desce até o Egito, e luta pela libertação no meio de um Império, deparando-se com a manifestação da força de Deus.
Por fim, chegamos na Última Cruzada, em que Indiana Jones entra no universo do cristianismo. Sua busca agora é pelo Santo Graal e seu motivo é muito mais nobre, a reconciliação com o pai que nunca compreendeu (uma simbologia bem explícita para se ignorar). Para isso, ele terá que passar por um processo de purificação, enfrentando as três provas da penitência, palavra de Deus e um salto de fé. Só assim ele poderá escolher a taça correta, aquela que conduz à vida eterna.
O Brasil tem dois grandes problemas que está na base da loucura coletiva que isso aqui se tornou. Se eles fossem resolvidos, não tenho dúvidas que o país seria diferente. Seria um paraíso? Não. Mas teríamos um começo, pois são dois problemas cruciais, que travam tudo, desde reformas até o comportamento das pessoas.
Uma história construída à perfeição, que o drama só se revela na parte final, com cenas belíssimas, inclusive um ballet de 17 minutos no meio do filme!
Que bela atriz a Moira Sherear. Pena que fez poucos filmes (era bailarina de verdade).
Escrevendo um texto sobre o filme, que este merece. Aliás, este ano estou vendo filmes sensacionais.
Já que Hollywood desaprendeu o que é cinema, estou me refugiando no passado, onde não existia a subordinação da arte à ideologia, ainda mais uma ideologia de quinta categoria como o progressismo.
E dizem que a Idade Média era a idade das trevas! Que a ciência moderna salvou o mundo da obscuridade! O capítulo 13, do livro III, de Didascalicon do Hugo de São Vítor é para emoldurar em qualquer faculdade que se prezes. Eis um trecho:
Muitas pessoas se decepcionam, pois desejam parecer sábias antes do tempo. E assim explodem pelo inchaço da arrogância. Começam a simular algo que de fato não são, envergonhar-se do que são e, quanto mais longe ficam da sabedoria, menos se preocupam em ser sábios, preferindo [antes] parecer sábios! Conheci muitas pessoas deste tipo, isto é, que mesmo não dominando os conhecimentos elementares de uma ciência vangloriam-se, apenas por se interessarem pelos conhecimentos sumos. Ora, pensam ter se tornado grandes homens simplesmente pela leitura ou pela oitiva de palavras ou de escritos dos mais importantes filósofos. E, então, elas nos dizem: “Nós os vimos. Conhecemos a lição destes homens. Eles frequentemente nos proferiam aulas. Os sumos, os famosos: sim, nós os conhecemos!” Todavia, coisa diversa prezo para mim, porque prefiro conhecer todas as coisas e, ao mesmo tempo, não ser por ninguém conhecido, do que o inverso, a saber, conhecer nada de nada, mas ser conhecido por todos!
Existem três tipos de ações humanas, ensinava São Tomás na Suma Teológica: naturais, voluntárias e violentas. Na Questão 6 do Volume II (Parte 1), ele explica porque as violência não consegue violentar a vontade interna do homem, algo que deveria ser óbvio. O homem quando age por ação da violência, age contra sua vontade.
O mesmo não acontece com o medo. Quando nos deixamos levar por ele, há uma mistura de impulsos voluntários e involuntários, com predomínio do primeiro. É uma vontade condicionada, pois visamos afastar o mal temido. Diz Tomás:
O praticado por violência é absolutamente contra o movimento da vontade, que nisso não consente; ao passo que o praticado por medo se torna voluntário porque tal movimento o visa não em si mesmo, mas por outra causa, i. é, para afastar o mal temido. (…) Por onde, como é claro, no feito por violência a vontade interior não age; mas age, no feito por medo.
Explica muito o que está acontecendo hoje em quase todo o mundo. As autoridades políticas, quase todos ditadores em potencial, descobriram a eficiência do medo para exercer o poder.