Notas sobre o artigo do Mark Lilla

Enquanto o tt do twitter discutiam uma treta no PSL, chamou-me mais atenção um artigo do Mark Lilla que trata de uma terceira via, à direita, na política francesa.

Li o artigo. Algumas notas:

  1. Lilla é um liberal (esquerdista). Ele pode estar à direita do liberalismo EUA, mas continua sendo um liberal.
  2. Significa que as idéias vem em primeiro lugar e, de certa forma, continua prisioneiro de suas categorias.
  3. Ele observa bem a existência de uma maioria católica silenciosa na França, que poderia ter eleito o tal Fillon, se este não tivesse se envolvido em corrupção. E mesmo assim, quase passou para o segundo turno.
  4. Ele considera que a posição de direita é o espantalho que o esquerdismo faz dela. Conservador nos costumes e liberal (sentido econômico) na economia. Nada de estado, anti-globalização, anti-imigração, anti-ambientalista, etc.
  5. Ele se surpreende que há uma nova direita surgindo na França que tem a mesma posição conservadora nos costumes, incluindo ser contra a UE, mas é contra o livre mercado, adotando posições quase marxistas (ou social-democrata).
  6. Esta direita seria pró-ambientalista, contra o capitalismo, a favor do Estado-nacional. Ele cita a encíclica de Francisco como sua referência.
  7. Lilla parece ignorar a doutrina social da Igreja, que sempre se distanciou tanto do capitalismo quanto do socialismo. Parece que ele é prisioneiro desta dicotomia, acreditando que só pode ser um ou outro, ignorando o que a Igreja afirma nos últimos cem anos, que socialismo e capitalismo tem raízes comuns, no individualismo do homem-exterior, como dizia Gustavo Corção.
  8. Que Bento XVI já tinha mostrado a posição da Igreja quanto ao meio ambiente em sua última encíclica, e que escreveu boa parte da encíclica de Francisco. Que conservar o meio ambiente é uma posição histórica da Igreja, o que não pode ser confundido como o alarmismo do aquecimento global.
  9. Lilla entende que a entrada desta direita no debate, através de jornais e criação de escolas é fazer Gramcismo. Acho que ele deveria estudar mais Gramsci.
  10. Há uma grande diferença entre ocupar cargos na Cultura para impedir o debate, demitir inconvenientes e obter uma hegemonia cultural e buscar um lugar para poder expressar idéias e participar do debate público. Acho que para Lilla, eu ter um blog na internet é praticar a estratégia do Gramsci. Se eu o entendi corretamente, tudo é Gramsci.
  11. Apesar de tudo, Lilla parece estar interessado em entender o pensamento conservador e ler seus autores de referência. Já é algo que 99,9% dos liberais se recusam a fazer. O problema é estar preso a suas próprias idéias, como achar que ter uma visão coerente que explica o mundo é algo que falta à direita tradicional quando é exatamente a estrutura da realidade. Não existe uma visão única que explique o mundo; esta é exatamente o erro que leva à ideologia.
  12. O mundo não se resume a uma disputa de ideologias. Há uma posição anti-ideológica, que se recusa a subordinar a realidade às idéias. Esse sempre tem que ser um ideal para quem busca a verdade, que muitas vezes é rotulado de direitista ou conservador para intelectuais como Lilla.

Em tempo: acho que entendo a admiração de certa @, do crítico que não sabe escrever, por ele. Lilla fornece as caixinhas que o crítico gosta para poder rotular tudo e poder afetar superioridade. Olavo já tinha criado uma definição para tipos como ele (e Lilla). A do intelectual gostosão.

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