Terminei A Montanha Mágica, o monumento de Thomas Mann sobre o pré- Grande Guerra, ou o fim de uma ordem mundial.
Li que Mann recomendou que lessem o livro duas vezes para entendê-lo.
Caramba, vamos lá de novo?
Terminei A Montanha Mágica, o monumento de Thomas Mann sobre o pré- Grande Guerra, ou o fim de uma ordem mundial.
Li que Mann recomendou que lessem o livro duas vezes para entendê-lo.
Caramba, vamos lá de novo?
É muita gente torcendo contra e muita gente fazendo tudo para o país dar errado. Para cada um tentando fazer a coisa certa; aparecem uns 20 para destruir o que foi feito. Uns, por interesse; outros, talvez até piores, por inveja.
Já ensinava o velho Aristóteles que a amizade era a base da sociedade (polis). A nossa base parece ser a inveja. Não é por acaso que destruímos com incrível rapidez o que levamos anos para construir.
Essa pandemia só veio revelar com espantosa clareza que tudo é motivo para saquear os cofres públicos e destruir projetos. Nada se faz no médio e longo prazo. Tudo se corrompe.
Sim, ando pessimista e um tanto desanimado. É muita lama junta para acreditar que ainda pode dar certo. Quero muito estar errado. Muito, mesmo.
Sim, tenho uma admiração especial por nosso primeiro Imperador, uma figura que simboliza o que somos até hoje.
Esposa teve gripada no fim de semana. Principais sintomas: febre inicial, dores no corpo, dor de cabeça. Na terça, estava ok. Hoje fez coleta para o exame particular, para vermos se foi o covid.
Depois da coleta, foi no teste rápido aqui em Brasília. Deu negativo para anticorpos.
Amanhã sai o resultado do primeiro exame.
Todos bem aqui em casa, mas é bom saber se o virus já passou por nossos domínios…
Hoje, aproveitando o feriado, li 3 ensaios diversos, de 3 autores diferentes, todos bem acima da média. Coincidentemente, 3 autores com sobrenome iniciados pela letra “c”.
Analisando a obra de Rimbaud, Carpeaux nos apresenta seu genial entendimento sobre a poesia. O poeta é aquele que vive na fronteira entre o dizível e o indizível, entre o imanente e o transcendente. Justamente porque não conseguimos traduzir em palavras este conhecimento a poesia nos parece tão incompreensível. É a poesia que julga o mundo e não o contrário. Se o mundo a entendesse, não seria poesia. Sensacional.
2. Sobre o críptico e o elíptico (Chesterton)
Se pudesse, eu emoldurava o ensaio inteiro. Analisando o jornalismo de seu tempo, Chesterton faz um retrato pujante do jornalismo atual. O que o destrói, e ele era um jornalista, é a pretensão, a soberba do jornalista que se acha superior aos seus leitores e se coloca em uma espécie de cruzada para educar as massas. Uma lástima que só poderia chegar onde chegou nos dias de hoje, no total descrédito.
3. A Outra (João Pereira Coutinho)
De vez em quando, no meio de sua crítica cultural afiada, Coutinho nos presenteia com pequenas ficções em forma de crônica. Neste, um herói anônimo espera duas garotas para mostrar a cidade do Porto, mas apenas uma aparece, justamente a que não queria. Tentando fazer o dia perdido passar rápido, ele recebe uma merecida lição. Tem uma certa ligação com um ensaio que escreveu sobre o filme Marty (1955), que trata justamente da dignidade dos feios.
Dias difíceis
Foram muitas orações por meu amigo gravemente enfermo pelo covid. Na semana passada, ele foi piorando a cada dia, até chegar na sexta-feira santa. Algo me dizia que a Páscoa terminaria por salvá-lo. Vivemos uma época do milagre da ressurreição. Deus irá salvá-lo.
Ele apresentou melhora, mas o processo é lento. Já não está mais entubado, mas ainda permanece sedado. Parece que se agita ao tentar trazê-lo de volta à consciência. Permanece fazendo um pouco de hemodiálise e muito antibiótico.
As orações continuam.
Enquanto os loucos discutem pela internet.
Faz dois dias que fiquei sabendo que um grande amigo está em situação gravíssima por conta do Corona. Pouco mais de 50 anos, sem comordidades. Está entubado, sedado. Por muita insistência da esposa, uma médica que também esteve internada, começaram a usar a hidroxicloroquina, já com ele inconsciente.
