COVID: Onde o Brasil errou?

O Brasil é um continente e seus estados são países. O pânico é um terrível conselheiro e o jornalismo inconsequente, preocupado em gerar o caos, piorou ainda mais a situação. O resultado é que no fim de março, todos os estados e municípios acabaram adotando alguma forma de quarentena em um efeito dominó. A maioria deles estava fechando antes de ter uma transmissão comunitária relevante a ponto de ameaçar seus meios de saúde.

Logo de início, ficou claro que o problema ainda estava concentrado no Rio, São Paulo e alguns estados do norte e nordeste, estes últimos por problemas de saneamento e estrutura de saúde.

O resultado é que depois de 100 dias, não há fôlego para continuar e, em muitos lugares, a transmissão está apenas começando. O Brasil tinha que ter agido como se fosse um continente e não como um grande país.

Tanto que estamos a mais de um mês em um falso platô. Por que falso? Por que algumas cidades já passaram pelo pico, especialmente as duas mais populosas, mas a queda dos casos é contrabalançada pelo aumento de outras. Há uma soma de várias curvas de infecção que gera uma falsa percepção de estabilidade.

A quarentena, da forma como foi implementada, deveria ter sido feita apenas em alguns lugares, com picos mais acentuados, EM MOMENTOS DIFERENTES no tempo.

Há uma percepção que acredito equivocada de que mesmo uma cidade sem nenhum caso poderia evitar o covid simplesmente fechando seu comércio e esperando a onda passar. Na verdade, apenas empurrou a contaminação para um futuro incerto e não foi realista na sua capacidade de se manter indefinidamente neste estágio.

Cidades, como Campinas e Porto Alegre, estão voltando atrás nas medidas de flexibilização da quarenta. O problema não foi a decisão de agora, foi a anterior. Deveria estar implantando algumas medidas restritivas SOMENTE agora, e não lá trás quando não tinha uma transmissão comunitária suficiente.

Ainda teremos dias difíceis pela frente, mas a forma como se lidou com a crise apenas gerou uma crise econômica que poderia ter sido evitado. O dado importante é que não há registro de óbitos por falta de vaga em UTI. Ou seja, as vidas que perdemos não poderiam ser evitadas por nenhuma quarentena. Só adicionamos um problema (e que problema!) a mais a um que foi feito o possível para enfrentar. A pobreza que estamos construindo ainda nem começou a mostrar a sua face e temo que ainda vai custar mais vidas do que o próprio covid.

E, por fim, imputo à grande mídia brasileira, incluindo seus principais jornais, grande parte da responsabilidade pelo que aconteceu. Quem vã esperança eu tenho de um dia ela ser responsabilizados por esta desgraça!

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