Li hoje um ensaio inspiradíssimo de Russell Kirk sobre a educação liberal (a que realmente interessa). Ainda vou escrever sobre este ensaio, mas adianto uma lista de leitura que ele cita no texto:
1. The Abolition of Man – C S Lewis
2. Personal Knowledge – Michael Polanyi
3. Order and Integration of Knowledge – William Oliver Martin
4. The Road of Science and the Ways to God – Stanley Jaki
Todo domingo e feriado, um capítulo de O Homem Eterno, de Chesterton.
No Capítulo I, O Homem na Caverna, Chesterton nos mostra como o espírito científico da modernidade se desviou da única certeza que a caverna nos mostra: que o homem era capaz de desenhar e se interessar pelos animais.
Não há nenhuma evidência que ele era um bárbaro, que usava uma clava para golpear mulheres e arrastar para sua caverna. A caverna parece mais uma sala de jardim de infância que um matadouro.
A arte é a assinatura do homem.
Quanto mais tentamos enxergar o homem como um animal comum, mais o vemos como um animal extraordinário, quase como um extra terrestre que foi colocado sobre a terra. Nada na natureza nos indica que este ser poderia um dia surgir, que ele seria de certa forma esperado.
Um passarinho pode construir um ninho, mas nunca se viu um que fizesse estátuas para homenagear os grandes passarinhos construtores. O homem desenhou cervos nas cavernas, mas nunca um cervo chegou perto de esboçar um homem na areia.
Após o Vaticano II, algumas lideranças da Igreja passaram a ensinar que os sermões dos padres tinham que se adaptar ao público moderno, que seria incapaz de entender a densidade teológica da Bíblia. Certamente a mensagem tem que ser compreensível ao receptor, mas não creio que evitar passagens ou termos mais difíceis seja a melhor solução.
Acredito que a melhor prática para os pregadores seja jogar luz nestas passagens, torná-las mais claras ao grande público e aí as analogias com nossa vida cotidiana constituem excelentes instrumentos didáticos. Ao invés de desviar, enfrentar. Logicamente isso exige preparo teológico por parte dos padres, assim como uma boa orientação do Magistério da Igreja.
O Bispo Robert Barron, em seu livro Vibrantes Paradoxos, nos alerta que adaptar os textos bíblicos aos novos tempos apenas torna-os outros textos das modernidade e tira da Bíblia todo o seu diferencial e a extrema coerência teológica de seus diversos livros. Sem a compreensão, pelo menos básica, da teologia cristã, de que serve a Bíblia afinal?
A Igreja tem que trabalhar na conversão a partir da verdade e com a luz do magistério e não com versões “diet” do núcleo de sua fé.
Difícil escolher um disco favorito do Iron Maiden. Como diz o apresentador Benjamin Back, eu agradeço a Deus por viver no mesmo universo que o Iron Maiden.
Powerslave é um disco perfeito. Tem minha abertura de shows favorita, Aces High, além de outras pérolas como 2 Minutes to Midnight, Powerslave e Rime of the Anciente Mariner.
As demais canções também são excelentes, como Back in the Village e Flash of the Blade.
Este ano peguei a Suma Teológica, do Santo Tomás de Aquino, para ler seriamente. Não está sendo uma tarefa fácil, mas é muito recompensador. Ler um livro que está acima de sua compreensão tem a vantagem de abrir nossa mente e nos elevar, nos tornar mais inteligentes, se tivermos a humildade de aceitar nossa ignorância (um dos maiores acertos de Platão).
E por que a leitura da Suma pode ser difícil? Ao contrário do que já li por aí, o problema não é a linguagem. Santo Tomás é claro, ao contrário da maioria dos filósofos modernos que são, intencionalmente ou não, confusos. Ele é didático e usa rigorosamente um método de perguntas que facilita o entendimento do que está querendo nos dizer. Portanto, não se trata de um problema de texto.
Eu vejo duas razões principais para um leitor de hoje, como eu, entender a Suma.
O primeiro é que ela foi escrita dentro de uma cultura que se perdeu, a cultura medieval cristã, a verdadeira era de luzes da humanidade. Como não temos esta referência, apenas uma versão deformada dela (Idade das Trevas), temos dificuldade de compreender muitas passagens. A depuração desta imagem criada pelo Racionalismo tem que ser realizada para que tenhamos mais luz para entender a Suma.
O outro motivo é a necessidade de entender Aristóteles, especialmente a metafisica. São Tomás utiliza o referencial do Filósofo, como ele o chama, para raciocinar sobre a Fé. Substância, forma, essência, movimento, potência, ato, acidente são conceitos fundamentais para entendermos a Suma. Tenho um conhecimento básico destas coisas, mas me falta um pouco mais de aprofundamento.
Portanto, uma boa preparação para a Suma seria ler alguns livros sobre a Idade Média, tanto de história quanto de idéias, e aprender os conceitos principais de Aristóteles. A Suma Teológica, junto com estas preparações, daria um verdadeiro curso universitário, mesmo que o aluno fosse um ateu (embora eu duvide que se consiga entender realmente a Suma a partir do ateísmo).
Cada vez mais considero a Suma Teológica como um dos presentes de Deus para a humanidade. Creio que não convém ao homem ignorá-los.
Três milionários são assassinados por estarem de posse de uma relíquia, um cálice copta. Há um tom de ironia em toda narração, como quando um personagem faz toda uma descrição da riqueza de Merton e pergunta se o Padre Brown não ficaria impressionado em conhecê-lo. O padre responde que já está acostumado a lidar com prisioneiros.
