Defensor da cloroquina?

Tenho escrito para amigos no facebook sobre as críticas ao estudo da Lancet que fez a OMS suspender as pesquisas com a hidroxicloroquina ou cloroquina. Ontem a própria lancet veio a público manifestar preocupação com o estudo e que está promovendo uma auditoria independente dos dados.

Um amigo perguntou porque eu defendia tanto a cloroquina.

Perguntei a ele em que momento defendi cloroquina? Eu lá tenho conhecimento para dizer se o remédio funciona ou não? O que me incomodou foi a aceitação imediata de um estudo científico como se fosse expressão de uma verdade inconstestável. Quando o ex-ministro Mandetta começou a se colocar como porta voz da ciência, confesso que senti uma decepção.

Eu sou engenheiro, praticamente um filho da ciência, mas por isso mesmo me incomodo quando a usam desta forma. Ciência é dúvida, é incerteza, é tentar entender um fenômeno por meio de hipóteses, que se confirmam ou não em função de um recorte, de um conjunto de dados.

Quem usou o estudo da Lancet foram justamente os meus amigos que afirmam que ela não funciona. E o fizeram nos termos “está vendo? A ciência está provando que que não funciona! Os médicos são contra!”. Quem deu peso ao estudo foram eles, não eu.

Quando vi que cientistas, médicos e instituições teriam tratado dos casos questionaram o estudo, mostrei isso a meus amigos. Olha, não é bem assim… este estudo parece que tem problemas e quem diz isso não sou eu, mas gente que vocês costumam chamar de especialistas.

A cloroquina funciona? Eu sei lá, mas considerando as informações que tenho sobre seus efeitos colaterais, quero minha dose no primeiro sintoma. E só gostaria que o estado não me atrapalhasse nisso. Seria pedir muito?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *