Jean Guitton: Fichas, notas e aulas

No capítulo VIII de O Trabalho Intelectual, leitura do meu oitavo sábado, Guitton nos fala um pouco de método, de como guardar as idéias.

Interessante que ele já antecipa bem o método que o Niklas Luhmann desenvolveria depois, o zetterkalsten, reforçando a importância de registrar as idéias em fichas. Com isso teremos as vantagens de ter uma ordem, poder mudar esta ordem e poder mudar a ficha de lugar.

Também faz uma apologia ao ditado, que se bem colocado em uma aula, e sempre registrando textos memoráveis, tem sua função. O aluno precisa variar sua atenção, desde a euforia de um raciocínio à tranquilidade de por alguns minutos apenas registrar as palavras que lhe são ditadas. Mas alerta: não pode durar muito e deve ser interrompida ao primeiro sinal de tédio.

Por fim, faz uma crítica ao hábito de anotar tudo que está sendo dito em uma aula. Considera este método antinatural, pois a velocidade da anotação, a não ser para taquígrafos, jamais acompanha a oralidade. Acaba-se por perder passagens importantes do que se está dizendo. Mais importante é, depois da aula, tentar anotar as partes mais importantes, e mais repetidas.

É bom que um intelectual produza um caderno que seja para ele o que o antigo testamento era para o povo hebreu. Uma coleção de pensamentos, salmos, fatos, que sirvam de meditação constante para a própria vida.

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