Quando acontece a morte, em uma situação extraordinária, várias explicações igualmente extraordinárias aparecem. O Padre Brown é o único que se agarra ao bom senso e vai as afastando uma por uma, até chegar em uma terrivelmente simples.
Em um ensaio sobre estórias de detetives, Chesterton comentaria que as melhores não são aquelas que possuem soluções intrincadas, mas aquelas que a solução é tão banal que o leitor fica se perguntando porque não pensou nela antes. E quanto mas simples for a explicação, melhor.
É o caso deste conto.
He’s a mystagogue …. there are quite a lot of them about; the sort of men about town who hint to you in Paris cafés that they’ve lifted the veil of Isis or know the secret of Stonehenge. In a case like this they’re sure to have some sort of mystical explanations ….. [Yet] real mystics don’t hide mysteries, they reveal them. They set a thing up in broad daylight, and when you’ve seen it it’s still a mystery. But the mystagogues hide a thing in darkness and secrecy, and when you find it, it’s a platitude.
As pessoas que vejo mais falando na necessidade de pacificação e união são justamente as mais empenhadas em calar qualquer voz que publicamente expresse opiniões que elas não concordam.
Há vários símbolos para calar os indesejáveis: fake news, teoria da conspiração, radicalismo, podem escolher, o objetivo é desqualificar a pessoa e impedir qualquer possibilidade de debate.
Esta operação envolve também pressionar patrocinadores e empregadores para que os indesejáveis percam suas fontes de renda e tenham que se render ao clima de opinião de nossa época, a ideologia progressista.
Embora a cada eleição, em tudo que país, possamos ver países cada vez mais divididos e polarizados, quase num 50% a 50%, esta divisão não se reflete nas classes intelectuais, formadas principalmente por jornalistas, professores e artistas. Nelas o progressismo ganha de lavada, com mais de 90% e por isso se tornou culturalmente hegemônico. Ser contra esta ideologia é ser motivo de perseguição, chacota e discursos morais de pessoas que se julgam superiores e melhores dos que ousam divergir.
Por um tempo a internet possibilitou que houvessem vozes discordantes, já que os ambientes universitário, midiático e artístico se tornaram praticamente hostil a qualquer opinião divergente. Mas já estão mudando isso e parece que vão conseguir.
No futuro próximo só poderemos colocar fotos de ursinhos nas redes sociais ou comentar notícias de acordo com os dogmas da ideologia que nos está sendo imposta.
O grande problema é que isso vai formando uma multidão silenciosa, que vai engolindo todos estes sapos, até ter a oportunidade de extravasar. Nos últimos anos, o voto acabou canalizando esta enorme frustração, mas se até este canal fechar, teremos problemas muito sérios no futuro próximo. Não se pode calar eternamente as consciências.
Para algumas pessoas, a aparência é muito mais importante que a essência. Por isso, costumam julgar a essência pela aparência ao invés de tentar entender a aparência pela essência.
Uma das grandes características de um ideólogo é que sua idéia é mais real do que a própria realidade. Tudo na realidade que não corresponde a ela, deve ser excluído do real.
Outra característica das ideologias é que não se pode questionar as premissas que ela se apóia. Ou você está dentro ou está alienado. Não tem meio termo.
Há um conjunto de proposições que formam a ideologia dominante nos círculos formados por jornalistas, professores, artistas e políticos. Os símbolos de teoria da conspiração, fake news, falta de indícios, anti-científico, estão sento utilizados para impedir que se manifeste qualquer opinião contrária.
Descobri muito recentemente que o espelho é o que mais transtorna um ideólogo.
A liberdade de expressão está sob ataque. No dia que for destruída por completo, ela se voltará para muitos dos mais fanáticos neste ataque. A revolução sempre devora os seus.
O mundo está enlouquecido, especialmente em suas classes mais intelectualizadas. Não vejo mais como restaurar o bom senso sem ser por uma intervenção divina. E, sim, acredito que ela ocorrerá.
Uma vitória construída sobre uma mentira termina por desmoronar de forma vergonhosa. Já aconteceu antes; vai acontecer novamente.
Não é falando de forma mansa que se constrói pontes verdadeiras e uma comunicação substancial. É falando a verdade.
A sociedade ocidental moderna possui contradições insuperáveis. O falso consenso, em algum momento, será imposto pela força bruta.
Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)
1. Um filme que re-assisti: O Raio Verde
O Raio Verde é o quinto filme de Eric Rohmer da série Comédias e Provérbios, e um dos retratos mais devastadores que conheço sobre a solidão humana, que pode acontecer mesmo no meio de uma multidão. Um dos seus mais belos filmes.
2. Um disco que ando escutando: Talking Book (Stevie Wonder, 1972)
Nunca parei para escutar Stevie Wonder. Comecei pelo início de sua fase mais soul, nos anos 70. Bem interessante.
3. Um livro que estou lendo: Tempos Difíceis
Faziam alguns anos que não lia Dickens. Um pecado! Tempos Difíceis começa com uma declaração de guerra contra os sentimentos por um racionalista: fatos, fatos, tudo são fatos! Estou ainda no início, onde a pequena Jupe é “adotada” por um professor que só pensa em fatos e se horroriza quando vê os filhos brincando num circo.
4. Uma série que assisti: Emily em Paris
Adorei. Principalmente pela forma como mostra como as duas culturas, americana e francesa, lidam de forma diferente com o tempo. Escrevi sobre a série aqui.
5. Um pensamento que ando refletindo
Ai de vós os que ao mau chamais bom, e ao bom mau!