
Essa pintura de Manet é citada por Julio Cortázar no capítulo 116 do romance O Jogo de Amarelinha. Em uma digressão, ele comenta a visão de um crítico de arte de que Manet teria prescindido do realismo, da ação, da visão moral para ressaltar a beleza plástica. Com isso, sem saber, ele teria se saído da modernidade para ingressar na Idade Média.
Na digressão, usando seu alter ego no romance, Cortázar diz que não se trata de um anacronismo ou retorno no tempo, mas de uma concepção que a história não é absolutamente linear, que há tempos que correm em paralelo. Os grandes artistas são capazes de transitar de um tempo para outro, fugindo da escravidão de sua própria época. Neste sentido, a grande arte é libertadora, pois permite entrar em tempo fora do tempo, onde se encontra o verdadeiramente humano.