Eu sempre acho que Deus fala comigo através das coincidências. Por exemplo, fazem alguns anos que tenho um filme do Tarkovsky na minha lista para assistir, mas entre uma desculpa e outra fui sempre adiando. Até que no sábado, lendo um discurso do Cardeal Joseph Ratzinger, que posteriormente se tornaria o Papa Bento XVI, em que trata da beleza, ele menciona, de passagem, a obra do Rublev.
Bem, se um dos meus heróis intelectuais faz referência a um pintos que é tema de um filme que está numa linha minha é porque Deus está me dando um recado sutil: para de enrolar e assista logo!
Foi o que fiz. Que filme belíssimo!
Não se trata de um filme biográfico tradicional, longe disso. Passando por episódios da vida de Rublev, quase como um guia, Tarkovsky faz uma meditação fundamental: como podemos produzir beleza no meio do caos?
É ou não é uma pergunta bem atual? Que aliás deve ter sido para o próprio cineasta, que filmou em pleno regime soviético, sendo logicamente censurado pelo regime comunista. Imagino que seu retrato dos tártaros não era muito diferente da política soviética de seu tempo. Assim como Rublev lhe serviu de veículo, talvez, para seus próprios dilemas.
