Em tempos de covid, é fácil esquecer que a história humana é repleta de tragédias. Desde guerras, algumas durando anos, até desastres, naturais ou não.
Uma destas tragédias foi o terremoto que sacudiu a fronteira entre Irã e Rússia em 1990, vitimando 30 mil iranianos.
Abbas Kiarortami não perde tempo nos contando a história do terremoto, mas sim do quinto dia, de como as pessoas estavam lidando com suas perdas. Uma senhora diz ao diretor (vivido por um ator) que perdeu toda sua família, 12 pessoas. Um menino diz que sobreviveu porque saiu do quarto incomodado com os mosquitos.
O que estas pessoas não podem é se deixarem levar pela dor. São muito humildes, precisam continuar com suas vidas. Resgatar o que sobrou de seus poucos bens, buscar água para beber, reconstruir suas casas. A dor é um privilégio que eles não podem se dar.
A Vida Continua (1992) é o segundo filme da trilogia que Kiarostami realiza em torno da pequena aldeia de Koker.
Um filme bem apropriado para os tempos que vivemos.
