Uma palavra de Nelson Rodrigues

Em seu livro de artigos autobiográficos, O Reacionário, Nelson Rodrigues, faz o seguinte comentário: as redações dos jornais modernos estão repletas de ressentimento.

Se era assim no início dos anos 70, quando escreveu este artigo, imaginem nos dias de hoje onde este quadro só piorou. Até porque não são só as redações. São as universidades, as redes sociais. O ressentimento é uma das marcas do século XXI.

Alias, o que mais se ensina em uma universidade além de ressentimento? Ele é a base, o fio condutor das chamadas ciências humanas. Qualquer teoria que tenha por cerne o ressentimento é ensinada para o aluno e por isso estamos repletos de Marx, Foucault, Deleuze, Marcuse. Por isso também que o método crítico predomina.

Tudo é, de certa forma, ressentimento.

5 Notas de Sexta!

Olá pessoal!

Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

1. Um pod cast que escutei: Discos que você ouve da primeira à última faixa

B3 é formado por Benjamin Back, João Marcello Bôscoli e André Barcinski e tem por foco falar principalmente de música. Neste podcast eles discutem discos que consideram perfeitos e se percebe o gosto eclético da turma. Bem legal de escutar.

2. Um disco que ando escutando: Rocket to Russia (Ramones, 1977)

Sempre foi um dos meus favoritos. No podcast do B3 é o primeiro a ser citado o que despertou minha saudade de escutá-lo, o que tenho feito há dois dias. Para mim é o disco que o Ramones afirmaram categoricamente suas raízes nos anos 50 e 60; sem perder a energia, é claro!

3. Um livro que estou lendo: As Lei (Platão)

Este mês dei uma emplacada em Platão, impulsionado por alguns ensaios de Voegelin. Depois de reler Protágoras, iniciei o maior diálogo de Platão, o único em que Sócrates não aparece, o que indica que se trata das idéias do próprio autor. No Livro II ele faz uma impressionante analogia entre uma assembléia legislativa e um banquete, entre direitos e vinho!

4. Uma corrida de F1 que assisti: GP da Alemanha, 1981

Uma corrida sensacional em que Prost, Alan Jones, Carlos Roitman e Piquet disputaram as primeiras posições até o fim. Não faltaram ultrapassagens no circuito de alta velocidade de Nurburgring. Só lamento que a televisão da época não tinha ainda todos os recursos que tem hoje para acompanhar uma corrida. Piquet dá uma aula sobre a importância de poupar equipamento.

Na largada, Piquet
caindo para sétimo.

5. Uma salmo que ando refletindo

A divina bondade é o fim de todas as coisas

Santo Tomás de Aquino

Pensamentos soltos

1

A transformação velada da eugenia em política pública através do aborto é uma das realizações macabras do século XX. Em alguns aspectos, Hitler venceu.

2

Cada vez mais um certo tribunal tem um parâmetro para decidir os casos: reforçar o próprio poder cada vez mais absoluto. Ou seja, qual a decisão que me faz mais forte diante da população?

3

As vozes liberais que surgiram no brasil nos últimos anos estão rasgando suas máscaras e se mostrando como realmente são: aproveitadores de um discurso.

4

Sim, falei por brincadeira há alguns meses mas, infelizmente, acertei na previsão: viveremos uma revolta da vacina.

5

É perfeitamente ser anti-socialista e anti-liberal ao mesmo tempo.

6

A pandemia é desculpa perfeita para a maioria dos políticos no mundo inteiro exercerem sua vocação: oprimir os homens livres.

7

A afetação de virtude é a grande realização do século XXI. Nunca tantas pessoas boas fizeram tanto pelo mundo.

Dica de podcast: B3

Para quem gosta de rock e curte podcast, estou escutando um episódio sobre discos que você escuta da primeira à ultima faixa. O podcast é do B3, uma reunião do Benja (aquele da fox sports), Boscoli e Barcinski. Muito bem humorado, começa com Rocket to Russia, dos Ramones.

Série Discos Favoritos: 1- Who´s Next (The Who, 1971)

Começando uma nova série, dos meus discos favoritos. Não significam que sejam os melhores, ou que sejam perfeitos, pois reconheço que há um componente emocional muito forte nestes albuns.

Conheci o The Who em 1996. Em uma loja de CDs, sim elas existiram, fiquei intrigado pela capa de uma coletânea, que tinha o Pete Towshend dando um salto com aquela bateria maravilhosa do Keith Moon ao fundo. Pensei, esta banda tem que ser boa.

Apaixonei-me instantaneamente. Na época estava trabalhando no interior da Amazônia, em Urucu, numa província petrolífera da Petrobrás. Passei muitas horas como meu diskman (sim, existiam também) escutando a coletânea.

Mas foi com Who´s Next que meu queixo caiu. Que perfeição! Que sonoridade! Não tem nenhuma música fraca no album, todas as faixas são maravilhosas. Já conhecia, da coletânea, os hits de Baba O´Riley e Won´t Get Fooled Again, mas Love Ain´t for Keeping, My Wife, Bargain, só tem música maravilhosa, sem contar Behind Blue Eyes, por muito tempo minha favorita da banda.

Disco perfeito de uma banda no auge de sua capacidade criativa e talento musical. Disco obrigatório em qualquer coleção de rock.

Uma lei estranha

A liturgia de ontem trás uma interessante passagem do livro do Êxodo, em que o Senhor faz vários alertas ao povo de Israel. O Pentateuco possui basicamente três conjuntos de leis: as litúrgicas, as rituais e as morais.

As primeiras referem-se às vestimentas, ao altar, o incenso, a ordenação sacerdotal. Em grande parte incorporou a tradição da Igreja Católica. O segundo conjunto, dos rituais, referem-se ao sacrifício, a circuncisão, purificação, alimentos puros. Quase tudo foi revogado pelo próprio Cristo que se tornou o cordeiro no sacrifício.

