Brasil, era de ouro?

O cartunista e estudioso da persuasão Scott Adams, utiliza a expressão “era de ouro” para descrever uma época em que as coisas parecem entrar nos eixos e tudo passar a dar certo.

A prisão e eminente extradição do assassino Cesare Batistti parece ser uma das evidências que o Brasil está entrando na sua.

Oremos.

General Villas Bôas e o exemplo que deu a todos nós

Quis o destino, um nome que usamos para Deus, que o General Villas Bôas atingisse o ápice da carreira de um soldado, comandar seu Exército. Trata-se da maior de todas a missões que um profissional das armas pode receber. Ele assumiu seu cargo, com imensa confiança e energia, há quatro anos atrás. Não sei o que passava em sua cabeça, mas todos imaginamos um pouco. A imensa responsabilidade, os desafios, a oportunidade de colocar em prática suas idéias maturadas ao longo de sua carreira de imenso sucesso, o senho de transformar seu Exército. Seja o que for, o General não imaginava, ao prestar a continência ao General Enzo, assumindo o Comando do Exército de Caxias, que o destino lhe daria um imenso fardo para carregar junto com a responsabilidade que assumia: uma doença degenerativa que aos poucos lhe paralisaria os movimentos.

Por que? Como era possível tamanha injustiça? Como Deus permitia ter seus movimentos tolhidos no momento do auge de sua carreira? Como um Exército poderia ser liderado por um homem em uma cadeira de rodas?

Para piorar a situação, ele não estava vivendo tempos comuns. O Brasil atravessava a pior crise política das últimas décadas. Protestos crescentes, instituições em cheque, escândalos de corrupção em todos os níveis. Não, o General Villas Bôas não navegava em calmos mares; eram tempos de tormenta. Tão graves que ameaçavam partir o Brasil. O que fazer? Renunciar para que alguém com melhor saúde o substituísse? Ninguém poderia condená-lo em tais circunstâncias. Mas não estaria faltando com seu dever? Não deveria continuar até o limite de suas forças?

Quero acreditar que o destino lhe tomou os movimentos para que se concentrasse no que seu país precisava, sua mente e seu espírito. Naquele momento decisivo, o Brasil não necessitava mais do Capitão, do Major, do Coronel. Necessitava de seu General, um general que tivesse sua força em suas virtudes e em sua inteligência. Um General que fosse capaz de refletir sobre a grave situação de seu país, decidir com acerto e liderar sua tropa.

O exemplo que dava a cada dia de como enfrentar sua situação, foi calando os críticos e fortalecendo seu Exército e sua liderança. Quando a crise chegou no auge, não haviam mais críticos e todos estavam unidos em torno dele. Vejam bem, não se trata de dizer que doença lhe deu a confiança dos militares e da sociedade. Não. O que uniu todos em absoluta confiança a seu Comandante foi a forma como ele lidou com o desafio que lhe foi colocado.

Todas as vezes que o vimos em formaturas, visivelmente debilitado, ou em palestras, brincando com sua própria situação, fortaleceu em nosso espírito a consciência que estávamos diante de um homem que estava dando tudo de si para cumprir seu dever. Não podíamos desistir do Brasil porque ele não desistia. Não podíamos nos dedicar menos porque ele estava dando tudo que tinha.

Durante toda crise ele foi firme como uma rocha: não existe intervenção militar; o povo brasileiro não pode ser tutelado; as instituições cumprirão seu dever; devemos respeitar a constituição. Não foi um passageiro, não foi passivo. Nos momentos decisivos se mostrou presente, utilizando principalmente sua palavras; poucas, mas de imenso peso simbólico. O General Villas Bôas lembrou aos responsáveis pelo destino do Brasil o dever de cada um. Lembrou da constituição. Lembrou da responsabilidade das instituições. Lembrou de nossa pátria. E eles fizeram o que tinham que fazer. Não são poucos que consideram-no um dos que salvaram este país do desastre.

Hoje ele passou o comando. Sua voz falhava, mas sua mente continua lúcida e mais aguçada do que nunca. Com lagrimas nos olhos, nos emocionou a todos. Não existe maior satisfação para um soldado do que cumprir sua missão. De onde estiver, Caxias contempla orgulhoso, também emocionado. Nunca um militar brasileiro enfrentou um desafio como o dele com tanta privação de seu próprio corpo. E ele venceu.

Quando vi as imagens da solenidade de hoje, chorei. Emocionei-me pois tive a rara oportunidade de assistir, mesmo à distância, um grande homem. Já apertei a mão dele por três vezes, algo que me orgulharei para o resto de minha vida e poderei contar para meus netos, porque não tenho dúvidas que entrará para os livros de história.

Por tudo isso, obrigado, Comandante! O senhor nos deu uma baita lição de profissionalismo e, principalmente, de vida. O senhor foi grande quando mais precisou ser. E, no fundo, para quem fez tudo isso? Não foi para si mesmo, foi para que as novas gerações tivessem uma chance. Foi por todos nós.

Só poderia terminar este texto com o brado que tanto ama: Selva!

Cel QEM Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior

Notas de Sexta

Olá pessoal, tudo bem? Divido com vocês cinco notas sobre o que andei apreciando durante a semana.

1.Um disco que estou revisitando: The Prisoner, do Ryan Adams. Este disco é especial, pois Adams estava se separando da atriz Mandy Moore e todas as músicas tratam da dor da separação e da perda. Fossas costumam render bons discos.

2. Um livro que estou relendo: Confissões, de Santo Agostinho. No livro X, ele faz uma interessante meditação sobre a relação da felicidade com a Verdade (observem o v maiúsculo!)

