As instituições não existem no vácuo

As instituições podem viver somente se sustentadas por convicções fundamentais comuns e se existe uma evidência de valores que fundamentam a sua identidade (…) É deste modo que uma instituição se torna uma carcaça vazia e vai à ruína, mesmo se exteriormente continua poderosa e dá a impressão de estar apoiada em sólidos fundamentos.

Joseph Ratzinger

Li este trecho ontem, quando terminava um dos pequenos grandes livros de Ratzinger, também conhecido como Papa Bento XVI, chamado Como Ser Cristão na era Neo-pagã. O então cardeal, os textos são antes de seu papado, trata de uma questão bem específica, da reforma na instituição Igreja para enfrentar a crise do cristianismo no mundo atual. Um cardeal argumentava com ele que as mudanças deviam começar pelas instituições e não, como defendia Ratzinger, pela mentalidade dos fiés e sacerdotes. A tese do outro cardeal é justamente a de utilizar as instituições para mudar as pessoas, o que sempre considerei bem problemática.

Para Ratzinger, as instituições não possuem vida própria, não existem no vácuo, por mais que demonstrem uma aparência externa de fortaleza. Nãos e trata apenas das pessoas que constituem a instituição, mas da forma como ela é percebida por todos, de dentro e de fora. Existem valores que a fundamentam, que a sustentam. Quando estes valores desaparecem, ou deixam de ser amplamente compartilhados, ela se torna “uma carcaça vazia e vai a ruína, mesmo que exteriormente continua poderosa”.

Achei bem apropriado para o momento que vivemos no Brasil.

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