Novo Maracanã

Ontem voltei ao Maracanã depois de quatro anos de ausência. Gostei do que vi. O estádio está realmente no nível que me acostumei nos Estados Unidos, inclusive a parte de recepção, com funcionários de 10 em 10 metros oferecendo ajuda e orientação. As condições de jogo também são excelentes, com um gramado impecável.

Algumas algumas melhorias como uma melhor utilização das televisões. A maior parte do período antes da partida ela fica mostrando apenas o emblema da partida que será disputada. Poderia estar passando vídeos, aquecendo os torcedores para a partida com músicas e hinos. Durante o jogo tinha que assumir o papel de animadora da torcida, como acontece nos esportes americanos. O preço da alimentação está no que se cobra aí fora em estádios e ginásios. Não vi nada demais.

Por fim, acho que o principal problema do estádio hoje são os assessos. O estacionamento é ridículo e acaba quase tudo convergindo para o metrô, que não aguenta a demanda. Você acaba se sujeitando a vir esmagado como uma lata de sardinha em vagões super lotados.

Enfim, o estádio está bonito e funcional. Uma pena que tenhamos esperado até ter uma Copa do Mundo para fazer o investimento. Considerando que o dinheiro foi, de uma maneira ou de outra, público, dava para ter feito uma única e decente reforma no estádio ao invés de três. O pagador de impostos teria agradecido.

O apoio à PM enfurece os bem pensantes

Tenho notado um apoio crescente da população à polícia militar e isso tem deixado muita gente à beira de um ataque de nervos. A população em geral quer ordem para poder tocar sua vida e não aguenta mais ter que viver refugiada em suas próprias casas, com medo de andar nas ruas.

Os mais pobres são os que mais sofrem com a violência e a desordem pública. Quando manifestantes impendem o transporte público de funcionar, são os mais pobres que deixam de chegar em casa ou no trabalho. Quando queimam onibus, são eles que ficam mais tempo nos pontos esperando transporte.

A coisa chegou ao ponto que as pessoas pobres estão sendo assaltadas por gente que tem mais dinheiro do que eles.
Por isso tudo começa a surgir um ressentimento muito perigoso contra os agentes da desordem, especialmente os chamados ativistas políticos. O episódio que a tal sininho foi impedida de entrar em um ônibus por populares evidencia muito bem isso.

Prestem atenção nas conversas de rua, dentro do metrô. A população está a favor da polícia e isso para os regressistas, também conhecidos como progressistas, é um sacrilégio, pior até do que derrubar uma estátua do Lenin. São tempos interessantes, sem dúvida.

O Editorial vergonhoso da Globo sobre a morte do cinegrafista.

Ontem finalmente houve a primeira morte vítima dos protestos. Já era uma desgraça anunciada, a dúvida é se seria um PM ou um manifestante. Não acredito nesta balela de manifestações espontâneas; a rapidez que surgem advogados e ONGs para defender os delinquentes _ aqui neste blog não cabe a palavra ativista _ mostra que a coisa é orquestrada. Com que propósito? Não sei. Mas o fato dos black blocs nas ruas afastar a população das mesmas parece ser uma pista.

A coisa toda é lastimável, mas quero chamar atenção para um ponto específico: o papel pusilanime de grande parte imprensa. O editorial do Jornal Nacional de ontem merece ser estudado, tamanho o grau de absurdo. Para começar, não há uma única citação dos black blocs em todo o texto lido por William Bonner, que se tivesse vergonha na cara teria se recusado a lê-lo.”Grupos minoritários acrescentaram a elas o ingrediente desastroso da violência“. Foi o máximo que conseguiram ir. Mesmo assim usaram toda uma linguagem politicamente correta, fazendo uma metáfora sem sentido com comida, como se a violência fosse apenas um ingrediente. Pior ainda, a palavra “desastroso” indica que o problema não está na violência em si, mas da falta de eficácia pois acaba maculando a “causa”, sela ela qual for. Não Sr Bonner, não se trada de grupos minoritários, mas de um grupo específico, que está presente em várias manifestações provocadas por sindicatos e grupos estudantis. Lembram da estória do good cop and bad cop? Os sindicatos descobriram que podem usar esses marginais como forma de pressão para poder negociar melhor. Tá vendo como eles são violentos? Melhor a gente chegar em um acordo rápido para que eu possa controlá-los. Se não me atender, eu não vou ter como segurar. Tudo, enfatizo, sobre aplausos de boa parte dos jornalistas, que densonram a profissão como talvez nunca tenha sido visto.

