Covid: Eu Acuso

O maior erro desta pandemia, comum aos políticos e jornalistas, é achar que alguma coisa pode de fato ser feito para deter a pandemia. Estou cada vez mais convencido que nada pode ser feito. Foi assim na Europa, Estados Unidos, América Latina e, agora, na Índia.

A única coisa que realmente se pode fazer é tratar da doença desde os primeiros sintomas, com todo o conhecimento que a medicina tem no momento. Não estou falando de nenhum kit específico, mas que cada médico recomende o que julga melhor. A esta altura, depois de milhões de casos em todo mundo, já há conhecimento acumulado para fazer alguma coisa e pelo menos tentar, ao invés de deixarem as pessoas desassistidas para se tentar fazer algo quando já estão na fase aguda.

Eu acuso.

Eu acuso boa parte dos médicos de recusarem tratamento a doentes por razões ideológicas.

Eu acuso cientistas de distorcerem pesquisas por razões financeiras e ideológicas.

Eu acuso grandes farmacêuticas de conflito de interesse em qualquer tipo de tratamento por razões comerciais.

Eu acuso políticos e governantes de terem a pandemia como uma plataforma política.

Eu acuso governantes de não terem coragem de enfrentar o clima de opinião que se criou.

Eu acuso especialistas de… serem especialistas! São incapazes de ver a coisa globalmente e ficam concentrados em um único fator.

Eu acuso a quase todos de vaidade. Não querem admitir que estavam errados e só aprofundam seus erros.

Eu acuso boa parte da população de falta de solidariedade.

Eu acuso boa parte da população de inveja.

E, sobretudo, eu acuso a maior parte da mídia de ser hoje o que há de pior na nossa sociedade, mais até que os políticos. Sem seu trabalho sujo, e desumano, não se poderia criar este clima de pânico e histeria coletiva que nos levou todos a sermos prisioneiros de comissários de saúde e governantes que misturam interesses e medo.

O que o mundo, e o Brasil em particular, precisa de fato é o retorno do mínimo de bom senso para enfrentar este flagelo até que possa ser detido pela imunidade coletiva, seja pela doença (via ruim) ou pela vacina (se funcionar). Todo o resto apenas evidencia a podridão que a modernidade se tornou. Somos vaidosos, ansiosos, histéricos e materialistas. Essa é a verdadeira tragédia do mundo.

Artigo Científico: questões

Sobre a Introdução

Vou aproveitar o blog para organizar alguns pensamentos sobre um tema que assusta muita gente: como escrever um artigo científico. Eu ia colocar o título como dicas, mas seria pretenciosos demais. Não sou expert do assunto e definitivamente não me considero em condições de dar dicas ao pobre leitor destas linhas. No entanto, de vez em quando reflito sobre o tema e procuro ler sobre, o que é suficiente para levantar algumas questões relevantes e criar a tal síntese confusa, origem de todo conhecimento.

Uma primeira questão é sobre a introdução. Em que momento devo escrever a introdução? É a primeira coisa que escrevo ou deixo para o final? Há duas abordagens dominantes.

Uma turma defende arduamente que a introdução é a última coisa a ser escrita no artigo. Só depois de ter o artigo pronto e editado, com a visão definitiva de seu conteúdo, é que devo escrevê-la. Antes disso, é perda de tempo.

Uma outra turma defende que a introdução é a primeira e a última coisa que se deve escrever no artigo. Paradoxal? Explico. Antes de escrever um artigo você tem que ter pelo menos uma noção do que vai escrever, como vai escrever, seu propósito, sua pergunta de pesquisa, uma idéia geral. Ah, mas durante o trabalho tudo pode mudar. Pela minha experiência, garanto que vai mudar. Mas o importante, nesta visão, é que a introdução neste ponto é um rascunho imperfeito que sofrerá uma alteração final quando o artigo ficar pronto. Na verdade, pode ser revista constantemente durante todo o processo. Perda de tempo? Pode ser. Mas é uma maneira de manter uma visão principalmente do propósito sempre à sua frente. Na fase de edição, será a última parte a ser arrumada. Quando realmente estiver tudo pronto.

Um fato é que muita gente fica empacado na hora de escrever o artigo justamente na introdução. No primeiro método, você não precisa nem se preocupar com isso e parte logo para o corpo do artigo. No segundo, você escreve de qualquer jeito mesmo, entendendo que ela vai mudar muito durante o trabalho.

Pessoalmente acho que é uma questão de escolha, de temperamento. O que acho complicado mesmo é querer partir de uma introdução perfeita. Se optar pela segunda metodologia, o objetivo é escrevê-la toda e não escrevê-la corretamente. Deixe isso para depois.

Meu adeus ao Oscar

Sempre gostei de acompanhar a entrega dos Oscar. Nunca me iludi, sei que não premia realmente os melhores, etc. Mas nos últimos anos a agenda progressista passou a ser onipresente, dominando todos os espaços possíveis.

