O conto A Colônia Penal, do Kafka, é uma pequena obra prima. Está tudo lá: o espírito científico que despreza os sentimentos; uma máquina que serve como metáfora para a ideologia, seja ela qual for; o horror do explorador diante do mal; a segunda realidade e sua difícil comunicação com a primeira; o condenado, metáfora para o homem comum, que assiste tudo sem entender que a vítima será ele; o soldado representando o homem burocrático que cumpre suas ordens sem questionar, e por aí vai.
O que mais me impressionou é que foi escrito em 1914. Kafka nem tinha visto ainda o poder destruidor da ideologia quando toma controle do estado moderno. Mais um grande escritor que foi, antes de tudo, um visionário.
