Notas de Sexta: Aretha Franklin, Rush, Machado de Assis e Lilla

Olá pessoal!
Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

Uma perda — Aretha Franklin. Ela não foi grande, foi gigante! Agradeço muito ao filme The Commitments por ter me introduzido no soul. Ela e Otis Redding são meus favoritos.

Discografia que estou revisitando — Rush. Tudo porque postei uma foto minha no facebook, em que estava com uma camisa como o logotipo deles, e alguém fez um comentário sobre a banda. Fazia tempo que eu não os escutava e resolvi aproveitar o spotify para rever a discografia. Confesso que estou há alguns dias travado no Caress of Steel, um disco que eu pouco tinha escutado. Os dois mini épicos do final tem passagens belíssimas.

Uma crônica — Conhecida como A Menina, a crônica que Nelson Rodrigues narra o nascimento de sua filha Daniela. Simplesmente sensacional. Até eu sonhei com os quatro violinistas cegos.

Um livro que comecei
A Mente Naufragada, do Mark Lilla.

Citação que estou meditando

“Uma das grandes tragédias da modernidade foi a depreciação da aventura como gênero literário”
Autor que prefere ficar anônimo

E aí, o que acharam? Deixem uma opinião nos comentários. Gostaria muito de saber algo interessante que anda fazendo. Aproveite este espaço!

Não aprenderam

Vejo os analistas políticos, profissionais e amadores, usando as mesmas prisões mentais que estão presos há anos. As mesmas que os tem levado a errar quase tudo nos últimos 2 ou 3 anos. Poderiam fazer uma pausa, pensar, buscar entender o que deu errado. Podiam ler Taleb, os vídeos e livro do Scott Adams, ler Mark Lyla, mas para que?

Continuam com as mesmas heurísticas de eleições passadas. Tempo de televisão, aliança, candidato de centro, populismo, rede social não ganha eleição (então por que facebook, twitter, youtube para instituir censura?), posição conciliadora de candidato, quarto poder, etc. Nada de pele em jogo, persuasão, mente naufragada, identificação vence analogia e por aí vai.

Depois tomam uma lapada e não sabem de onde veio.

Crônicas

Há um lugar comum que crônicas são textos leves sobre o cotidiano. Muitas vezes está correto, mas nem sempre; pode ser profundo também; pode ser bem triste.

Esta semana li e estudei uma crônica do Nelson Rodrigues. Faz parte de um conjunto que crônicas que escreveu sobre suas próprias memórias. A crônica que li, que ficou conhecida como A Menina, mas que não recebeu título do Nelson (é apenas a número 10 de seu livro de memórias), trata do nascimento de sua filha Daniela. É genialidade pura e destrói todo este lugar comum de texto leve sobre o cotidiano.

Obrigado ao professor Rodrigo Gurgel por tê-la apresentada em seu curso.


Para quem gosta de literatura, os cursos do professor são impagáveis. Confira em sua página.

 

 

 

O poder das multidões e a democracia

Tenho lido muito sobre os problemas da democracia, considerado o melhor regime político criado pelo homem, e por isso mesmo longe de ser perfeito. Recentemente li textos de João Pereira Coutinho, Olavo de Carvalho e um audio do falecido José Munir Nasser, em aula sobre Ortodoxia, do Chesterton.

Todos alertam para o mesmo ponto: Platão e Aristóteles consideravam a democracia a perversão de um regime possível, a República (ou Cidadania). Aristóteles, lembra José Munir, alertava em seu livro Política que os cargos do executivo não deviam ser alvo de eleições. Apenas os representantes (legislativos) deveriam ser eleitos. Por que o estagirita assim considerava? Porque os governantes não poderiam ficar reféns das vontades dos eleitores. Aliás, Aristóteles dizia também que não devia se incentivar a participação política para evitar que aqueles que não se importam, nem procuram se educar, passassem a ter voto. Anti-democrático? Sim, mas é este o ponto. Aristóteles não considerava a democracia um modelo virtuoso. O que não significa que defendesse uma tirania, para ele o pior dos regimes.

Lembro que Chesterton também chamava atenção que a democracia estava sempre a um passo da tirania. Bastava que o povo perdesse a paciência e resolvesse dar poderes especiais para uma pessoa ou grupo resolver logo os problemas da sociedade (veja os episódios 1 a 3 de Guerra nas Estrelas, uma aula de como a democracia se torna uma tirania).

