6 doenças do espírito contemporâneo: 1. Catolite

Novo Projeto!

Neste e nos próximos 5 domingos estarei relendo este pequeno (em tamanho) livro de Constantin Noica. Cada domingo dedicado a uma das 6 doenças do espírito, conforme ele as apresenta.

A primeira doença do espírito é a Catolite, a ausência do sentido de real. O homem tem a capacidade de escolher seu sentido geral para a existência e quando a idéia de qualquer sentido está ausente ou ele troca de sentido de acordo com a conveniência, temos a catolite.

Napoleão Bonaparte (e os tiranos em geral), Epicuro, Kiekergard, muitos cientistas, o filho pródigo, são exemplos. No plano da cultura, o existencialismo.

“Farei o que bem entender”, diz o filho pródigo, e parte para o mundo, libertando-se assim dos sentidos gerais de sua família e de sua comunidade, a fim de se dar determinações arbitrárias cujo alcance ele desconhece…

Notas de Sexta

Olá pessoal!

Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

Um livro que terminei

A Nova História de Mouchette, de George Bernanos. Ela é infeliz na escola, tem uma família destruída pelo álcool, desprezada pela vila em que mora. Aos 14 anos, Mouchette tem que lidar com situações que estão acima de sua capacidade até de compreendê-las.

Um filme que assisti

The Founder (2016). Miachel Keaton vive o papel do ambicioso Ray Kroc, o homem que criou o império chamado MacDonalds. É interessante entender o que estava por trás da concepção original do restaurante e como os irmãos MacDonalds perderam a marca por serem incapazes de escalar o próprio negócio e deixarem Ray acuado em um canto da jaula. Não se faz isso com um tigre!

Modelagem em tamanho real do primeiro MacDonalds

Uma ópera que assisti

Parsifal foi a última ópera de Wagner. Cheia de fervor religioso, conta uma das inúmeras lendas do graal. Nietzsche rompeu com o compositor tamanha sua revolta com esta obra.

Um disco que andei escutando

Impressionante como Bob Dylan continua lançando trabalhos tão consistentes e bons como Rough and Rowdy Ways (2020). Passeando pelo blues, jazz, bluegrass, Dylan medita sobre as grandes questões humanas. Um disco, acima de tudo, elegante.

Um pensamento que andei refletindo

A leitura é a mais nobre das paixões

Antoine albalat

E você, o que andou fazendo? Coloca nos comentários!

Conto da Semana: O Noivado em Santo Domingo (Von Kleist)

No meio da revolta de escravos que garantiria a independência do Haiti, um jovem suiço, servindo no exército francês, busca refúgio em uma casa onde mora uma velha negra e sua filha mulata.

Trata-se de uma tragédia bem no estilo grega, onde a hybris leva uma pessoa a realizar um ato definitivo, incorrigível e tem que lidar com as consequências.

Além de um retrato da violência que foi a revolução haitiana.

Leituras da manhã de domingo

  1. Suma Teológica (Santo Tomás de Aquino): dois artigos sobre a falsidade. Embora não exista falsidade da mente divina, ela existe no intelecto humano.
  2. Moradas do Castelo Interior (Santa Tereza): a santa discute a questão do arrebatamento.
  3. Anatomia da Crítica (Northrop Frye): no primeiro ensaio do livro, Frye apresenta sua teoria dos 5 modos e como eles se apresentam na tragédia e na comédia. Trata-se de uma ampliação da teoria de Aristóteles sobre os 3 modos da poética.

Um comentário sobre o caso da menina abusada

O caso da menina de dez anos abusada por um tio e que terminou em aborto foi muito triste e sobre este assunto não entro em qualquer discussão pública. No entanto, chamou-me atenção que um amigo comentou num grupo privado de whatsapp que seria uma discussão que transcenderia a religião. Não acho que ele entende o alcance de sua observação, mas se é religião, já é transcendente por natureza. Nada neste mundo que vivemos transcende a religião pois é justamente ela que nos liga ao que está além.

É uma confusão muito comum na cultura progressista dominante acreditar que a religião é um assunto de foro íntimo que deve ser excluída de qualquer discussão racional. Não pode. Se somos sérios com nossa religião, que é muito mais do que pertencer a uma instituição religiosa, temos que saber que ela refere-se a nossas crenças mais profundas, justamente aquelas que tratam de nossa origem e nosso destino. Nossa visão política, cultura e a té espirital derivam dessas crenças e nos moldam a ser o que somos.

