Diretor ou ator?

O renascimento trouxe uma outra concepção de mundo, em que o homem ocupa a posição central na vida. Ele é a medida de todas as coisas.

Não podemos esquecer que o renascimento nasce dentro do cristianismo, onde o centro da existência é Deus, que não só criou o mundo (o cenário) como age na história (as situações). Não significa que a vida humana é dirigida por Deus ao ponto de tirar nossa liberdade. Por um ato de amor, Ele nos quis livres e para isso nos dá uma possibilidade de decidir e agir dentro dos limites que nos foi colocado. Nesse aspecto, Deus é como um diretor de uma peça e nós somos atores, que podemos improvisar muitas situações.

Já na concepção renascentista (e depois humanista), o homem dirige a própria vida. Ele constrói sua existência e é responsável por sua história. Deus está morto, dizia Nietzsche. Nós nos tornamos pequenos deuses a governar nós mesmos.

Com estas colocações, fica fácil entender o que Shakespeare queria dizer com sua famosa colocação:

O mundo inteiro é um palco
E todos os homens e mulheres não passam de meros atores
Eles entram e saem de cena
E cada um no seu tempo representa diversos papéis.

Mais que entender, podemos compreender qual era a visão de mundo de Shakespeare. Ela era profundamente cristã e medieval, além de absurdamente inspirada. Foi realmente um gênio.

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