Minhas impressões sobre os filmes que vi até agora:
1. Dunkirk
A idéia é geniosa, usar três períodos temporais diferentes no mesmo espaço de tempo. O filme retrata muito bem o esforço do homem comum para salvar seus soldados e manter a esperança de uma vitória final. Só fiquei com a impressão que faltou um pouco de alma no filme do Nolan, algo que nos desse mais empatia com os personagens.
2. The Shape of Water
O filme é bonito e se você tiver na cabeça que ele é uma fábula sobre amar o feio para que se torne belo, uma estória eterna dos contos de fadas, é possível apreciá-lo. No entanto, se olhar pela chave do progressismo e perceber que o vilão é a caricatura que um liberal de Hollywood vê o cristão e que o sexo, desde que consensual entre as partes, tem que ser admirado como sagrado, vira uma bomba. Aliás, na primeira chave, o sexo estraga a estória. Del Toro pesou demais a mão no progressismo. Uma pena.
3. Darkest Hour
Em abril de 1940, muitas pessoas razoáveis consideravam seriamente a hipótese de fazer um acordo com Hitler e evitar a possível invasão à Inglaterra. O próprio Churchill flertou com a possibilidade e demonstra suas dúvidas no filme. O grande tema do filme é justamente este: devemos fazer um acordo com o mal para nos preservar? Quando Churchill consegue enxergar com clareza e centrar seu propósito vem a coragem para fazer o certo. Não importa o que as pessoas racionais digam, o mal tem que ser vencido. Custe o que custar.
4. The Post
Spielberg sabe contar uma estória e nos convencer do que estamos vendo, mas na parte final pesou demais ao retratar todos os jornalistas como pessoas com altos ideais que só querem vigiar o poder para proteger o povo americano. Uma passada de pano desnecessária para a imprensa quando poderia ter se concentrado mais discutir o dilema moral que realmente existiu. A divulgação dos documentos secretos do pentágono prejudicaria os Estados Unidos em uma época que estavam em guerra e soldados morrendo? Ao invés de responder com um sonoro não baseado na pureza da imprensa, poderia ter deixado a questão mais aberta. Seria, aí sim, um filme gigante.
5. Lady Bird
Pouca gente percebeu um detalhe importante do filme: Lady Bird não era católica. Você só percebe isso quando ela cruza os braços na hora da comunhão. A diretora Greta Gerwin poderia ter feito um filme fácil, criticando o colégio católico pelos problemas da heroína, mas fez justamente o contrário. O catolicismo do colégio foi um apoio em um momento difícil de amadurecimento e no fundo, a questão de Lady Bird é uma das principais do ser humano: aceitar-se. O fato de ter sonhos não significa abandonar tudo que você é para realizá-los. No fim, Catherine vence Lady Bird.
6. Three Billboard outside Ebbing Missouri
O filme se inspira claramente nos contos de Flannery O’Connor, que retrata o efeito da maldade na sociedade e a oferta da graça, geralmente recusada. Há uma expressão em inglês intraduzível chamda “single minded”, algo como mente fixada em um único pensamento. Ela quer vingança pela morte de sua filha, custe o que custar, sem se importar com ninguém no seu caminho, mesmo o filho e um homem bom morrendo de câncer. A desproporção de seus atos fica evidente em seu ato de terrorismo. Difícil ter empatia com ela, que no início parece até racional e simpática. Dixon, por outro lado, começa como o pior dos seres, mas aos poucos vamos criando empatia por ele ao perceber algo que apenas o xerife tinha percebido, há algo de bom nele querendo ir à tona. A graça aparece para ele na carta de Bill e acho que apareceu para Mildred na forma do anão. Infelizmente só um abriu as portas para ela.