Isso não significa, obviamente, que tenho qualquer direito de impor minhas crenças a você, mas significa que se quiser realmente me compreender terás que entender estas crenças e como elas se articulam no meu modo de pensar. Interditar esse aspecto é não querer entender e evitar uma discussão que tenha verdadeira substância.

Estas crenças não são necessariamente irracionais. Elas podem estar em escrituras sagradas, através de revelações, mas elas, ou muitas delas, tem suporte na razão. Não vejo porque não de possa discutir a racionalidade dessas crenças somente porque estarem na esfera proibida da religião. Ignorá-las não te deixará mais perto da verdade, apenas afastará visões que não quer discutir.

Portanto, independente da gravidade do caso da menina, a discussão pública pode ser impossível no ambiente intoxicante que vivemos, mas de maneira nenhuma transcende a religião. Pode ser debatido sem argumentos religiosos perfeitamente, mas não significa que a questão ficará mais clara por causa disso. A verdade tem um poder iluminativo próprio e ofuscar sua luz apenas nos afunda no reino a opinião e da confusão mental.

Enfim, recuperado do covid

Na loteria do covid, a maioria passa com alguns sintomas leves ou mesmo sem perceber.

Não foi meu caso. Não cheguei a ficar em estado grave, mas fui classificado como caso moderado e precisei internação. Precisei de oxigênio e fiz tratamento de infeção no pulmão, um quadro típico da doença.

Felizmente o tratamento deu certo e hoje estou na estatística dos recuperados.

Não relaxem com esta doença e tenham todos os cuidados. Não desejo a ninguém o que passei, inclusive a nível psicológico.

Espero que um dia estejamos todos livres desta praga.

Carta aberta a uma médica

Sei que existem muitos médicos que não acreditam em tratamento precoce para o covid, assim como tenho próximo alguns que tem sérias objeções de foro íntimo para aplicar qualquer tratamento que não tenha comprovação científica no maior nível possível. Eu nunca teria coragem de ser médico, pois sei o tamanho da responsabilidade que um médico assume com a vida de seus pacientes, muitas vezes navegando em um terreno exploratório, com poucas informações confiáveis. Conheço médicos sendo hostilizados por não receitarem hidroxicloroquina ou outro medicamento do gênero. Muita gente tem cruzado a linha com estes profissionais.

Só que tem outro lado também. Existem médicos que estão se arriscando para tentar salvar os pacientes utilizando todo conhecimento que possuem, seja da própria experiência ou da de colegas. Por mais que o paciente dê consentimento para estes tratamentos, estes médicos tem suas consciências para lidar, seus dilemas morais e a incerteza de muitos pontos. Hoje conversei com uma médica experiente, que está fazendo tratamento precoce, inclusive bem mais completo que simplesmente receitar o kit hidroxicloroquina + azitromicina + zinco. Ela me disse que faz semanas que dorme muito pouco, pois depois que faz a “ronda” por videoconferência com os pacientes, que costuma ir até tarde da noite, ainda tem que ler artigos recém publicados ou relatos de experiências que estão tendo sucesso. Ela está buscando a informação mais atual que possibilidade melhorar seus próprios tratamentos.

Na conversa que tivemos, ela desabafou: estou sendo chamada de curandeira, feiticeira, charlatã, mas não me importo. Só acredito que tenho que fazer o possível para curar meus pacientes e dizer a eles que devem ficar em casa esperando o ciclo do virus passar não é opção para mim, pois viola o que acredito de medicina. Nós já temos muito mais informações sobre o virus que meses atrás e lamento que muitas vida que se perderam pudessem ser salvas hoje com o que sabemos. Eu acredito que o paciente tem o direito de ser tratado e é o que estou fazendo com aqueles que me procuram.

Não vou entrar em nenhuma consideração política, apenas peço que respeitem os pacientes e os médicos que assumem os riscos de realizar o tratamento precoce, com que medicamento for. A esses médicos minha admiração e reconhecimento pela coragem de assumir esta atitude, mesmo que seja incompreendido por muitos. Você são meus heróis. Particularmente a Doutora R, que já mora em nosso coração.