Jean Guitton: germes e resíduos

No capítulo VII de O Trabalho Intelectual, Guitton aprofunda as idéias desenvolvidas nos capítulos anteriores, de certa forma preenchendo os vazios. Trata principalmente de como prestar atenção aos detalhes, tanto de leituras quanto de conversas, prestando atenção para os pequenos tesouros que nem sempre estão evidentes. O hábito de escrever um diário de idéias é um dos instrumentos para o intelectual, assim como as fichas de anotações e os quadros sinópticos.

Há uma ligação muito forte entre a escrita e o pensamento. Embora alguns gênios como Sócrates e Jesus não escrevessem, para a maioria de nós a escrita nos ajuda a pensar, modelando nosso pensamento, e nos ajuda também a fixar atenção. O pensamento tem o hábito de correr demais e é fácil nos perdermos dele.

Ao utilizar fichas de anotações, temos que ter cuidado para não multiplicar demais as fichas, conectá-las com o que já aprendemos e nos limitar a apenas uma idéia por ficha. Parece muito com o método que o sociólogo Niklas Luhmann desenvolveu e que lhe rendeu tantos frutos.

Germes e resíduos referem-se muito a estas idéias, muitas vezes soltas, que não sabemos ainda se são germes de grandes pensamentos ou resíduos que não temos muito o que fazer. O que Guitton aconselha é a os guardarmos, para tratar deles no tempo certo, quando já pudermos desenvolver melhor estes fragmentos.

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