3 Visitas no Natal

Hoje é meu 47º dia de natal. Meu celular está repleto de mensagens, em sua maioria cartões virtuais, mas que não deixam de cumprir sua finalidade. É prático, mas algo se perdeu na passagem dos velhos cartões por correio para o mundo do whatsapp. Mas voltando ao natal, sempre é bom recordar o significado desta data, que não rugiu por acaso em nosso mundo, mas nos foi dada de presente. Sim, o natal significa o nascimento do Cristo entre nós, mas não é este ponto que gostaria de chamar atenção e sim nas visitas que uma criança na manjedoura recebeu há 2000 anos: os pastores, os magos e os demônios.

Não nos enganemos, a vinda do Cristo foi uma declaração de guerra aos príncipes deste mundo. Um mundo que havia sido usurpado pelo antagonista e que os demônios passeavam sobre a terra. O nascimento daquela criança é o equivalente a uma invasão que atendia uma busca que tinha duas naturezas.

A primeira delas era de natureza poética, no coração do homem comum. O mundo visível não respondia à sua inquietação profunda. Algo estava em falta. Esta busca por um fundamento para a própria existência, por um sentido para a vida, se traduzia na poesia, que tinha sua forma melhor acabada na mitologia. Os pastores que visitaram o menino Jesus são estes homens comuns, que encontraram sua resposta em uma pessoa. Naquele momento, a mitologia chegava ao fim, pois, como lembrava Chesterton, mitologia é busca.

A segunda busca vinha dos filósofos da antiguidade. O menino recebeu também a visita de 3 magos do oriente, Miquéias, Gaspar e Baltazar, mas poderiam ser Platão, Confúcio e Buda. A filosofia também é busca e a grande especulação da antiguidade tinha chegado em perguntas que não conseguiam responder. Os sábios do oriente, em seu caminho, encontraram também a resposta naquela manjedoura. E se admiraram com algo bem diferente do que imaginavam, mas que reconheceram como realidade. É bom repetir este ponto: diante da verdade, os sábios do oriente se ajoelharam.

A terceira visita é pouco lembrada, até porque nunca aconteceu. O grande problema é que poderia ter acontecido. Além de pastores e sábios, outros elementos do mundo antigo perceberam o que estava acontecendo, são eles os demônios. Coube a um deles, chamado Herodes, tentar encontrar este invasor. Não conseguindo, fez o que se espera de um demônio, mandou matar os recém-nascidos porque há sempre uma luta contra a infância por parte destas almas caídas. Herodes intuiu muito bem que aquela criança não viera para negociar a paz, mas para reconquistar um reino.

É disso que também se trata o natal. O início de uma rebelião contra as trevas, pois é a única forma de reestabelecer um reino destituído. Jesus nasceu e morreu fora da cidade, mostrando claramente que não pertence a este mundo, mas o ama o suficiente para sofrer por ele.

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