Não são nem oito da noite e estou aqui no Aeroporto do Galeão, no Erre Jota. Foi difícil conseguir um lugar para sentar. Com tão pouca gente é realmente complicado escolher. Preciso carregar o celular? Sem problemas. Tem tomada livre para tudo que é canto. Uma maravilha.
O problema é que essa brincadeira nos custou muito dinheiro, não é mesmo? Um dos problemas da solução keynesiana é que, cedo ou tarde, acabamos com elefantes brancos como esse. Como quase tudo que foi construído para os Jogos Olímpicos, aliás. Se até para usar o Maracanã está complicado, imaginem as demais arenas (no meu tempo, estádios). Ociosidade para tudo que é canto.
O importante é gerar emprego, dizem. Pois o Rio gerou, aos montes. Agora o estado está quebrado e a prefeitura anuncia que não consegue pagar salários a partir de outubro. Craqueiros e mendigos tomaram as esquinas e praças da cidade. Naturalmente o banheiro desse povo são as árvores e calçadas. O Rio virou isso, um grande banheiro ao céu aberto, com a violência crescendo sempre mais, o que o carioca, infelizmente, já aprendeu a conviver como se fosse um fato pitoresco. Transformam até em atração turística. Vamos passear na Maré?
O pior é que as pessoas parecem não ligar. Um preço a pagar para morar nesse estranho paraíso.
E o aeroporto, vazio. Dinheiro desperdiçado. Nosso dinheiro.
Mas valeu a festa, não é verdade?