Reflexões de uma pandemia – 11

Números vão disparar, mas é preciso ter calma!

Com a disponibilização de mais testes para o covid, os estados começaram a liberar os lotes que estavam guardando apenas para os caos mais graves. É o início da massificação dos testes, como já aconteceu em outros países. Uma consequência é que a quantidade de confirmações vai disparar, o que é uma boa notícia, pois ficará mais evidente a letalidade da gripe e mostrará um pouco melhor a contaminação na população.

Se o resultado fosse realmente poucos casos confirmados, seria realmente um grande problema pois indicaria que a pandemia ainda estava para começar. Pelo que entendi dos especialistas (como confiar neles?) pelo menos 50% da população tem que necessariamente ser infectada para diminuir a propagação. O que se deseja é esticar o tempo para dar tempo para os sistemas de saúde tratarem dos casos mais graves e, quem sabe, desenvolver ou testar medicamentos existentes e vacinas.

Os histéricos e gigolôs da desgraça vão se afobar e gerar mais pânico na sociedade. Infelizmente querem transformar uma crise epidemiológica grave em uma tragédia humanitária sem precedentes, imaginando, em seus devaneios, que não serão afetados.

Minha esperança? Está onde sempre esteve, na ação de Deus através de nós. Acho que teremos um grande milagre chegando na páscoa. Nele eu confio.

Reflexões de uma pandemia – 10

Pesquisa eleitoral de virus?

A grande maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, estão testando apenas os casos mais graves, até porque não há testes para a população inteira e é preciso priorizar. O problema é que isso induz a pensar que a morbidade é muito maior do que realmente é, pois comparamos as mortes com os “casos confirmados”, que são justamente os das pessoas que apresentam sintomas mais agudos, desprezando-se os assintomático. Se fosse comparado com todos que contraíram o virus, a conta seria bem diferente.

Saber quanto porcento da população já foi infectada é fundamental para verificar a velocidade de propagação e, principalmente, se já se atingiu o tal 50% que indica o ponto de inflexão da curva de contaminação. Não é razoável se testar 100 milhões de brasileiros toda semana para ter estas respostas, mas é possível, com alguma dificuldade por causa da quarentena, se fazer por amostragem, usando modelos das pesquisas eleitorais. Lembro que com pouco mais de 5000 pessoas já é possível se fazer uma pesquisa eleitoral, desde que estas pessoas sejam estatisticamente representativas. Usando os mesmos critérios destas pesquisas, se poderia realizar o teste para uma amostra dessas e se responder, semanalmente, a quantidade de pessoas realmente infectadas. Com esses dados, as autoridades poderiam fazer escolhas bem melhores do que estão fazendo hoje, baseadas em curvas exponenciais construídas sobre amostras não representativas da sociedade justamente por pegar os casos mais graves.

Acho que se eu fosse uma autoridade constituída, investiria nisso rapidamente, para que possa decidir com mais acerto e razoabilidade. Enquanto isso não for feito, nossas autoridades serão conduzidas pela histeria coletiva amplificada pelas redes sociais, o que será péssimo no médio e longo prazos.

Reflexões de uma pandemia – 9

Os parâmetros da discussão estão mudando: ainda bem!

Até uns 3 dias atrás, as redes sociais em peso pediam que os governos fizessem a quarentena total e irrestrita. Hoje olhando pelo twitter, vejo uma mudança de panorama.

Cada vez mais aparecem vozes contra essa abordagem, alertando para o caos econômico que se seguirá. Há um falso dilema entre vidas e dinheiro; a coisa é bem mais complexa do que isso. É muito bom que os pontos de vistas sejam colocados livremente na discussão pública.

No caso do Brasil, temos um fator que nos diferencia de todo mundo ocidental rico: as favelas. Enormes concentrações populacionais que vivem de empregos informais ou de baixa qualificação, justamente os mais afetados pela quarentena geral.

Os histéricos não querem pensar nisso, mas o que eles esperam? Que estes milhões de brasileiros fiquem meses dentro de casa esperando a crise passar, sem renda? Que vão ficar quietos entendendo a gravidade da situação?

Se for por esse caminho, temo por um grande caos social com milhões saindo de casa para quebrar tudo que virem pela frente. Nessa hora, nem Witzel e nem Doria vão se colocar na frente da turba enlouquecida. Talvez a abordagem do governo seja mais conservadora do que a maioria imagine.

O caldo vai entornar e os mesmos que são exaltados nas mídias pela postura “corajosa” de fechar a economia estarão se escondendo do povo revoltado. Há de existir um meio termo entre fazer nada e fechar tudo. Para o bem de nosso país.

