No livro Hitler e os Alemães, em que analisa como o povo alemão aceitou ser governado por um tipo como o Fuher, o cientista político Eric Voegelin utiliza um símbolo criado pelo romancista Robert Musil: o estúpido.

Não se trata de um xingamento, longe disso; Voegelin sempre utilizava os termos em seus sentidos técnicos. Estúpido remonta à escolástica, do latim stultus, que Santo Tomás utilizava para se referir ao homem que é incapaz de aceitar a realidade.
Se voltarmos ainda mais, chegaremos no escravo por natureza, de Aristóteles.
Estúpido, portanto, significa não reconhecer a realidade. Há dois tipos, ensina Musil.
O estúpido honrado, que não aceita a realidade por desconhecê-la, como acontece com a maioria de nós.
E há o estúpido inteligente, que recusa a realidade por um ato consciente. O famoso “não quer aceitar a verdade”.
Voeglin acrescenta que o problema do estúpido é que sua estupidez gera consequências para os outros. Principalmente, se este estúpido for colocado em uma posição que jamais poderia ocupar, passando a ter condições de impor sua visão de mundo aos demais. Neste caso, temos o estúpido criminoso.
Em seu livro, Voegelin, analisa a degradação espiritual de parte significativa da sociedade alemã, que foi capaz de permitir que um estúpido criminoso como Hitler chegasse ao poder.
Ontem tivemos uma pequena amostra de um estúpido criminoso no poder.
Se quer saber um pouco mais sobre estupidez criminosa, tem este vídeo que gravei no youtube.