Coincidência ou não, hoje estava lendo Rites of Spring, o livro de Modris Eksteins sobre a Grande Guerra. Ele narra no Capítulo 2, Berlin, como as multidões foram as ruas na Alemanha para exigir a guerra quando o Arqueduque Francisco Ferdinando foi assassinado em Seravejo. Os moderados do governo _ sim, eles existiam! _ e a oposição de sociais-democratas e socialistas, todos contra a guerra, se viram obrigados a votar no parlamento pela guerra, pois viram que não havia como ir contra tamanha vontade popular. O Kaiser, que sempre trabalhou no limite, forçando a política externa sempre a um passo de um conflito, também não teve como resistir. Em resumo, os políticos se viram pressionados pelo povo a se lançar em uma aventura que sabiam ter pouca chances de sucesso pelo tamanho da aliança França-Inglaterra-Rússia. Pode-se dizer que foram altamente democráticos e escutaram a vontade popular.

O resultado foram algumas dezenas de milhões de mortos.

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A policial Juliane não tem pedigree

Toda vida é sagrada. Por isso não costumo usar os adjetivos da vítima para afetar indignação, como fazem os humanistas de sempre. Esta semana tivemos um triste exemplo de uma soma de coisas tortas.

Uma policial, negra e homossexual, foi torturada e morta. Cito a condição de mulher, cor de pele e orientação sexual para evidenciar um ponto, pois para mim ela importa tanto quanto qualquer outra pessoa, e não digo isso para desvalorizá-la, muito pelo contrária. Juliana era uma pessoa, e isso basta para que tenha toda minha solidariedade e que seu assassinato me machuque.

Ontem, A Folha de São Paulo divulgou talvez a matéria mais canalha que já vi na minha vida. Em seu último dia de vida, Juliane teria ido para uma boate, bebido e beijado. Sim, sugeriram que era um promíscua, alcoólatra e tudo mais. Para que isso? Mesmo que fosse, qual o sentido de fazer este retrato de um pessoa que acabou de ser brutalmente assassinada? Vejam a forma como a mesma Folha retratou Marielle e como tratam agora a policial? Como não dizer que o jornalismo está no fundo do poço?

Mas não é só isso. Eu disse que não faço distinção dos adjetivos de uma pessoa assassinada, mas tem muita gente que faz. Tem muita gente que disse que Marielle só foi morta porque, bem, era negra, mulher e gay. Os mesmíssimos predicados de Juliane. Diante da matéria escrota da Folha – que esta na cruzada da censura em nome de fakenews – fez o que? Silêncio absoluto. Nem um pio. Nem uma entidade de direitos humanos ou de direitos das mulheres se pronunciou em defesa dela. Imaginem se a mesma matéria fosse em relação à Marielle?

E vocês querem que eu respeite esta gente? Eles não são defensores de direitos humanos, são defensores de direitos humanos para esquerdistas. Eles não são defensores das mulheres. São defensores das mulheres de esquerda. Lembram da quando um professor de filosofia disse que a Rachel Scheherazade merecia ser estuprada? Também nada disseram. Mas correram para socorrer o Luis Inácio quando apareceu falando de mulher do grelo duro em tom nitidamente pejorativo. Esses grupos, partidos políticos e pessoas que dizem defender minorias possuem uma agenda nitidamente ideológica e nessas horas, quando a pessoa que não tem o pedigree correto precisa de defesa, silenciam-se não só covardemente, mas de forma imoral.

Folha de São Paulo e esta turma merecem nosso desprezo. Possuem ódio demais no coração para fazerem algo de positivo para a sociedade. Temos que começar a diferenciar discurso de atitude e julgá-los pelo que efetivamente fazem.

Notas de Sexta

Olá pessoal!
Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

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Filme que revi — Caçadores da Arca Perdida. Um clássico.

Um disco que estou escutando — The Blues is Alive and Well, do Buddy Guy. Lançando disco novo com 82 anos de idade! Isso deve ser algum recorde, não é possível.

Peça que terminei — Our Town, do Thorton Wilder. Impressionante. Uma meditação sobre a importância que cada dia tem em nossas vidas. Somos cegos.

No youtube
Quer saber algo sobre Eric Voegelin, maior cientista político do século XX? Vejam esta palestra do Martim Vasques da Cunha.

