3 Ensaios diversos: Carpeaux, Chesterton e Coutinho.

Hoje, aproveitando o feriado, li 3 ensaios diversos, de 3 autores diferentes, todos bem acima da média. Coincidentemente, 3 autores com sobrenome iniciados pela letra “c”.

  1. A Fronteira (Otto Maria Carpeaux)

Analisando a obra de Rimbaud, Carpeaux nos apresenta seu genial entendimento sobre a poesia. O poeta é aquele que vive na fronteira entre o dizível e o indizível, entre o imanente e o transcendente. Justamente porque não conseguimos traduzir em palavras este conhecimento a poesia nos parece tão incompreensível. É a poesia que julga o mundo e não o contrário. Se o mundo a entendesse, não seria poesia. Sensacional.

2. Sobre o críptico e o elíptico (Chesterton)

Se pudesse, eu emoldurava o ensaio inteiro. Analisando o jornalismo de seu tempo, Chesterton faz um retrato pujante do jornalismo atual. O que o destrói, e ele era um jornalista, é a pretensão, a soberba do jornalista que se acha superior aos seus leitores e se coloca em uma espécie de cruzada para educar as massas. Uma lástima que só poderia chegar onde chegou nos dias de hoje, no total descrédito.

3. A Outra (João Pereira Coutinho)

De vez em quando, no meio de sua crítica cultural afiada, Coutinho nos presenteia com pequenas ficções em forma de crônica. Neste, um herói anônimo espera duas garotas para mostrar a cidade do Porto, mas apenas uma aparece, justamente a que não queria. Tentando fazer o dia perdido passar rápido, ele recebe uma merecida lição. Tem uma certa ligação com um ensaio que escreveu sobre o filme Marty (1955), que trata justamente da dignidade dos feios.

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