Hazony e o cristianismo

Estou lendo A Virtude do Nacionalismo, do Yoran Hazony. Ele entende que existem duas grandes correntes de pensamento que disputam aforma de organizar uma ordem mundial: o nacionalismo e o imperialismo. Pretende defender o nacionalismo como melhor opção, mas de forma alguma perfeita.

O livro é muito interessante, mas chamou-me atenção que ele trate o catolicismo romano como um movimento imperialista, que ignora as lições do antigo testamento de respeitar as fronteiras com outras nações, e tenha se dedicado a um grande império cristão. Acho problemática a tese dele. No mínimo ignora completamente a formulação de São Paulo e do Santo Agostinho. É verdade que durante a Idade Média alguns papas e bispos tenham buscado o poder temporal, mas sempre foi ao arrepio da idéia cristã básica de separação das duas cidades. Cristo disse claramente que não importava a organização social, que não era para isso que tinha vindo. O catolicismo romano não tem uma doutrina de como organizar países e a ordem mundial. Meu reino não é deste mundo, foi o que disse o Salvador. Também acho problemático colocar como uma construção protestante não só o nacionalismo moderno, mas as instituições modernas tanto na cultura quanto na política.

Outra coisa, ao reduzir a disputa pela ordem mundial a dois movimentos opostos, que ao longo da história se revesam como dominante, parece-me que Hazony está raciocinando em termos de dialética histórica. Segundo ele, tivemos os Impérios da Antiguidade, Bíblia (Antigo Testamento), cristianismo, protestantismo, globalismo e agora uma tentativa de renascimento do nacionalismo.

O que achei interessante mesmo, foi entender o nacional socialismo alemão não como um movimento nacionalista, mas como um movimento imperialista. O mesmo se pode dizer da ordem liberal. Aí acho que concordo bastante.

Aliás, o liberalismo como ideologia me interessa cada vez mais como tema.

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