Suma Teológica: 1ª Questão

Comecei, novamente, a ler a Suma Teológica, de Santo Tomás de Aquino. A 1ª questão trata da doutrina sagrada, ou teologia.

Chamou-me atenção o último artigo, base para os dois livros de Northrop Frye que tratam da relação da Bíblia com a literatura. Antes de chegar neste artigo, Santo Tomás jã tinha colocado que a teologia poderia recorrer a metáforas em suas argumentações. No artigo 10 ele coloca de maneira até aristotélica quais seriam os sentidos possíveis para o texto bíblico.

A Suma
  1. Histórico ou literal: como as coisas aconteceram na realidade. As figuras de linguagem, quando usadas para demonstrar a realidade, entram aqui.
  2. Analógico: relação do Antigo Testamento com o Novo. Diversas situações do Evangelho estavam pré-figuradas no texto mais antigo, mostrando que personagens e situações eram análogas.
  3. Moral: o texto ao mesmo tempo que nos mostra a realidade nos indica como devemos nos comportar.
  4. Anagógico: que trata das coisas eternas.

Para Santo Tomás, não é a linguagem que tem vários sentidos, mas a própria realidade criada por Deus que possui várias faces. A questão sempre será como interpretar estes níveis diferentes de significado.

Como aprender?

Como dizia um grande homem de letras: estudar é uma boa maneira de aprender; melhor, porém, é escutar o mestre; e ainda melhor, ensinar.

São Francisco de Sales

Três observações:

  1. Aprendi isso por experiência própria.
  2. O mestre não necessariamente precisa estar vivo. Eles nos ensinam também pelos livros.
  3. Não fala em escutar o doutor…

Viver o século

É comum escutarmos que temos que viver nossa época, seguir os padrões da sociedade em que vivemos. O famoso zeitgeist que dizia Nietzsche. Mas devemos mesmo? Temos que viver o século?

Em seu pequeno livro de Conselhos para a Direção do Espírito, Alphonse Gratry diz que não. Ele entende que estamos sujeitos a dois movimentos, um providencial e regular referente as coisas eternas e perenes, que valem para todas as épocas, que nos conduzem para junto de Deus e outro caprichoso e perverso, é o que denomina século. Este segundo é o modismo, a tentativa de se firmar contrariando toda sabedoria acumulada pela humanidade.

Para ele “romper com o século não é romper com a humanidade, é unir-se à humanidade e, ao mesmo tempo, a Deus”. Chama atenção também para a necessidade de silêncio para se contrapor à algazarra do mundo.

E você, o que acha?