A policial Juliane não tem pedigree

Toda vida é sagrada. Por isso não costumo usar os adjetivos da vítima para afetar indignação, como fazem os humanistas de sempre. Esta semana tivemos um triste exemplo de uma soma de coisas tortas.

Uma policial, negra e homossexual, foi torturada e morta. Cito a condição de mulher, cor de pele e orientação sexual para evidenciar um ponto, pois para mim ela importa tanto quanto qualquer outra pessoa, e não digo isso para desvalorizá-la, muito pelo contrária. Juliana era uma pessoa, e isso basta para que tenha toda minha solidariedade e que seu assassinato me machuque.

Ontem, A Folha de São Paulo divulgou talvez a matéria mais canalha que já vi na minha vida. Em seu último dia de vida, Juliane teria ido para uma boate, bebido e beijado. Sim, sugeriram que era um promíscua, alcoólatra e tudo mais. Para que isso? Mesmo que fosse, qual o sentido de fazer este retrato de um pessoa que acabou de ser brutalmente assassinada? Vejam a forma como a mesma Folha retratou Marielle e como tratam agora a policial? Como não dizer que o jornalismo está no fundo do poço?

Mas não é só isso. Eu disse que não faço distinção dos adjetivos de uma pessoa assassinada, mas tem muita gente que faz. Tem muita gente que disse que Marielle só foi morta porque, bem, era negra, mulher e gay. Os mesmíssimos predicados de Juliane. Diante da matéria escrota da Folha – que esta na cruzada da censura em nome de fakenews – fez o que? Silêncio absoluto. Nem um pio. Nem uma entidade de direitos humanos ou de direitos das mulheres se pronunciou em defesa dela. Imaginem se a mesma matéria fosse em relação à Marielle?

E vocês querem que eu respeite esta gente? Eles não são defensores de direitos humanos, são defensores de direitos humanos para esquerdistas. Eles não são defensores das mulheres. São defensores das mulheres de esquerda. Lembram da quando um professor de filosofia disse que a Rachel Scheherazade merecia ser estuprada? Também nada disseram. Mas correram para socorrer o Luis Inácio quando apareceu falando de mulher do grelo duro em tom nitidamente pejorativo. Esses grupos, partidos políticos e pessoas que dizem defender minorias possuem uma agenda nitidamente ideológica e nessas horas, quando a pessoa que não tem o pedigree correto precisa de defesa, silenciam-se não só covardemente, mas de forma imoral.

Folha de São Paulo e esta turma merecem nosso desprezo. Possuem ódio demais no coração para fazerem algo de positivo para a sociedade. Temos que começar a diferenciar discurso de atitude e julgá-los pelo que efetivamente fazem.

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