O resultado é a impressionante redução de 58% da audiência de um ano para o outro.

Acho que a situação é irremediável. Já foram longe demais e já criaram um ambiente cultural que não permite mais volta. Hollywood (diretores, atores, produtores, roteiritas, etc) resolveram soltar seu ressentimento contra a maior parte de seu público. O resultado está aí.

O que dá tempo para repensar são as ligas esportivas americanas. Estão indo pelo mesmo caminho da hollywood. Na cabeça destes loucos, isso não vai afetar a audiência, que é perfeitamente possível zombar com as crenças mais profundas das pessoas e ficar por isso mesmo.

O Oscar para mim, acabou. Não acredito que consigam consertar o estrago. Foram longe demais, passaram do “point of no return”.

O vicário aborígene

No Evangelho de hoje, Pedro afirma que somente em Jesus seremos salvos. É uma afirmação poderosa, e um tanto desconfortável. Significa que judeus, budistas, ateus, muçulmanos e outros não podem ser salvos? Como pode a mensagem cristã ser tão restrita, deixando de fora a maior parte da população mundial?

O segredo, nos conta o bispo americano Robert Barron, está numa afirmação curiosa de John Henry Newman, que viveu na Inglaterra do final do século XIX. Dizia ele:

A consciência é o vicário aborígene representante de Cristo na alma.

O segredo está na nossa consciência. Quando ela fala conosco, é Cristo que nos fala, seja qual for nossas crenças pessoais. E por ela nós poderemos ser salvos. Ela é o vicário do próprio Cristo e está conosco antes de qualquer religião, mesmo a católica.

Para começar a semana

Frank Sinatra é muito conhecido no Brasil mas pouco escutado. Cai naquela famosa categoria “música de velho”, uma besteira, obviamente.

Uma dica para escutar durante a semana é esta coletânea com a orquestra do genial, para dizer o mínimo, Count Basie.

Em uma palavra: refinamento.

Os 8 falsos deuses

No início do Volume II da Suma Teológica, São Tomás de Aquino discute o que seria a felicidade, ou seja, o sumo bem do homem. Ele apresenta, na ordem, do mais tolo para o mais razoável, do mais externo para o mais interno, 8 candidatos a serem o sumo bem, ou seja, 8 tipos de falsos deuses já que no fim, conclui que o sumo bem só pode ser Deus.

São eles:

  1. Riquezas (o mais popular dos candidatos e mais externo também).
  2. Honra
  3. Fama ou glória
  4. Poder
  5. bens do corpo (saúde)
  6. Prazer
  7. Bens da alma
  8. Algum bem criado

Fica fácil ver que os 4 primeiros são externos ao homem e são justamente os que são mais cultuados em uma sociedade materialista, juntos com o 5 e 6 que referem-se ao corpo.

O erro do 7 e 8 já é mais por não entender a ordem certa das coisas. Por exemplo: ser amado é realmente um bem, mas ser amado por Deus é muito mais. Amar o próprio filho também é um bem, mas amar a Deus é maior. A alma não pode ser a razão última do homem pois ela existe para repousar no Senhor (Agostinho).

Fica, portando, um convite a todos nós. Até que ponto estamos adorando um ou mais destes falsos deuses?

Bom domingo a todos!

Os bens do corpo (saúde) não são o sumo bem do homem

Na questão 2 do Volume II da Suma Teológica, São Tomás discute o sumo bem, meditando sobre a felicidade do homem. O que nos faz realmente felizes? Qual é o bem final que todo homem almeja. Cabe uma observação: ele, como os antigos, não mistura alegria com felicidade. Felicidade é o bem último do homem, aquele definitivo, que o homem não deseja por outra coisa, mas pelo bem em si.

Pois nesta questão (na suma uma questão é mais ou menos um artigo ou ensaio no sentido moderno) ele explora possíveis candidatos para serem o sumo bem, ou seja, a felicidade do homem. O quinto que ele cita tem muito a ver com os dias de hoje, os bens do corpo, ou seja, a saúde.

Saúde é felicidade? O que importa é ter saúde e nada mais?

Parece que sim. A existência é o maior bem do homem e só a saúde garante que continuemos a existir. Continuar a existir é que todo homem mais deseja.

São Tomás discorda e nos lembra que não somos simples animais, somos algo além. Somos guiados por nossa razão e vontade, não somos máquinas. Acima de tudo, nosso corpo existe para a alma e não o contrário (como imaginava Hobbes, entre outros). Significa, e isto é muito importante, que a alma pode existir sem o corpo e não o contrário.

Somente uma mentalidade tomada pelo materialismo, que considera o homem como um animal como todos os outros, pode conceber que a saúde seja o fim último do homem, a razão de sua felicidade. E pelo que temos visto, esta concepção está entranhada nas pessoas a ponto de olharmos para tudo que está acontecendo e entrarmos em histeria pois temos nosso suposto maior bem ameaçado.