Nike revolveu lacrar: seu direito. Assim como as consequências

Colin “Copérnico” vinha de duas temporadas medonhas quando resolveu iniciar seu protesto. Depois de duas temporadas fantásticas, com um superbowl e uma final de conferência perdidas no detalhe, todas por uma bola, ele caiu absurdamente. Pessoalmente acho que foi o mesmo que aconteceu com outros QB que tinham o forte no jogo corrido. Os times aprenderam a anular as infiltrações e evidenciaram suas limitações no que deve ser a melhor qualidade de sua posição: o lançamento. Não é o primeiro que isso aconteceu, nem será o último. Essa tática não funciona contra Russell Wilson, por exemplo, porque este é capaz de lançar e muito bem.

Ou seja, era um jogador que tinha chegado em uma barreira. Pergunto-me se teria feito o que fez se ainda estivesse no topo. Não temos como saber. O fato é que não trocou o sucesso por um ideal, como a Nike tenta vender com sua propaganda, obra de marqueteiros cada vez mais ideológicos, mas de alguém frustrado que encontrou no lacre uma forma de se manter em evidência.

A Nike tem todo o direito de fazer sua aposta, mas o consumidor também tem todo o direito de fazer sua escolha e boicotar a marca. Lacre, nos dias de hoje, tem consequências. Ainda bem. O mundo fica melhor quando a pele está em jogo.

Notas sobre a tragédia do Museu Nacional

Uma tragédia como a que aconteceu no Museu Nacional não acontece por um único fator; o que não quer dizer que não se possam responsabilizar os culpados. Nas notas abaixo, aponto alguma causas, remotas ou imediatas, sem ordem de importância.

  1. Alguns dizem para não politicar o que aconteceu, que é o mesmo que deixar de responsabilizar os culpados. A administração do Museu estava e está nas mãos de políticos. Devem sim ser responsabilizados.
  2. Também não adianta ir longe do problema. O dinheiro para manter as instalações do museu existia e estava nas mãos da UFRJ, cujo reitor atual é funcionário do PSOL, com vários companheiros de extrema esquerda nas diretorias. Ao que parece a preocupação desta turma era a agenda progressista e não preservação de patrimônio histórico.
  3. Todo mundo lembrando do Ministério da Cultura, mas desta vez o dono do problema era o Ministério da Educação. Mesmo assim, o Ministro não pode muito pois as universidades tem, por lei, a tal autonomia para definir suas prioridades e gastar seus recursos como achar melhor.
  4. Daí vem grande parte da responsabilidade do reitor _ este mesmo que culpou os bombeiros. Se ele tem autonomia para escolher, tem que ser responsabilizado por suas escolhas. Nenhum gestor tem dinheiro para fazer tudo que quer ou precisa; sempre é preciso priorizar. Quais foram as prioridades do militante do PSOL? É desta análise que deve ser responsabilizado.
  5. Falam do teto de Temer. Besteira. Essa conversa vem da falsa idéia de economistas de esquerda, e que caiu como doce nos ouvidos dos políticos, que todo gasto público pelo governo é bom para a economia e para a sociedade. As esquerda acha que dinheiro público não tem fim, que a simples análise do gasto, sem comparar com receitas e outras alternativas, é justificativa suficiente. O bom senso ensina que primeiro, deve-se perguntar se tem o dinheiro; depois, se determinado gasto é o melhor para este dinheiro comparando com as outras alternativas. A manutenção do museu custava praticamente o mesmo que a produção de um livro de fotos do Chico Buarque. Não tendo dinheiro para os dois, em que empregar? Está é a pergunta de ouro que deve julgar os gestores.
  6. Canecão. Este é o símbolo da competência da UFRJ na administração de um patrimônio. Décadas brigando na justiça pelo direito de transformar uma casa de shows em ruína.
  7. Sobra hipocrisia na hora de falar do descaso com a cultura. Eu mesmo nunca visitei o museu, mesmo tendo morado anos na cidade. Não vou tentar uma justificativa; é uma vergonha de minha parte. Talvez por isso eu tenha um pouco mais de cuidado ao apontar o dedo para os outros. O descaso existe, mas poucos podem ter consciência limpa nesse ponto. Especialmente os jornalistas, todos cheio de dedos apontando culpados.
  8. A esquerda quer sempre aparecer como defensora da cultura, mas temos que lembrar que nossa esquerda é gramsciana, mesmo que poucos deles saibam. Eles acham que a cultura é um instrumento de poder. Uma exposição do queer museu é muito mais importante como instrumento que um museu de história natural. Nesse aspecto, o reitor seguiu a doutrina que seu partido segue.
  9. Colocamos milhares de cargos da administração pública nas mãos de políticos. Ainda não caiu a ficha na maioria do tamanho desta tragédia. Mesmo que fossem todos honestos, o que estão longe de ser, seria uma desgraça pelo completo despreparo para a função. Políticos são para cargos políticos, ou seja, para cargos de decisão no nível político. Ministro da Saúde pode ser político; diretor de Hospital, não. Ministro da Educação pode ser político. Reitor de universidade, de jeito nenhum.
  10. A tragédia é simbólica por diversas perspectivas. Podemos chamar o museu nacional cultura brasileira e o incêndio de Antonio Gramsci. É bem fiel ao que aconteceu no Brasil desde os anos 60.

