STF perdeu o medo e resolveu retornar o país para o status quo

Nos últimos anos tivemos um alento ao ver corruptos ricos indo para a cadeia, sendo condenados em várias instâncias. Não é segredo para ninguém que a CF de 88 foi feita para impedir que isso aconteça. Como nem tudo é perfeito, ela deixou algumas poucas brechas, que foram exploradas pelo MP e um juiz corajoso o suficiente para enfrentar as raposas.

Pois o STF encontrou uma tecnicidade que não está escrito em lugar nenhum para anular tudo e voltar o país para a estaca zero.

É a revolta das elites. Quem somos nós para querer que fosse de outra forma? Não entendemos que o Brasil não foi feito para nós e sim para gente como boa parte dos ministros que estão na corte suprema.

O Brasil não tem solução.

Parece que até Deus largou mão e desistiu da gente.

Um guia para os perplexos

Anotem o nome deste livro. Trata-se de um dos melhores livros de filosofia que já li na vida.

Não, o autor não é o piloto. É um economista que defendeu a superioridade das pequenas empresas e dos pequenos negócios. Mas o livro não tem nada a ver com economia.

Vai mais a fundo. Tratarei dele em breve.

Infelizmente não tem tradução em português.

Brasília e seus direitos

Brasília é uma cidade peculiar. Existem direitos que são quase que exclusivos de seus moradores.

Um exemplo é o direito de estacionar.

Não tem vaga? O problema não é meu. É do estado. O direito a uma vaga de estacionamento é mais que constitucional, é direito natural ou divino (há os que dizem que é a mesma coisa).

Se o estado não me destinou uma vaga, estou automaticamente autorizado a estacionar onde eu bem entender. Em cima da calçada, em fila dupla, na grama, no meio do estacionamento, não importa, é meu direito.

Afinal, sou o dono de Brasília.

To Tame a Land:o progressivo encontra o heavy metal

Em 1983, o Iron lançava seu quarto disco de estúdio, o bem sucedido Piece of Mind. O disco marcava também a estréia do baterista Nicko McBrain, que está na banda até hoje.

Uma novidade no disco foi a primeira incursão da banda no progressivo, com o mini-epico To Tame a Land, baseado em uma das narrativas do livro Duna. O caminho aberto levaria a músicas como Rime of the Ancient Mariner, Alexander the Great, Empire of the Clouds e outras.

Muitas bandas tentaram imitar essa fórmula, mas não chegaram perto de executá-la com a criatividade e competência do Maiden.

A voz dos servos

Sempre que se fala em dar voz aos mais humildes, aos pobres ou mesmo os servos, imagina-se discursos contra a exploração. Afinal, o que mais eles poderiam nos dizer, não é? Essa literatura de protesto encontramos por todos os lados, ainda mais quando o marxismo tomou o imaginário de muitos artistas.

Mas será só isso que um servo tem a nos dizer? Um escritor russo do século XIX achava que não. Que se prestássemos atenção no que eles tinham a nos dizer aprenderíamos muito sobre a vida e as coisas que realmente importam.

Em Memórias de um Caçador, Ivan Turgueniev utiliza das caçadas de um narrador aristocrata para dar voz a diversos personagens humildes que ele encontra pelo caminho. Um exemplo é o conto Lgov, nome de um lago onde 4 personagens vão caçar patos. O narrador, seu caçador oficial (Yermolai), um caçador jovem que encontram pelo caminho (cujo queixo era preso por um lenço pois tinha sido atingido por um tiro acidental) e um velho pescador.

Boa parte do conto é o narrador escutando pacientemente a história de vida do velho, sob protestos de Yermolai, que não vê nenhum proveito em escutar uma pessoa tão simplória. Eles terminam virando o barco e retornam, guiados por Yermolai, que segura os patos mortos por uma corda pela boca. A ilustração abaixo mostra o momento do retorno.

São personagens vivos, que nos despertam a curiosidade sobre os mistérios da vida humana. Verdadeiras pinturas escritas.

7 coisas legais sobre este fim de semana

1. Vitória do Mengão. Jogo de duas equipes que se respeitam. Os dois Jorges vão abrir espaço para muito treinador novo no Brasil. Tem quase uma reserva de mercado dos medalhões.

2. Um molho de tomate que fiz no sábado, à base de mirepoix. Ficou da hora.

3. Escutei umas 5 vezes To Tame a Land, do Iron Maiden. Desculpe os haters, mas ninguém foi maior no Heavy Metal.

4. Li o primeiro capítulo do livro A Guide for the Perplexed, do Schumacher (o economista, não o piloto). Um absurdo de bom!

5. Estou substituindo perfis de política pelos de futebol, especialmente do Flamengo. Melhor para a saúde.

6. Vitória do Seahawks. Vitórias do Red Sox (mesmo sem valer nada).

Diretor ou ator?

O renascimento trouxe uma outra concepção de mundo, em que o homem ocupa a posição central na vida. Ele é a medida de todas as coisas.

Não podemos esquecer que o renascimento nasce dentro do cristianismo, onde o centro da existência é Deus, que não só criou o mundo (o cenário) como age na história (as situações). Não significa que a vida humana é dirigida por Deus ao ponto de tirar nossa liberdade. Por um ato de amor, Ele nos quis livres e para isso nos dá uma possibilidade de decidir e agir dentro dos limites que nos foi colocado. Nesse aspecto, Deus é como um diretor de uma peça e nós somos atores, que podemos improvisar muitas situações.

Já na concepção renascentista (e depois humanista), o homem dirige a própria vida. Ele constrói sua existência e é responsável por sua história. Deus está morto, dizia Nietzsche. Nós nos tornamos pequenos deuses a governar nós mesmos.

Com estas colocações, fica fácil entender o que Shakespeare queria dizer com sua famosa colocação:

O mundo inteiro é um palco
E todos os homens e mulheres não passam de meros atores
Eles entram e saem de cena
E cada um no seu tempo representa diversos papéis.

Mais que entender, podemos compreender qual era a visão de mundo de Shakespeare. Ela era profundamente cristã e medieval, além de absurdamente inspirada. Foi realmente um gênio.