Reflexões de uma Pandemia – 8

Notas Breves

1

Depois de 2 dias de queda, mortes aumentaram novamente na Itália. Governo parece estar trabalhando na extensão da quarentena até 31 de Julho. Acho que isso é impossível. Haverá revolta desobediência civil e/ou revolta. Podem anotar.

2

Trump parece mirar na outra direção. Quer relaxar as regras depois de 15 dias. Será que vai adotar a estratégia de várias paradas com intervalos?

3

Recebi um texto no whats que fala de algo bem real. Essa pandemia ataca primeiro as pessoas que costumam fazer viagens internacionais e quem tem contato com elas. Em outras palavras, os mais ricos. Explica a reação?

4

As epidemias costumam atingir prioritariamente os com piores condições de higiene, ou seja, os mais pobres. Esta tem um padrão diferente. Será que tem a ver com o nível de reação.

5

Depois que a pandemia se torna local, os mais pobres são mais afetados por questão de exposição e saneamento. Ou seja, deixa por si, os mais pobres vão lotar as emergências primeiro.

6

As decisões de EUA e Inglaterra foram muito baseadas no estudo do Imperial College. Já temos dados suficientes para conferir se este modelo está correto? Parece que já tem estudo que o confronta.

Reflexões de uma pandemia – 7

Histeria cedendo?

Começo a observar alguns sinais que a histeria está cedendo nas redes sociais. Não sei se é porque o pessoal mais apavorado está se tranquilizando com as medidas duras dos governos ocidentais (mesmo que não funcionem), ou se começamos a nos acostumar com o cenário que nos encontramos.

Há uma absurdo de desinformação. Infelizmente viram neste gigantesco drama uma forma de se livrar de alguns governantes incômodos, que tiveram a audácia de vencer nas urnas não só a esquerda sectária de sempre, mas uma classe muito particular, dos que se julgam muito inteligentes para poder serem classificados. Estes são os mais histéricos de todos; não sei se por cálculo por falta de coragem mesmo. O fato é que investem no caos para poder dizer que estavam com a razão.

A possível cura com o remédio para malária mostra bem isso. Se confirmar as propriedades de melhora com esta medicação será um duro golpe para os amantes do caos. Entre uma possível cura rápida e uma pandemia com mortos aos milhares, eles mostram muito bem o que preferem.

Reflexões de uma pandemia – 6

Hoje foi o primeiro domingo de quarentena. Muito ruim ficar longo dos amigos; reunir para tomar um bom vinho, bater papo. Demorará um bocado para sairmos de nossas tocas e nos confraternizarmos novamente; teremos que ter muita resiliência.

Começa a aparecer notícias de violência doméstica. Um roteirista da Globo cometeu suicídio; tinha depressão. Essas estórias serão comuns. O governo tem que pensar nisso também; organizar uma reação a estas externalidades do confinamento.

Tudo isso se agrava com a suspensão de missas e cultos. Os neopagãos acham que isso é besteira, que dá perfeitamente para viver sem. Não conseguem compreender o efeito que a prática religiosa tem em muita gente para acalmar e nos fazer controlar nossos demônios. Para muitos é o culto que os afasta da violência, da bebida, das drogas. A ausência destes momentos tem um efeito devastador para eles. E para suas vítimas.

Estamos vivendo um longo sábado santo. Aquele que Deus desceu à mansão dos mortos e ficamos sós, na amargura da ausência. Nossa esperança é que a ressurreição veio e como os viajantes para Emaús descobriremos que o Cristo esteve sempre entre nós.

Mais do que nunca, a humanidade precisa do Cristo.

Reflexões de uma pandemia – 5

Dormi mal a semana toda por causa do coronavirus. Ontém adotei uma tática diferente: cortei as notícias as 20:00. Nada de twitter, nada de saber o que está acontecendo.

Resultado? Dormi bem, como há tempos não acontecia.

Adotei esta rotina. Li rapidamente as notícias, e a histeria do twitter. Gente insistindo na importância de salvar a economia; gente insistindo em parar tudo agora e salvar as pessoas. Não tenho a menor idéia de quem está certo; é uma escolha de perde-perde. Não vou entrar nessa. Até porque tenho uma posição privilegiada em relação à maioria; minha renda é mantida independente do que eu produzo. Fica fácil para mim dizer que deve funcionar apenas as atividades essenciais e azar de taxistas, motoristas de uber, autônomos, etc.

Enfim, agora são 20:13 e é a última vez que trato deste assunto. Vou ver um filme, tomar um vinho e me alienar um pouco. Mais do que tudo, é questão de saúde mental. Temos uma maratona para percorrer e é só o começo.