As chamas do museu nacional

É triste demais. E simbólico. Nosso museu imperial, criado por D João VI, um dos três maiores estadistas brasileiros (os outros dois foram os imperadores), não existe mais. Muita gente está tacando pedra no país, mas nesse momento não tenho ânimo para isso.

Estou chocado. As obras, o prédio, tudo se foi. Uma memória que não voltará mais. Duzentos anos de história se acabaram em uma noite. Ardendo nas chamas. Muito triste.

E uma vergonha. Para o país? Não, para mim. Morei diversas vezes no Rio e nunca o visitei. Sempre deixei para amanhã. Para a próxima oportunidade. Pois não haverá mais. Estou envergonhado. Falo tanto de cultura e nunca coloquei meus pés neste Museu.

Sobre as responsabilidades, já sei que não dará em nada. Como nunca dá. Ninguém será responsabilizado. O jornalismo vai falar uns 3 dias, vai fazer textos e textos, todos indignados. Mas daqui a pouco voltamos à mediocridade de sempre.

Mas sem o museu. Este não existe mais.

Um dia triste para o Brasil.

O TSE e o julgamento bizarro

Distante dos acontecimentos no Brasil, curtindo um fim de semana no interior da Colômbia, não posso deixar de comentar rapidamente o julgamento que indeferiu a candidatura do Senhor Luis Inácio.

Não me lembro de alguma vez ter escutado algo parecido. Um tribunal superior eleitoral reunir-se para decidir se um condenado, que cumpre pena, pode concorrer ao cargo máximo de um país. É uma degradação absurda. Nem era para um juiz decidir sobre isso. O funcionário que recebe o pedido de candidatura deveria, de ofício, já meter o carimbo de indeferido. Onde já se viu bandido candidato? Pior que a gente sabe que esta porcaria de causa ainda vai subir para o supremo, onde os ególatras metidos a deuses do Olimpo vão promover mais um espetáculo televisivo. Imagino que será novamente indeferido, mas ainda terá uns 3 ou 4 votos a favor do absurdo.

Aliás, registre-se que ontem um ministro do STF, alegando o cumprimento de um bilhete escrito por uma dupla de sub-funcionários da ONU, votou pela candidatura do corrupto comprovado e a Sra Rosa Weber deu um voto que ninguém entendeu, que o candidato poderia fazer campanha só não poderia ser candidato, ou alguma esquisitice do gênero.

Volto a repetir, nada é tão nefasto para o país hoje do que os ministros que foram colocados no supremo. Não é de hoje que quando precisam julgar com juízes dos tribunais superiores tomem um banho. Nossos ministros, em geral, não tem estatura, nem moral e nem técnica, para ocuparem as cadeiras que ocupam. Eles transformaram um instituição confiável em motivo de chacota e vergonha para os brasileiros de bem, que sim, são maioria.

Difícil superar esta âncora que mais de 20 anos de presidentes de esquerda criaram para o país. A maior de todas.