Luiz Sergio Coelho de Sampaio: um desafio

Meu primeiro contato com a teoria hiperdialética de Coelho de Sampaio foi em 2016, através dos vídeos no youtube onde ele trata de filosofia da cultura. Na época lembro que comentei ter entendido cerca de 30%.

Comprei alguns livros dele, estudei um pouco, mas estou longe de poder dizer que entendi os principais pontos de sua teoria. Só sei que me parece tremendamente importante, ao mesmo tempo que me falta uma chave para compreensão.

Ontem li um ensaio que ele faz uma crítica à lógica clássica, que teria ocupado um lugar que não deveria: de ser o padrão dos estudos acadêmicos do tema. Para Sampaio, a lógica clássica se baseia em uma série de negações que se revestem de uma aparência de princípios positivos: as três leis básicas (identidade, não-contradição e terceiro excluído).

Percebi que para entender realmente o que ele está dizendo preciso entender primeiro a lógica de Lacan, a chamada lógica significante.

Interessante que neste ensaio (Lacan e as Lógicas) ele despertou minha atenção ao citar brevemente a questão do paradoxo como exemplo de uma verdade que foge do alcance da lógica clássica. O paradoxo é justamente a convivência de uma proposição e sua contradição sem que uma delas seja falsa.

Falou paradoxo penso logo Chesterton e um de seus grandes exemplos, aquele da música do Legião Urbana, entender como um deus ao mesmo tempo é três.

Confuso?

Bem, muitas vezes estes textos servem para me ajudar a pensar. E quanto estou na confusão, sai meio confuso mesmo…

Jesus de Nazaré: a oração do Pai-Nosso

No capítulo 5 de seu livro sobre Jesus, o Papa Bento XVI nos apresenta uma senhora aula sobre o significado de cada frase da oração do Pai-nosso. Ela tem por base a oração de Jesus como filho, e por isso mesmo é intensamente cristológica. Além disso, é uma oração essencialmente coletiva, rezada na primeira pessoa do plural.

De maneira geral ela consiste em uma alocução (Pai nosso que estás no céu) e um conjunto de 7 pedidos, sendo os três primeiros na segunda pessoa e os 4 últimos na primeira pessoa do plural. De certa forma, traduzem os dois principais mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Resumindo bem:

  1. Santificado seja o Vosso Nome: distingue o Deus de Israel do panteísmo. Ele não tem um nome como os outros deuses, sua formulação (Eu sou aquele que Sou) é única.
  2. Venha a nós o Vosso reino: primazia de Deus, afirmação de sua soberania.
  3. Seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu: a unidade entre o Céu e a Terra, entre a nossa vontade e a vontade do Pai. Cristo veio ao mundo para realizar a vontade de Seu pai; é a própria essência de sua missão.
  4. O pão nosso de cada dia: o pedido mais material, mas um pedido de partilha. “Nos dai hoje”, o pedido é para todos e implica em compartilhamento. Também liga-se ao pão eucarístico, ao corpo de Cristo.
  5. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Trata-se da superação da culpa através do perdão. Fundamento para o amor entre os homens.
  6. Não nos deixei cair em tentação. Estamos sempre sujeitos ao pecado, mas pedimos que só sejamos tentados na medida de nossas forças, no que podemos aguentar.
  7. Mas livrai-nos do mal. Aqui se retorna aos 3 primeiros pedidos. Livrar-nos do mal é nos dar o reino de Deus, a unidade com a Sua vontade e a santificação de seu nome. É a mensagem de esperança central do cristianismo.

A oração do Pai Nossa expressa toda confiança que devemos ter na mensagem da salvação e por isso ela é tão central para o cristianismo. Além de ser a oração que foi-nos ensinada pelo próprio Cristo.

Russell Kirk: essencial

Terminei o último ensaio do livro de ensaios selecionados que formam o tijolão Essential Russell Kirk, editado por um George Panichas. Uau. Quase 600 páginas, que degustei ao longo de mais de 8 anos. Um pouco de cada vez, mas que ganhou ritmo mesmo nos últimos meses.

O último ensaio trata-se de uma análise de Kirk sobre Max Picard, que nunca tinha ouvido falar (mas que me deu uma baita vontade de ler, sobretudo Flight from God).

Problema: só tem importado na amazon, por 150 bolsonaros. Sem kindle. Anotardo para resolver depois.

Ainda escrevo sobre Kirk, mas deixo 3 frases que anotei deste ensaio, que tem tudo a ver com nosso mundo, e que era dele também.

Logical positivism, dominant in American and British universities, is suicidally bent upon establishing the impossibility of knowing anything.


