A Grande Guerra e suas causas

Terminei de ler hoje A Grande Guerra que Acabou a Paz (The War that Ended Peace: The Road to 1914), da historiadora Margaret MacMillam. Parece difícil acreditar, mas a Europa que virou o século XX estava tomada pelo otimismo. Desde a derrota de Napoleão que o continente atravessava um período de paz e prosperidade e havia uma sensação que a guerra era um assunto superado, coisa do passado bárbaro. Graças a ciência e o comércio, o futuro era da realização plena da humanidade.

Tudo isso ruiu em uma década. Como foi possível? Como os líderes europeus permitiram que o assassinato de um herdeiro de um império decadente se transformasse em um conflito entre nações e muito rapidamente em uma guerra mundial? O que aconteceu para que as crise, como acontecera por três vezes nos Balcãs nos anos anteriores, desta vez arrastasse a Europa e o mundo para uma carnificina jamais vista?

Através de 700 páginas, MacMillam nos mostra todos os líderes e países envolvidos no caminho que levou ao conflito. Seu principal argumento, e me parece válido, é que foram tantas personagens e interesses envolvidos que não dá para apontar um culpado único. Analisando cada causa, cada uma intricada com outra, fica difícil perceber como poderia ter sido diferente, mas ao mesmo tempo ela evitar cair no fatalismo de que a guerra era inevitável. Não era. Os estadistas da época puderam decidir entre a paz e a guerra, e optaram pela última. A conclusão que a historiadora chegou é que faltou imaginação aos personagens para perceber o que significaria aquela guerra e coragem para resistir a pressão e mais uma vez optar pela paz, como fizeram por diversas ocasiões durante a década que antecedeu a guerra.

No fim, valeu a advertência melancólica do ministro de relações exteriores britânico, Edward Grey, que tanto trabalhou para manter a liberdade de decisão da Inglaterra até o último minuto (o que pode ter sido um dos fatores para a guerra), feita no dia que em que decidiram pela guerra:

Apagaram-se as luzes sobre a Europa e talvez não voltaremos a vê-las em nosso tempo de vida.

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