Série Leituras de Natal.
Todo domingo e feriado, um capítulo de O Homem Eterno, de Chesterton.
Capítulo 6: Os demônios e os filósofos
Em sua visão integral sobre o paganismo, que antecedeu a vinda do Cristo, Chesterton considera que ele se divide em quatro. Nos capítulos anteriores ele tratou de Deus (o monoteísmo original, que teria antecedido o politeísmo) e os deuses (a mitologia, o politeísmo).
Neste capítulo ele trata das outras duas partes.
A primeira, que chama de os demônicos, é um de seus insights mais originais. O politeísmo teria dois tipos. O primeiro, que chamou de mitologia, responde a um desejo do homem pela transcendência. Sem a revelação, este desejo revela-se pela obra dos poetas, através da mitologia. É uma busca sadia do homem pela fonte de sua existência e um propósito para sua vida.
O problema é que certos homens, mais racionais, começam a querer que esta ligação tenha efeito prático em suas vidas e se aproximam do lado escuro da existência, os demônios. Dali partem os sacrifícios humanos, o canibalismo, o infanticídio e outra práticas malignas. Chesterton entendia que isso não é barbarismo; ao contrário, era preciso um racionalismo sofisticado para se entregar a tamanho mal. Contra este tipo de paganismo, lutou Roma e o povo judeu.
A última parte do paganismo são os filósofos. Eles utilizam a razão para tratar deste anseio natural do homem pelo que o transcende e os grandes representantes da antiguidade são Platão, Aristóteles, Confúcio e Buda. Interessante que aqui Chesterton novamente ataca a idéia de religião comparada: além do paganismo, o confucionismo e budismo não são religiões. São filosofias, talvez até civilizações.
Neste capítulo ele também critica o carácter circular das filosofias orientais. Apenas o cristianismo, como símbolo da cruz, vai romper com a idéia do círculo, da eterna repetição, e introduzir o paradoxo, dos dois eixos apontando para todas as direções, como o caminho para a salvação.
