O Brasil, como qualquer país ocidental, tem uma divisão natural na sociedade em políticas mais à esquerda e mais à direita. Como sempre digo, os impulsos de renovação e de conservação, o que acho perfeitamente legítimo e saudável. No meu mundo, há espaço para as duas posições.
Em eleições com segundo turno, seria natural que candidatos representando estes dois lados chegassem para a disputa. O que acontece no Brasil? Em cidades como São Paulo o eleitor é obrigado a escolher entre esquerda e mais a esquerda. Isso é um disfunção, ainda mais quando se observa que não havia nenhum candidato viável à direita porque os partidos manobram para impedir estas candidaturas (o próprio Bolsonaro ficou a um milímetro de não ter partido nas últimas eleições).
Há algo de muito podre em nosso sistema eleitoral que ano após ano impede que uma grande parte da população tenha um candidato com um mínimo de alinhamento com sua visão de mundo. Quando acontece, como em 2018, é quase por acidente e logo todo o sistema entra parafuso para impedir que isso aconteça novamente.
A esquerda pode sorrir à vontade com esta deformação produzida, mas a panela só vai ganhando mais pressão, criando ressentimento, até uma explosão de consequências inesperadas.
Estão semeando um grande conflito social. E parece que um dia terão.