Eu não tenho nada contra o sucesso e o rapaz demonstrou sua competência na atividade que se dedicou: youtuber. Também não vejo demérito nenhum nesta atividade. Como gosto de dizer, o youtube está cheio de gente boa e aprendo uma enormidade com estas pessoas. Nunca teria este acesso sem a rede; é bom lembrar disso quando parece que rede social virou sinônimo de porcaria, o que é absolutamente falso.
Só que o cartaz que deram para este rapaz fora de seu campo de atuação, como se ele tivesse algo de relevante a contribuir para o debate público, é um sintoma da doença da burocracia cultural brasileira (jornalistas, intelectuais, comentaristas em geral). Se fizessem um roda viva com ele para discutir seu sucesso, o rapaz ficou milionário com vídeo para pré-adolescentes, tudo bem, mas para comentar a cultura e política brasileira? Sua única autoridade no assunto é seus milhões no banco, que não tem nada a ver com entender qualquer coisa que seja sobre o mundo real.
Felipe Neto diz muito mais sobre este pessoal que vive falando em promover a qualidade do debate do que sobre ele mesmo. Ele é apenas um dos sintomas de uma profunda doença do espírito que acometeu nossas elites intelectuais. O Brasil não tem qualquer chance enquanto ela der as cartas na vida pública deste país. Sonho com o dia que estas pessoas serão solenemente ignoradas.