Citação que estou meditando

“Conhece-te a ti mesmo, em Deus”
Etiene Gilson

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As Envoltórias do Homem: Corção, um monstro!

Ainda estou terminando o capítulo único que Gustavo Corção inseriu entre a parte que trata da Idade Antiga e da Idade Média em Dois Amores, Duas Cidades. O que ele coloca nestas páginas é absurdo em profundidade e clareza.

Ele trata essencialmente da relação do homem com o meio, assumindo a posição de que o homem cria o meio e é influenciado por ele, negando o determinismo social. Trata também da psicologia de Freud, e em como ela deixou de ver a envoltória espiritual da vida humana, negando que além do apetite pelos prazeres, o homem tem um forte impulso de ver realizar as suas idéias, uma dimensão da mentalidade humana.

Trata também dos mecanismos que usamos para obter certezas, seja pela observação direta (visão) ou pelos testemunhos (audição). E trata também das certezas errôneas. Basicamente temos nosso interior como fonte de confrontação com as idéias. Se este interior está desarrumado, só aceitaremos idéias que estejam em acordo com este interior. Aceitar algo diferente seria ser forçado a mudar interiormente, a metanóia dos gregos ou mudança por amor dos cristãos. Muitas pessoas estão tão desarrumadas interiormente que não querem confrontar seu interior. O que fazem? Buscam grupos externos de referência, em um processo aglutinador através de slogans ou palavras de ordem. E eu pergunto, não é o que vemos hoje?

Ainda estou na primeira leitura, mas terei que estudar profundamente este capítulo. Corção era um gênio e este livro TEM que ser re-editado. Urgente!

Bergman, silêncio III

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Semana passada assisti o terceiro filme da trilogia de Bergman sobre o silêncio de Deus. O Silêncio (1963), conta a estória de um dia na vida de duas irmãs, a intelectual Ester e a sensual Ana. Diante de um ataque de bronquite crônica de Ester, elas interrompem uma viagem de trem e se hospedam em um hotel em uma cidade não nominada, que vive a expectativa de uma guerra.

Minhas notas iniciais:

  1. Onde está o silêncio de Deus neste filme? Ao contrário dos dois outros filmes, nenhum das personagens formula indagação sobre Deus.
  2. Talvez a solução esteja no entendimento dos dois primeiros mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo.
  3. Se o foco de Luz de Inverno está na relação direta com Deus, O Silêncio tem seu centro na relação entre as pessoas.
  4. Se o padre encontra o silêncio de Deus talvez por sua incapacidade de se comunicar com as pessoas, a situação aqui parece invertida. As irmãs talvez falhem em se comunicar pela ausência de uma preocupação com Deus. Ambas se entregam a seus ídolos (sexo e vida intelectual).
  5. No fundo, as irmãs são iguais. Só muda o foco da atenção delas. Não sabem lidar com o amor entre elas e tudo vira uma oportunidade para agressão e causar dor.
  6. Quem mais fala no filme é o estranho camareiro, que parece se preocupar genuinamente com o sofrimento de Ester.
  7. O filho de Ana está entediado, pois é ignorado pelas irmãs pela maior parte do tempo. Talvez represente o futuro, que é sempre sacrificado quando nos deixamos levar por nossas intemperanças.
  8. Desta vez o filme não tem uma abertura para alguma otimismo. O destino das irmãs parece fadado à infelicidade. O que fica evidente é a falta de comunicação real entre elas. Mesmo quando conversam, se deixam levar pelo ressentimento e não abrem espaço para um entendimento verdadeiro.
  9. Como no primeiro filme, novamente Bergman sugere a questão do incesto. Por que? O que deseja comunicar?

Notas de Sexta

Olá pessoal!

Eis minha lista semanal de 5 coisas interessantes que andei fazendo (inspirado pelo Tim Ferris 5-bullets friday)

Filmes — Assisti a trilogia do Ingmar Bergman sobre silêncio de Deus: Através do Espelho (1961), Luz de Inverno (1962) e O Silêncio (1963).

Uma música que estou escutando —It Make’s no Difference (The Band). A voz do Rick Danko nesta música é algo fora do normal. Emoção pura.

Livro que comecei — 50 Crônicas Escolhidas, do Rubem Braga

No youtube

Comecei a ver a série sobre a Marvel do Bunker do Dio.

Citação que estou meditando

“I don’t argue”

The Barber, da Flannery O’Connor

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