Em 7 meses trabalhando no MEC constatei algo triste: a grande maioria das pessoas que nos procuram dizendo que estão preocupados com a qualidade da educação estão defendendo os próprios interesses ou da classe que pertencem.
Um exemplo é a EAD. Para uma parcela da população brasileira, é a única opção para fazerem um curso superior. Qualquer limitação à sua utilização, e entendo que algumas são necessárias, significa retirar a possibilidade deste brasileiro fazer uma faculdade e por isso mesmo tem que ser muito pesado.
Mas o que mais vejo é defenderem sua proibição para uma área específica. Se a tese desse pessoal prosperar, acaba praticamente a EAD no Brasil pois os pedidos já cobrem todo os cursos mais procurados.
No fim, acabam sempre se traindo. Começam com a preocupação sobre a EAD e em algum momento deixam escapar que naquela área já há profissionais demais. Ou seja, a proibição da EAD é uma estratégia para diminuir a formação naquela área. Para um país em que a quantidade de pessoas com curso superior é bem abaixo da média da OCDE, alguma conta não fecha.
Outra hipocrisia: sempre dizem que são a favor da EAD e depois acrescentam o “mas”. Como Ned Stark já ensinou recentemente, tudo que vem antes do mas é irrelevante. São a favor da EAD mas desde que pros outros.
O Brasil é um país de hipócritas.