Onde estão os pivetes?

Ontem constatei uma das novidades do Centro do Rio. Como o policiamento está falido na prática, os lojistas se organizaram e contrataram seguranças que ficam patrulhando em torno de suas lojas, como parece que já estavam fazendo na Lapa. Andam em trios e visualmente já teve efeito, quase não se vê mais pivetes.

O que deixa a grande pergunta, para onde foram? O otimistas acha que sem conseguir praticar crimes, estão procurando emprego. Um cético, como eu, acredita que migraram de região. Parece-me que um dos locais escolhidos é aqui em Copacabana.

No fundo, trata-se do mesmo erro das UPP. Ocupam uns morros, sem confronto com a bandidagem, que migra para outro local. Moradores de Niterói me contam como cresceu a bandidagem nas favelas de lá. E nosso Beltrame segue firme, colecionando novos índices de violência.

Repito sempre: acredito que não existe nenhum problema mais urgente para resolver no Brasil do que a violência. É a principal razão de ser do estado: a segurança. Infelizmente, é pregar no deserto.

Reflexões sobre o nada

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Joaquim Nabuco escreveu um dos clássicos de nossa literatura: O Abolicionismo. O que poucos sabem é que ele também trata da escravidão em seu sentido lato. E mostra que o funcionalismo também pode ser um tipo de escravidão, talvez ainda mais cruel porque o escravo não sabe que é escravo.

A grande dúvida que temos quando vemos uma seção de nosso parlamento é se estamos diante de um teatro ou de um circo. Provavelmente os dois.

Fico interessado toda vez que alguém levanta a constituição para defender a moralidade. Justo ela que a meu ver é responsável por grande parte da bagunça que nos transformamos.

O problema da nossa constituição começa em seu mito formador: a nova república teria começado pela vitória da democracia sobre uma ditadura. Puro engodo. Ela nasceu da falência econômica de um regime político, que preferiu sair de cena a levar o país para um confronto inútil.

Aristóteles, como Platão, desconfiava tremendamente da democracia. Acreditava que era a porta para se implantar a demagogia, que terminaria sempre em uma tirania. Fukuyama discorda.

Dizem que Marx foi o mais perigoso pensador da modernidade e influenciou metade do mundo. Creio que pior ainda foi quem influenciou a outra metade: Freud. Nos matou a abertura para o espiritual.

Quem tudo ama, acaba amando nada.

Os jogos olímpicos foram um sucesso apenas por não serem um fracasso. Se é que me entendem.

Brasil, 2016. Temos partidos nominalmente comunistas. Com membros no parlamento. Já pensaram seriamente no que isso significa?

Engraçado como volta e meia tenho que atacar o comunismo de quem tem mais dinheiro do que eu. E iphone.

Jornalistas e blogueiros deveriam seguir intelectuais e não o contrário.

Existem opiniões que você não pode nem sonhar em contradizer publicamente. Chamam isso de liberdade. A liberdade de concordar.

Vocês já repararam que somos um país que faz seleção de espiões por concurso público?

Aliás, um serviço de inteligência estrangeiro não precisa muito esforço para levantar nossas informações. Basta acompanhar as licitações. O Brasil está todo em editais na comprasnet.

12 dicas para um escritor iniciante

O professor e crítico literário Rodrigo Gurgel recentemente gravou um vídeo com 12 dias para um escritor:

https://www.youtube.com/watch?v=MFYWwVO-d-k

 

Reproduzo abaixo a lista e meu entendimento sobre as principais idéias que ele apresentou no webinário:

1. Escreva para um determinado leitor
Não tenha pretenção de escrever para todos. Imagine o leitor que você quer atingir, nem que seja você mesmo. É para ele que você vai escrever.

2. Escreva sobre o que você conhece
Quanto mais você conhecer sobre um assunto, uma situação, um sentimento, mais segurança você terá para escrever.