Infelizmente gerou arritmia e tiveram que parar. A situação dele é muito delicada e está realmente nas mãos de Deus. Tenho rezado por ele todos os dias.
Agora sim a epidemia tem para mim uma face concreta e muito real.
Muda completamente nossa perspectiva.
Nassim Taleb é um defensor do conceito de “skin on the game”. Quer dizer que devemos ter mais atenção para quem está com a pele em jogo, que vai sofrer as consequências do próprio erro nas previsões.
No caso do corona, tenho visto muitos servidores públicos, particularmente do judiciário, fazendo campanha histérica nas redes sociais pela paralisação completa do país. Observo que estes só tem a ganhar (diminuir drasticamente a possibilidade de contágio) e nada a perder (salários garantidos) com sua previsão apocalíptica.
De outro lado temos cada vez mais gente perdendo emprego e perdendo renda, além de empreendimentos construídos com muita dificuldade indo para o ralo. O que diz o histérico? Não importa, o que interessa é manter a vida.
A vida de quem? A sua? O Brasil é um país rico com uma população imensa pobre, que depende do funcionamento da economia para sobreviver. A solução dos histéricos é simplesmente distribuir dinheiro pelo governo. Que dinheiro? Não ocorre aos profetas do apocalipse que se tivesse dinheiro disponível já poderia ser distribuído sem uma epidemia? Engraçado que alguns destes eram os principais defensores da responsabilidade fiscal.
Ah, mas o Estado tem que intervir no momento de crise, para isso que ele recolhe impostos. Em que país eles acham que vivem? O Estado está há anos pagando dívidas de gestões anteriores. Não somos um país de primeiro mundo que acumulou reservas nos momentos de bonança (quando os políticos de esquerda permitem) para ter no momento da dificuldade. Somos um país que não tem reservas e está ferrando ainda mais nosso futuro, comprometendo as gerações futuras, para que possa ficar tranquilo em casa em seu teletrabalho e salários em dia.
Quero ver quando começar a reduzir salário de servidor público porque não tem arrecadação para pagar. Duvida que possa acontecer? Estão brincando com fogo, e com alcool gel nas mãos.
A ameaça é séria, exige mobilização da sociedade, mas não é com pânico e decisões ruins que se vai enfrentar esta pandemia. Os histéricos, e a mída (que está lucrando bem com o caos e com as pessoas em casa sem ter o que fazer), estão gerando as condições para uma crise humanitária. Parabéns. Um dia vocês serão cobrados.
Em tempo, não esto dizendo que devemos deixar pessoas morrerem, mas que toda crise tem uma escala de medidas que devem ser respeitadas. Você começar com um tiro de canhão para matar uma formiga é desproporcionalidade, que poderá custar caro. A indústria tem que estar a todo vapor produzindo como uma economia de guerra para os difíceis 2 meses que virão.
Acabei de re-assistir, depois de uns 10 ano, Conto da Primavera, do Eric Rohmer. Minha lembrança da época era que este era o filme mais fraco dos quatros que ele fez nos anos 90 sobre as estações do ano. Eis um grande exemplo de porque deve-se assistir um filme mais de uma vez, mesmo que não tenha gostado tanto assim.
Pois Conto de Primavera é assombroso de bom! No meio de diálogos sensacionais, em que se coloca as questões da certeza e do juízo, Rohmer constrói um ambiente de tensão crescente, com um erotismo sutil, que nos confunde e nos faz duvidar de certezas que tivemos um minuto antes. Da mesma forma que a protagonista Jeanne fica perplexa com as situações, nós também ficamos pois o filme é ambíguo nos pontos centrais.
E que cena entre Jeanne e o pai de Natasha! Que diálogo, que coreografia de sedução, incerteza e ansiedade. É óbvio que os dois estão se apaixonando, mas há uma série de forças que os prendem como a própria Natasha, os namorados de ambos. No entanto, há uma completude entre eles, uma cumplicidade que só crescerá se continuarem se encontrado.
Quando Jeanne troca as flores murchas pelas novas, na última cena do filme, há um sinal que seu espírito se abriu novamente, deixando o tom cinza, conformado e deslocado que ela possui no início do conto. Gosto de pensar que ali se inicia um romance real, em que duas pessoas poderão enfim descansar depois de tantas buscas infelizes.
Uma maravilha de filme. Não fica nada a dever aos outros três.