Há alguns anos atrás, assisti um documentário norueguês sobre o paradoxo da igualdade de gênero. Chamou-me atenção, independente da tese defendida, a forma como o tema foi tratado.

Primeiro, após colocar a questão, o documentarista formula claramente a tese que defende: a desigualdade de gênero não pode ser explicada apenas pelo contexto social, também existem pré-disposição biológica.
Durante uma hora e meia, os pesquisadores e formuladores de políticas públicas da Noruega são entrevistados e a opinião e argumento deles são apresentados de forma honesta, sem distorções ou ironias. Só então o documentarista abre espaço para os que se colocam a favor da tese que defende, dando a eles o mesmo tratamento dado ao primeiro grupo.
O documentário ainda retorna aos defensores da desigualdade de gênero como produto social e apresentam a opinião dos cientistas que defendem o argumento biológico e abre espaço para que eles retifiquem ou mantenham suas opiniões.
No fim, o documentário retoma a questão e deixa aberta a pergunta para que o público possa decidir por si mesmo.
Para quem conhece, o que o documentário fez é bem próximo da estrutura da Suma Teológica de São Tomás de Aquino. Coloca a pergunta, coleta os argumentos em contrário, coloca a defesa da tese e refuta os argumentos levantados. Método realmente científico de tratar uma questão social.
Lembrei deste documentário esta semana refletindo sobre O Dilema das Redes, documentário que trata dos efeitos das redes sociais nas pessoas, particularmente na juventude. O Dilema é tudo que o Paradoxo não é em termos de estrutura.
E aí começa o seu problema.
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