3. Um filme que assisti: O Natal de Angela, no Netflix. Sério, parem tudo e vão assistir. Só tem 25 minutos e é uma das coisas mais belas que o canal já fez.

4. Uma série de vídeos do youtube que estou assistindo: As Artes do Belo, do professor Carlos Nougué. Um documentário muito bem feito sobre a visão tomista da beleza e da arte.

Um pensamento que andei refletindo:

Onde encontrei a verdade, aí encontrei o meu Deus, a própria Verdade.

Santo Agostinho

Notas sobre a felicidade

Estou relendo as Confissões, de Santo Agostinho.

No Livro X, ele faz algumas considerações sobre o problema da felicidade. Fiz as seguintes notas no meu diário, para refletir:

  1. O homem só é realmente feliz na verdade.
  2. No entanto, frequentemente odeia aquele que tem a verdade (a verdade gera o ódio).
  3. Isso acontece porque não deseja estar enganado e por isso quer que o que ama seja a verdade.
  4. Como não quer ser enganado, não se quer convencer que está no erro.
  5. Assim, odeiam a verdade por causa do que amam em vez da Verdade.
  6. Amam quando a verdade os iluminam e a odeiam quando os repreendem.
  7. Porém a própria verdade os castigará, denunciando todos os que não quiserem ser manifestados por ela.

Comentário meu: na base de tudo está a identificação da Verdade com Deus. Como Deus e a Verdade são o mesmo, a revolta contra a Verdade é a revolta contra Deus e vice-versa.

Será feliz quando, libera de todas as moléstias, alegrar-se somente na Verdade, origem de tudo que é verdadeiro.

Santo Agostinho

Imprensa brasileira: o show de hipocrisia

Não tem como dourar a pílula.

A maior parte da imprensa declarou guerra ao Brasil.

Estão ressentidos e querem vingança. Comportam-se como garotos mimados do primário. Inclusive os mais velhos.

Eles assumiram um lado durante as eleições e, por isso, perderam.

Se soubessem fazer seu trabalho com independência, não teriam perdido.

O mais nojento é que quando a coisa aperta, tornam-se vestais.

Tente confrontá-los, mostrar seus erros. Gritam pela liberdade de imprensa, pelos fundamentos da democracia, pelo papel civilizador do jornalismo.

Hipócritas. Vocês são assessoria de imprensa do esquerdismo mundial. E péssimos, por sinal.

Fizeram e fazem um mal tremendo ao Brasil.

Democracia conservadora

Li ontém o artigo do Yoran Hazony na First Things, tratando do que ele chamou de “democracia conservadora”.

É um senso comum que a democracia liberal é a única alternativa ao totalitarismo, seja ele marxista ou fascista.

Para Hazony, a democracia liberal parte de 3 axiomas:

  1. A razão está disponível para todos e é suficiente para organizar a sociedade
  2. Todos os indivíduos são livres e iguais
  3. As obrigações sociais e políticas derivam de uma escolha

Qual o problema desta formulação? Não deixa espaço para as forças estabilizantes de uma sociedade (pelo menos a ocidental): Bíblia, religião, nação e família.

O resultado depois de quase um século de dominação da democracia liberal é a destruição de todos estes valores. A família está devastada, as nações perdendo sua identidade e autonomia, a religião reduzida a um culto privado, a Bíblia não mais reconhecida como uma fonte de sabedoria.

Hazony defende uma alternativa, a democracia conservara.

Uma visão que tem por base o conservadorismo ango-saxão, mas que acomoda as questões da sociedade atual. Ela toma por base os valores estabilizantes da sociedade e não os impõem, mas os respeita.

O poder político não pode ignorar as crenças profundas da sociedade sem arriscar acabar com ela. E temos que começar a questionar a democracia liberal sem que isto seja uma defesa do totalitarismo.

Aliás, temo que a forma mais segura para termos o totalitarismo e continuarmos nessa caminhada para os sonhos utópicos da democracia liberal.

Bolsonaro e a nova era

Estão chamando de nova era o governo que se inicia. Exageros à parte, há uma certa verdade. É a maior mudança de direção que o Brasil atravessa, pelo menos desde 1985.

Collor ensaiou uma mudança liberal, mas jogou tudo no lixo com o imperdoável plano econômico que confiscou dinheiro dos brasileiros, seguindo a receita de uma economista incompetente.

Daí veio o esquerdismo de Itamar-FHC-Lula-Dilma-Temer. A única variação era no grau de implementação de uma agenda socialista e globalista. Alguns eram mais comedidos, outros mais afoitos.

Bolsonaro deixou claro em seu discurso de posse que seu principal objetivo é mudar o rumo do transatlântico chamado Brasil e afastá-lo da direção que segue desde a chamada redemocratização.

Mas enganam-se quem pensa que os mais revoltados hoje eram os petistas ou esquerdistas radicais.

Há uma turma anti-petista, que sonhava com a volta do tucanato, que não se conforma. Eles torcem para o governo dar errado para poderem dizer “eu não avisei?”.

Um dos símbolos desta tribo é o que chamei de mente amargurada (ou mente isentona), pela fixação que tem pelo trabalho do isentão-mor ianque, o Mark Lilla. Coloca-o, inclusive, como maior que Roger Scrutton, que faz severa críticas. Segue-o uma turma de professores de filosofia, mas de pensamento raso, e puxa-sacos que se ressentem contra a chamada nova direita.

Principalmente pelo anti-intelectualismo da nova turma que apoiou, sem pudores, a candidatura do Capitão. A turma do mente amargurada se caracteriza pelos títulos.

Essa turma, no fundo, queria ser o petismo de sinal contrário. O populismo bolsonarista atrapalhou seus planos.

Serão quatro anos de chorume. Haja paciência.