O Trabalho Intelectual: O Monstro

No Capítulo IV, Jean Guitton trata de uma das idéias mais interessantes do livro, o monstro.

Ele defende que o trabalho intelectual não surge da inspiração súbita, que surge quando menos estamos esperando. Isso leva o escritor a se entregar à preguiça, esperando uma inspiração que não vem. Em geral, a inspiração surge dentro de uma cultura, a partir da absorção de uma tradição e trabalho constante de dar forma aos pensamentos e reflexões.

Assim, o escritor deve colocar as idéias no papel de uma vez, sem filtros, sem preocupação com forma. São pensamentos, trechos lidos, reflexões, enfim, qualquer elaboração de uma idéia geral, que se pretende escrever. É este conjunto que se chama de monstro. O mais famoso da história foi Pensamentos, de Pascal. Não se trata de um livro acabado, mas um monstro que veio a luz porque seu autor morreu antes de dar-lhe um acabamento definitivo. E que resultado formidável alcançou Pascal!

Mas não é só isso. È preciso deixar o monstro num canto por um tempo. Deixar maturar as idéias em nossa mente, mesmo que não estejamos pensando nelas. Para Guitton, o inconsciente é um poderoso aliado para desenvolvermos o trabalho intelectual. Deixe o monstro repousar para só então ir para elaboração final, em busca da perfeição.

Por fim, nos ensina que há dois métodos principais para trabalhar o monstro. O primeiro é usá-lo como um esboço, trabalhando os trechos até dar-lhe uma forma final. O segundo é usá-lo como primeiro pensamento, substituindo-o por um texto definitivo, feito depois. Ambos os métodos são eficazes.

Em resumo, produzir o monstro, deixá-lo descansar, resistindo á tentação de trabalhar sem parar nele, e partir para o acabamento em busca da perfeição.

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