The world belongs to the vulgar __ including the vulgar intellectuals.


When heart and tongue fall shricking into desorder, humor perishes.

Há muito tempo deixei de ter intelectual como elogio. Há bons e maus intelectuais, inclusive muitos burros no meio. Kirk é da parte boa, e dos melhores.

Um autor que vai me acompanhar por toda a vida.

Jean Guitton: germes e resíduos

No capítulo VII de O Trabalho Intelectual, Guitton aprofunda as idéias desenvolvidas nos capítulos anteriores, de certa forma preenchendo os vazios. Trata principalmente de como prestar atenção aos detalhes, tanto de leituras quanto de conversas, prestando atenção para os pequenos tesouros que nem sempre estão evidentes. O hábito de escrever um diário de idéias é um dos instrumentos para o intelectual, assim como as fichas de anotações e os quadros sinópticos.

Há uma ligação muito forte entre a escrita e o pensamento. Embora alguns gênios como Sócrates e Jesus não escrevessem, para a maioria de nós a escrita nos ajuda a pensar, modelando nosso pensamento, e nos ajuda também a fixar atenção. O pensamento tem o hábito de correr demais e é fácil nos perdermos dele.

Ao utilizar fichas de anotações, temos que ter cuidado para não multiplicar demais as fichas, conectá-las com o que já aprendemos e nos limitar a apenas uma idéia por ficha. Parece muito com o método que o sociólogo Niklas Luhmann desenvolveu e que lhe rendeu tantos frutos.

Germes e resíduos referem-se muito a estas idéias, muitas vezes soltas, que não sabemos ainda se são germes de grandes pensamentos ou resíduos que não temos muito o que fazer. O que Guitton aconselha é a os guardarmos, para tratar deles no tempo certo, quando já pudermos desenvolver melhor estes fragmentos.

Jesus de Nazaré: O Sermão da Montanha

No capítulo IV de seu primeiro livro sobre Jesus, o Papa Bento XVI ressalta que no sermão da montanha Jesus se coloca na tradição judaica, como novo Moisés e a própria Torá, a palavra de Deus. Ele sobe ao Sinai e senta-se, sinais da autoridade de um mestre que veio para ensinar. Não se trata de derrubar os dez mandamentos, mas dar-lhe o verdadeiro alcance.

O sermão gera um enorme incômodo com a tradição judáica porque estabelece uma nova família, baseada na comunhão do Senhor. O velho Israel deixa de ser um limite para a promessa de salvação, que torna-se universal, destinada a todos os povos.

As bem aventuranças não são uma nova versão dos dez mandamentos, mas seu verdadeiro entendimento. Jesus está descrevendo a situação de seus discípulos, daquela época e de hoje, em que o sofrimento acompanha suas virtudes. O mundo rejeitará os mansos, os pobres, o que que tem sede de justiça, mas no fim serão recompensados, por uma justiça que supera qualquer direito humano.

A maior realização de Jesus com o sermão da montanha é tornar sua palavra universal. Não se trata de uma pregação restrita a um povo escolhido, mas de uma palavra destinada aos homens de todas as épocas e lugares. Convertei-vos, é o que pede. De deus discípulos se estabelecerá sua Igreja, que atravessará todos os tempos.

Democracia = divisão

Uma vez escutei de um indígena paraense que seu povo não acreditava em democracia. Para eles, democracia era uma forma de resolver disputas em que o lado mais numeroso vencia e o lado derrotado acumulava ressentimento. Eventualmente isso levaria a uma divisão na tribo. As disputas eram resolvidas pelo consenso, em longas discussões até que se chegasse em uma solução que satisfizesse a todos.

Platão e Aristóteles eram profundamente desconfiados da democracia. Se o povo se transformasse em massa, sua vontade estaria tomada pela hybris e nada impediria a imposição de uma anarquia. Acreditavam que uma monarquia do tipo constitucional era o melhor regime possível, embora imperfeito. Apenas um sociedade perfeita poderia gerar uma polis perfeita e como estamos longe de sermos perfeitos, esta polis jamais existiria. Mesmo que se implantasse por um milagre, não se manteria.

Comecei a ler o livro de Hans-Herman Hoppe Democracia o deus que falhou. Na introdução assume explicitamente que a democracia é um regime político falhado. Sua promessa de liberdade se transformou em violência, guerras, ganância, degeneração moral, dissolução da família, aborto, crimes e por aí vai. A história do século XX é a história de seu fracasso, desde que Woodrow Wilson impôs a democracia ao mundo na Grande Guerra, acabando com o antigo regime das monarquias absolutas. Sem elas, o mundo ficou indefesa contra males muito maiores como o comunismo e o nazismo.