Reflexões de uma pandemia – 4

Altos e Baixos

À medida que vai ficando claro que a pandemia vai durar por um longo tempo, a coisa vai se encaminhando para uma estranha rotina. Sabemos que o perigo está nos rondando, que por mais que tenhamos cuidado podemos nos contaminar por um único descuido; mas não é só isso, há os efeitos colaterais, pois pode nos faltar o socorro por um outro problema qualquer, como uma doença crônica, um acidente; já que os recursos estarão esgotados por conta da pandemia e, mais ainda, haverão as consequências terríveis da paralisação econômica que pode levar perfeitamente a uma convulsão social de difícil previsão e um colapso do tecido social que marca a nossa sociedade. Tudo isso no curto espaço de um ano.

Sempre imaginei o que pensava um inglês médio durante a II Guerra Mundial, vivendo aqueles longos 5 anos até a derrota final do regime nazista. Quando Churchil fez seu discurso, todos sabiam que seria um longo período de provação; que levaria alguns anos para serem felizes novamente, sem ressalvas, sem a tensão de ter uma ameaça permanente sobre suas cabeças. O grito da vitória em 1945 foi não só pela derrota de Hitler, mas pela certeza que poderiam aproveitar cada momento de alegria sem temer o que aconteceria no dia seguinte, sem a sensação incômoda que o inimigo estava à espreita, que poderiam ser golpeados a qualquer momento. Não, a alegria do dia da vitória é que tudo tinha acabado; os mortos estavam mortos, mas os vivos ganhavam finalmente um futuro sem amarras, sem considerações estatísticas sobre o dia de amanhã.

Estamos, de certa forma, em 1940. Procuramos alguma notícia boa, um fio de esperança, mas vamos nos dando conta que o inimigo é muito mais poderoso do que supúnhamos, e que muito nos será exigido. Alguns ainda teimam, fingem que não há nada demais, mas também estão com medo __ é perceptível. Dizem que na aparente tranquilidade de um avião, apenas 2% passam o vôo inteiro sem sentir um fio de medo. A grande maioria finge, e reza para todos os seus deuses a cada turbulência, a cada solavanco. Estamos um pouco assim. Muito fingimento, mas um medo real, o receio da incerteza de tudo que está por acontecer neste inesquecível ano de 2020.

Nunca mais seremos os mesmos.

Reflexões sobre uma pandemia – 3

O dia hoje foi dedicada a uma discussão sobre a China. Parece que usar o termo “gripe chinesa” gera manifestações violentas. No caso dos Estados Unidos, da esquerda.

Já no Brasil, de liberais e da direita que deseja ficar bem com os primeiros. Seja lá o que isso signifique. Ou seja, politizaram a pandemia.

Já eu estou mais preocupado em fazer minha parte. Lavar mãos, alcool gel na rua, evitar aperto de mão, distância social. É chato para caramba, mas vamos levando.

Fico pensando nas tais 20 semanas. Em algum ponto vamos entrar em uma rotina; em algum ponto vamos começar a relaxar. Não dá para viver tenso e atento a cada detalhe por tanto tempo.

É uma corrida de longa duração. Não adianta usar tanta energia no início e ficar sem gás ao longo do percurso.

Ah, tem também o tal remédio da malária. Funcionará realmente? Ter um remédio existente, mesmo que com efeitos colaterais fortes, já testado, disponível, parece bom demais para ser verdade.

Reflexões de uma Pandemia – 2

1

Hoje li um pouco sobre a gripe espanhola. Assustador. Nossos antepassados emendaram uma guerra mundial com uma pandemia mortífera, com milhões de mortos.

2

Nós brasileiros não temos a comunidade como um valor. Somos nós, família no máximo, e o Estado. Não temos dimensões intermediárias. No drama que apenas começamos a viver, teremos que aprender a cuidar uns dos outros. Como muitas vezes acontece, aprenderemos pela dor.

3

Leio em algum lugar que a média dos mortos na Itália é de 88,5 anos. E que 70% dos mortos são homens. Esse virus tem um alvo.

4

Então os mais jovens podem ficar tranquilos? Sair pelas ruas? Aí que vem o senso de comunidade. Todos convivemos com idosos, sejam parentes ou amigos. Temos que nos proteger não por nós, mas por eles. O Ministro Mandeta foi bem claro, nada é mais importante nesta pandemia do que proteger os nossos idosos. Temos que fazer nossa parte.

5

Por sinal, os idosos costumam ser bem teimosos. Já viveram muito, acham que resistem a tudo. Que é bobagem nos preocuparmos tanto com gripe. Vejo no trabalho. Muitos foram dispensados e insistem em ir trabalhar. No fundo, não querem se ver como dispensáveis.

6

Nem começou a nossa epopéia e os abutres já comemoram. Alimentam-se com tragédias. Arriscamos superar uma para cair em outra pior ainda. Logo agora que o mundo começava a se endireitar.

7

Um palpite: a União Européia começou a morrer.