Papa Francisco: A Alegria do Evangelho

Vejo muitas críticas ao Papa Francisco, especialmente entre católicos, que o enxergam como um agente do comunismo ou do globalismo. Chamou-me atenção a virulência dos ataques nas redes sociais quando o aborto foi aprovado na Argentino, reclamando de uma suposta omissão do Papa. Confesso que dedico-me muito ao pensamento do papa anterior e pouco prestei atenção ao atual vigário de Cristo.

Há algumas semanas assisti um vídeo do Bispo Barron e em determinado momento ele diz que a chave para entender o papado atual é a exortação apostólica que Francisco escreveu em 2013, que seria quase um plano para o que pretendia fazer. Chamada A Alegria do Evangelho, ela tem cerca de 200 páginas e pela primeira vez tive uma compreensão maior do argentino.

Não, ele não é comunista e nem globalista, embora alguns trechos, se distorcidos, como a mídia costuma fazer, pode dar esta impressão. Aliás, lembro que distorcem até Jesus para este propósito como as bobagens que ele foi um imigrante, um líder revolucionário, o primeiro marxista, e outras que já ouvi por aí. Francisco tem uma preocupação muito clara, tirar o catolicismo da arena privada que foi colocado pelo secularismo. Não, diz ele, ser católico não é uma questão exclusiva de foro íntimo para ser vivida dentro de casa. Ela se expressa em nossa vida social e deve se expressar com alegria. O católico tem o dever de passar adiante todo bem que recebe, inclusive, e principalmente, a boa nova.

Francisco analisa a conjuntura atual, os imensos desafios, e a necessidade de levar a mensagem adequada para os tempos que vivemos, em que a cultura do liberalismo-progressismo é dominante, particularmente no ocidente. Resgatando um conceito de São Tomás, ele separa substância da evangelização, as verdades eternas da fé, da forma como ela é disseminada, que deve ser adpatada para o contexto local, seja ele qual for.

Para o Papa, temos um duplo dever: evangelização e caridade. As duas coisas precisam andar juntas. Não se trata de um serviço exclusivo para padres, mas para todos os membros da Igreja. É um chamamento. O católico tem que defender sua fé com alegria e colocá-la a serviço da sua comunidade.

O texto é riquíssimo, com muitos insights interessantíssimos sobre a cultura da modernidade. A Igreja, se confia no Cristo, não pode ser taciturna. Precisa lembrar que a sua história surge da vitória de nosso senhor sobre a morte, sob o símbolo da ressurreição.

Tenho a impressão que Francisco e Chesterton um dia travarão interessantes conversas sobre a alegria do evangelho.

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