E continua indefeso, penso eu, para as novas formas disfarçadas do coletivismo desumano da modernidade.

Vai ser uma leitura interessante.

Notas rápidas sobre a pandemia

Eu prometi não dar opiniões públicas durante a quaresma. Então vou relatar apenas alguns FATOS. As explicações cabem a cada um.

  1. Não existe nenhuma comprovação científica de que lockdown ou medidas de afastamento sociais de fato funcionem para conter ou retardar a epidemia do covid.
  2. Existe estudo tipo A que comprova eficácia tanto da hidroxicloroquina quanto da invermectina em tratamento inicial para o coronavirus. Estes estudos apontam que estes medicamentos diminuem o risco de agravamento da doença. Não é bala de prata, mas uma chance para quem pega a doença.
  3. Existe estudo que aponta para ineficácia destes mesmos medicamentos, mas os que vi aplicam as drogas em fases distintas da doença ou na fase grave, hipótese que já foi descartada pelos defensores do medicamento.
  4. O virus parece ter uma predileção por democracias ocidentais.
  5. Onde houve politização, os casos explodiram.
  6. Nem todo mundo leva prejuízo com o covid.
  7. Existem interesses farmacêuticos pesados que deveriam ser levados em consideração.
  8. Existem empresas que estão lucrando com as medidas mais restritivas.
  9. Lockdown afeta mais os pequenos negócios que as grandes empresas.
  10. Tem político tratando a epidemia como oportunidade.
  11. Parte do jornalismo está se comportando de maneira CRIMINOSA durante a epidemia.
  12. Os direitos constitucionais no Brasil estão sendo solenemente ignorados por um judiciário covarde, que está no conforto de suas casas com salário garantido.
  13. O povo é massa de manobra política, para variar.
  14. Drogas baratas contrariam interesses.
  15. Se a pandemia acabasse sem necessidade de vacina, um lucro absurdo deixaria de acontecer.
  16. Existem países que tem tecnologia para produzir vacinas e países que precisam comprar. Não vi nenhum jornal falando disso.
  17. Países que produzem vacina darão prioridade para… vacinar seu próprio povo. Quanto mais rápido eles fizerem a vacinação, mais rápido exportarão o excedente.
  18. Desde que o governador/prefeito decrete lockdown, automaticamente são poupados de qualquer questionamento sobre sua gestão da crise.
  19. No Brasil, sempre tem que ter um único culpado para tudo de ruim que acontece.
  20. Nenhuma opinião foi emitida nesta lista.

Jesus de Nazaré: O Reino de Deus

O Evangelho surge como uma boa nova, mas o que isso significa realmente? Originalmente as manifestações do Imperador eram chamadas de evangelhos, pois eram a manifestação do senhor do mundo. Jesus vem como um novo senhor e sua mensagem se reveste de um especial poder. Ele é o verdadeiro imperador, o senhor do mundo. No centro de seu evangelho está o anúncio do reino de Deus, que tem um componente cristológico (Jesus é o reino de Deus), idealista (o reino de Deus está em nós) e eclesiológico ( ligação com a Igreja).

Ao longo da história se promoveu discussões teológicas sobre o significado desta expressão. Seria a Igreja? Para a teologia liberal do início do século XX, não, pois a mensagem seria desta forma individual em contraste com o coletivismo que marcaria o judaísmo. Outros colocam como escatologia, o fim do mundo. Há inclusive uma interpretação secular, que Jesus seria uma divisão na humanidade, pois excluiria os não crentes da salvação. Reino de Deus seria também o fim da história, colocando Jesus como um personagem secundário.

Para Bento XVI o reino de Deus é a própria pessoa de Jesus Cristo, a manifestação de Deus na história. É uma declaração de soberania. O reino de Deus está em nós à medida que o próprio Cristo está em nós. Apenas na figura de Jesus, todas as aparentes contradições se integram de forma coerente. Jesus se apresenta no Evangelho como filho de Deus e tudo remete a Ele. O evangelho é profundamente teocêntrico. D

Portanto, a resposta para a pergunta do que é o reino de Deus é uma pessoa. É Jesus Cristo. Ele é a salvação para todos nós.

Jeff Buckley: genialidade breve

Também do livro do Neil Peart Música para Viagem, o único disco gravado por um genial guitarrista-cantor, Jeff Buckley.

Infelizmente não conseguiria gravar o segundo, pois morreu durante as gravações, afogado em um rio.

Elton John citou este disco, em 2003, como um dos dois discos mais perfeitos da história (o outro era da Nina Simone).

Jimmy Page disse que ficou impactado pelo disco.

Ficou curioso?