Sobre a saída do Reino Unido

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Com certeza a saída da UE é uma questão complexa e não é fácil de opinar, ainda mais por quem está longe. Pelo que vi nos últimos dias, tinha muita gente boa querendo ficar e muita gente boa querendo sair. O problema é que em nenhum momento os “remain” trataram os “leavers” com respeito. Em sua simplificação mental, a única razão que alguém pode ter para deixar a UE é a xenofobia. Assim, automaticamente a coisa é deslocada, como sempre, da razão para a emoção.
 
Leavers são gente ruim, que não pensam nos outros. Tivessem os leavers se dado o trabalho de compreender os argumentos pela separação, e discutido honestamente a questão, a coisa poderia ter sido diferente. Entretanto ficaram presos em suas prisões mentais e se recusaram realmente a debater o tema, pois levaram a questão para a moralidade. Eu não sei o que era melhor para a Inglaterra, e nem o que seria justo, mas observo alguns absurdos no pós-resultado, sendo a face mais visível ao inacreditável ataque aos que votaram pelo brexit. 
O interessante é que vejo conservadores divididos pela questão, ao mesmo tempo que vejo a esquerda toda fechada pela UE, uma demonstração de comportamento de manada. Além disso vejo uma completa falta de flexibilidade da UE, incapaz de lidar com críticas. Se acham que se trata apenas da Inglaterra, arriscam-se a novos revezes. Não sei se no curto prazo há outro país que majoritariamente deseje sair, mas certamente há muita gente insatisfeita pela Europa.
Os apaixonados pela UE deveriam refletir um pouco sobre tudo que aconteceu e se perguntar, pela primeira vez, o que levou 52% dos votantes a desejarem sair da UE? Quais são as razões que os fizeram tomar tal decisão? Se ficarem repetindo imigração o tempo todo arriscam-se perderem novamente. É preciso respeitar o outro lado em um referendo dessa natureza, pois a situação não é tão clara como imaginam. Não se pode transformar que discorda de inimigo como estão fazendo. Não vou nem entrar nas considerações com os idosos porque aí a estupidez já foge ao limite dessas linhas.
Por fim, vejo pessoas colocando que David Cameron não precisava ter feito o referendo. Devo realmente ser muito idiota, pois ele assumiu o compromisso de fazê-lo como condição para ser candidato por seu partido e deixou claro na campanha que o faria. Teve um comportamento digno do início ao fim. Fez o que acreditava ser correto, defendeu sua causa, e respeitou o resultado. Mais do que a grande maioria está fazendo.