Já a terceira parte, as leis morais, é o tema da liturgia do último domingo. Na primeira leitura, cita-se um trecho do Êxodo que devem ter parecido muito estranhas dentro da cultura pagã da antiguidade.

O Senhor diz para não maltratarem os estrangeiros, pois Israel foi estrangeiro no Egito. Nem os orgãos e viúvas, que eram talvez as pessoas mais desemparadas da antiguidade. Também não devem explorar economicamente os que se encontram em situação de vulnerabilidade. Entre outros alertas.

Se lermos as tragédias gregas e os poemas de Homero, nada disso aparece por lá. Os gregos, assim como as demais civilizações da época, exaltavam o homem forte e tinham um ideal de justiça muito implacável. Não foi por acaso que Nietzsche, em seu resgate desta cultura antiga, tenha rotulado o cristianismo de moral de escravos, em contraste à moral dos senhores.

Pois a lei moral que o cristianismo nos trás vai além da justiça pagã e sua cultura, vai ao encontro dos humildes e mais pobres, introduzindo a caridade e a empatia como critérios sociais. O próprio Cristo foi a resposta ao clamor da maioria dos povos antigos que não encontravam em sua cultura as respostas por seus anseios mais profundos, de origem e finalidade da vida humana. A bela liturgia de domingo nos recorda que tudo isso já se encontrava no Antigo Testamento e os dez mandamentos serão válidos sempre, pois são leis atemporais que vigorarão enquanto existir o homem na terra.

Conto da Semana: A Tempestade (Charles e Mary Lamb)

Se você deseja conhecer as peças de Shakespeare sem ler as peças ou entendê-las melhor depois da leitura, uma preciosa dica é o livro em que os irmãos Lamb transformaram as peças principais em contos para tornar as estórias mais acessíveis ao grande público.

A Tempestade é a última peça de Shakespeare e nas mãos dos irmãos Lamb concentra-se na narrativa de Ferdinand e Miranda, cujo casamento simboliza a reunião do céu e da terra, o grande tema do bardo em toda sua obra.

Tela de John Waterhouse

Em defesa do absurdo

Já repararam que se entendermos que existem coisas na vida que estão além de nossa capacidade de compreensão estas coisas ou acontecimentos nos aparecerão como absurdos?

Que o absurdo não é uma prova da não existência de Deus, mas que Deus está acima de nossa capacidade de compreendê-lo.

É o que Chesterton nos mostra no impressionante ensaio Em Defesa do Absurdo, do livro O Defensor.

Vale cada linha.

Notas de Sexta

Olá pessoal!

Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

1. Um filme que assisti: Blue Jasmin

Eu tinha lido uma crítica do João Pereira Coutinho que esta era a primeira decepção com Woody Allen. Eu não achei tão ruim assim, mas realmente nem parece um filme do cineasta. Aparentemente Alec Baldwin também não consegue mais fazer outro papel além do financista boa praça e golpista. Para mim, mais um filme que mostra a insuficiência do materialismo com resposta para as questões centrais da vida. Ele pode servir quando as coisas estão bem, como acontece com Jasmin.

2. Um disco que ando escutando: Lound ´n´ Pround (Nazareth)

Lançado em 1973, nunca tinha escutado este disco. Estou gostando bastante, apenas achei a versão de Bob Dylan longa demais. Destaques para Free Wheeler e Child of the Sun. Manny Charlton é um guitarrista muito subestimado!

3. Um diálogo de Platão que reli: Protágoras

Também conhecido como Sofistas, este diálogo entre Sócrates e Protágoras, o sofista famoso, é uma defesa da paideia socrática contra a paideia sofística, que em certos aspectos parece muito com a concepção moderna de educação universitária. O diálogo trata também de uma das principais preocupação de Platão/Sócrates: a relação das virtudes com o saber. Afinal, a virtude pode ser ensinada?

4. Uma página que acompanho: American Conservative

Muitos artigos excelentes, particularmente sobre cultura e sua ligação com os dias atuais. Vale a visita.

5. Uma salmo que ando refletindo

Mas os desígnios do Senhor são para sempre, e os pensamentos que ele nos traz no coração, de geração em geração, vão perdurar. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e não a nação que escolheu como herança!

Salmo 32

Um filho do seu tempo

Uma das piores coisas que alguém pode falar é ser filho do seu tempo. Por dois motivos. O primeiro é que na prática ela está dizendo que não tem responsabilidade sobre o que faz, como se fosse induzida pelos costumes de sua época. A culpa é da sociedade.

O segundo motivo é de caráter ontológico. Ser filho do seu tempo é negar os valores eternos e considerar que a natureza humana pode ser modificada, justamente o que abriu as portas para as crueldades do século XX, onde as experiências de negação da realidade tomaram conta de grande parte do mundo.

Na sua essência, o homem é o mesmo desde sempre. É o sentido maior do livro de Eclesiastes: não existe nada de novo debaixo do sol. Neste sentido, também cito o salmo 32:

Mas os desígnios do Senhor são para sempre, e os pensamentos que ele nos traz no coração, de geração em geração, vão perdurar. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e não a nação que escolheu como herança!

Para mim, os pensamentos que ele nos trás no coração é nossa consciência. Ela sempre está nos tentando avisar que estamos no erro, mesmo que façamos de tudo para silenciá-la. O mundo de hoje está repleto de episódios de negação da realidade, mas no fim, a verdade prevalecerá, como sempre acontece. Normalização da pedofilia, ideologia de gênero, aborto, tudo terá um fim, mas não sem muito sofrimento pelo caminho.