3. Tenha um ritual de trabalho
Temos uma ilusão romântica de que o escritor é 100% inspiração, que escreve apenas quando tem idéias. Não é bem assim, há trabalho duro envolvido e uma rotina facilita as coisas. Separe um horário para escrever todos os dias.

4. Não estabeleça metas impossíveis
Associada a uma rotina, há metas. Não procure o impossível. Se for 30 minutos por dia, que seja. O importante é uma meta que consiga alcançar.

5. Não se preocupe com os grande escritores
Não se preocupe se está parecido com os escritores que admira, nem se não conseguir escrever como eles. Sua voz vai aparecer naturalmente, apenas persista.

6. Não fique pensando nos seus limites
É fácil desistir se pensar demais nos seus limites. Não pense tanto neles e prossiga com o foco em suas qualidades.

7. Treine seu poder de observação
Um escritor está sempre atento ao que está acontecendo a seu redor. Seja em casa, na rua, nos jornais. Você nunca sabe quando vai surgir uma idéia para aproveitar.

8. Anote tudo, não confie na memória
Um escritor tem sempre um caderninho, ou um celular, em condições de anotar idéias, que costumam surgir a qualquer momento. Não confie que vai lembrar depois.

9. É preciso planejar o que escrever
Novamente, rejeite a idéia que um escritor é 100% inspiração. Planeje o que vai esconder; faça esquemas, desenhe. O importante é saber onde se quer chegar.

10. Não procure ser um literato
Infelizmente a crítica literária foi tomada por uma ditadura da novidade e da complexidade. Escritores, especialmente no Brasil, só querem escrever para outros escritores, trocando elogios em um ritual de enganação. Procure escrever uma boa estória, é isso que o público quer.

11. Não se sinta sozinho
Procure alguém que leia seu trabalho, que possa dar conselhos ou mostrar pontos que não conseguiu compreender. Pode dar uma luz sobre pontos que não pensou a respeito.

12. Leia sempre
Não existe bom escritor que não tenha sido um bom leitor. Leia sempre, mas leia com qualidade. Anote as soluções que os grandes escritores usam, entendam como resolveram suas dificuldades.

A luz de São Tomás

No Brasil tenho a impressão que não importa o que você faça, se você disser que está lutando por justiça social terá simpatia imediata. Ou seja, as ações substantivas valem muito menos que o discurso. Se este estiver correto, pode-se tudo. É a velha discussão de que os fins justificam os meios.

São Tomás de Aquino, que foi muito mais sábio que todos nós, até porque era mais humilde, ensinava que uma ação tinha que ser justa nos meios e nos fins. Toda sua filosofia teve como centro a questão substancial e por isso mesmo jamais se deixou enganar pelas aparências. Ele tinha uma profunda reverência pela realidade e isso era a raiz de sua absurda sanidade. Desde que nos interditaram de tentar saber como as coisas são em sua essência, vivemos nesse mundo de sombras, tateando no escuro.

Todo o gigantesco esforço dos medievais em nos tirar da caverna de Platão foi revertido pelos filósofos modernos, que não só nos trouxeram de volta para a caverna como trataram de nos acorrentar com ainda mais força para que não saíssemos de lá nunca mais. O homem medieval foi capaz de vislumbrar a luz fora da caverna enquanto o homem antigo achava que a fogueira era a luz. O homem contemporâneo, filho do homem moderno, foi convencido que não há luz; e não consegue entender porque vive em desespero.

Era para ser o dia de glória

os personagens

Quando esses três feras comemoraram em 2009 a escolha do Rio de Janeiro, imaginaram o palco perfeito para a glória de um projeto nefasto de poder. Nenhum dos três têm condições morais de sequer chegar perto do palco de abertura; são repudiados pela esmagadora maioria dos brasileiros.

Só por isso já vale as duas semanas de pão e circo que teremos a partir de hoje. Até porque só começamos a pagar o descalabro dos gastos públicos que sustentaram essa farra. Vai doer muito, ainda.