A corrupção da inteligência foi tão profunda no Brasil que terminou gerando uma geração de estúpidos, entendido aqui no sentido dado por Eric Voegelin de pessoas incapazes de lidar com a realidade, inclusive nos seus aspectos mais básicos.
Os chamados especialistas, figuras constantes nas bancadas jornalísticas, desferem números e opiniões absurdas sem a menor contestação, sem qualquer crítica de jornalistas que aplaudem qualquer posição que seja a favor de certa visão de mundo e descartam o que contraria esta visão, ainda dominante.
O resultado é uma cobertura jornalística caótica, que enterra-se, com muita justiça, a cada reportagem e programa. O que Gramsci não viu em seu programa cultural é que os próprios corruptores se tornariam tão alienados quanto os corrompidos. Ao propor transformar uma geração em zumbis do partido, as melhores mentes do próprio partido se tornaram também zumbis. A contaminação é quase total. A esquerda está perdida porque é conduzida por estúpidos que ela própria formou.
No entanto, aqueles que souberam resistir, muitas vezes se colocando a margem de todo esse processo, estão encontrando caminho livre, em um ambiente de terra arrasada, para espalhar suas idéias, o que se constitui em um enorme risco.
O problema é que eles não encontram adversários capazes de discutir, e acabam falando sozinhos para uma massa que não os compreendem. Além disso, como já se mostrou na história, conhecimento nem sempre vem acompanhado de moralidade. Há muita gente com idéias corretas mas sem ética suficiente para ocupar o espaço público, tratando a política como se fosse uma missão divina particular. Acabam por desacreditar as próprias idéias por causa de forma como as praticam.
Não se enganem. Vivemos o caos. Nossa esperança é que deste caos saia alguma ordem verdadeira. Caso contrário, ficaremos entre religiões políticas com visões diferentes de paraíso, mas capazes de causar males imensos às pessoas comuns, que tem apenas o bom senso a guiá-las. Vivemos uma encruzilhada cultural no Brasil que quase ninguém percebe, mas que terá profundo impacto para as próximas décadas. Infelizmente, o que mais está faltando nesta hora é algo que os ingleses chamaram de senso comum. Vivemos uma época história em que todo mundo se julga senhor da razão e quer impor suas opiniões a todos os outros. Esta é a rebelião das massas que Ortega y Gasset alertou e que ninguém entendeu direito, pois interpretaram massa no sentido econômico e quantitativo, sem refletir na definição que ele deu de homem-massa. Para Ortega, homem-massa era justamente aquele incapaz de refletir e ponderar, que achava-se no direito a ter a opinião que quisesse e mais ainda, de impô-la a todo mundo.
Não precisamos mais do que cinco minutos nas redes sociais para entender o que Ortega estava nos dizendo. O Brasil virou uma gigantesca discussão em que todo mundo está convencido que a sua opinião está correta e que todos os outros estão errados. O resultado?
O caos.