No Brasil tenho a impressão que não importa o que você faça, se você disser que está lutando por justiça social terá simpatia imediata. Ou seja, as ações substantivas valem muito menos que o discurso. Se este estiver correto, pode-se tudo. É a velha discussão de que os fins justificam os meios.
São Tomás de Aquino, que foi muito mais sábio que todos nós, até porque era mais humilde, ensinava que uma ação tinha que ser justa nos meios e nos fins. Toda sua filosofia teve como centro a questão substancial e por isso mesmo jamais se deixou enganar pelas aparências. Ele tinha uma profunda reverência pela realidade e isso era a raiz de sua absurda sanidade. Desde que nos interditaram de tentar saber como as coisas são em sua essência, vivemos nesse mundo de sombras, tateando no escuro.
Todo o gigantesco esforço dos medievais em nos tirar da caverna de Platão foi revertido pelos filósofos modernos, que não só nos trouxeram de volta para a caverna como trataram de nos acorrentar com ainda mais força para que não saíssemos de lá nunca mais. O homem medieval foi capaz de vislumbrar a luz fora da caverna enquanto o homem antigo achava que a fogueira era a luz. O homem contemporâneo, filho do homem moderno, foi convencido que não há luz; e não consegue entender porque vive em desespero.