E quem matou o cinegrafista? Na voz de Bonner “Mas a violência o feriu de morte aos 49 anos, no auge da experiência, cumprindo o dever profissional“. A violência feriu de morte? Por que não “um black bloc matou um cinegrafista”? De que tem medo a Globo? Ser mais odiada por essa gente do que já é? Semana passada, um jornalista trouxe um furo ao vivo, identificando corretamente o que aconteceu no episódio, na condição de anonimato. Perceberam o absurdo? Um jornalista consegue um furo de reportagem mas não quer aparecer no vídeo! Esse é o Brasil que está sendo construído pelo petismo, e vocês votam nessa turma!

Interessante que na hora de apontar um black bloc ficam cheio de dedos, mas o mesmo cuidado não possuem com a polícia. Novamente na voz de Bonner: “Também a polícia errou – e muitas vezes. Em algumas, se excedeu de uma forma inaceitável contra os manifestantes; em outras, simplesmente decidiu se omitir. E, em todos esses casos, a imprensa denunciou. Ou o excesso ou a omissão“. É a tara ideológica. A polícia está sempre errada. Se reprimir, foi violenta; se deixar, foi omissa. Um parágrafo para entrar para a história.

Na conclusão o ediorial pede que se investigue, aponte os culpados e etc. Muito pouco. O que era preciso nesse momento era uma condenação cabal aos grupos black blocs e um apoio irrestrito às forças de segurança pública para coibir a ação desses delinquentes, além de um repúdio completo ao uso de máscaras. De cara limpa, a coragem some rapidinho como vimos em um vídeo ontem em que um deles teve que correr para debaixo da saia da delinquente Sininho depois de ser levar uma câmera de tv na cabeça de um cinegrafista. Por que? Porque o anjo soltou um singelo “espero que você seja o próximo” para um cinegrafista que acabara de perder um companheiro de profissão.

Leiam o editorial da Globo. Uma vergonha com começo, meio e fim.

Algumas observações sobre o ataque bucéfalo a Raquel Shererazade

Uma coisas que escritores como Orwell, Mann e Eliot perceberam é que a ideologia não tem como ganhar o espaço sem a destruição da linguagem. Para que sua visão de mundo possa triunfar é absolutamente necessário que as palavras percam sentido, que adjetivos se tornem substantivos, que coletivos abstratos se tornem indivíduos concretos. Um bom exemplo esta semana foi os ataques à âncora do SBT, Raquel Shererazade.

Em uma de suas intervenções do jornal do SBT ela disse, sobre o episódio de um grupo que prendeu um marginal em uma árvore, que achava compreensível tal atitude devido a completa falta de segurança pública no Rio de Janeiro. Pronto, abriram as portas do pinel. A matilha saiu ensandecida acusando-a de defender justiceiros a fazer justiça com as próprias mãos. Confesso que se ela tivesse mesmo dito o que a esquerda bucéfala leu, teria que concordar mas o ponto é que ela não disse. Há um diferença absurda entre dizer que compreende porque os ” justiceiros” fizeram o que fizeram e dizer que as pessoas devem fazer justiça com as próprias mãos. Ela não defendeu o direito dos justiceiros, ela criticou duramente a ausência de segurança pública no Rio de Janeiro, o que é outra completamente diferente.

O fato é que já nos acostumamos que existem horários e locais que não se pode circular, que mesmo nos outros temos que estar atentos o tempo todo, que mesmo aqui na Praia Vermelha estão roubando bicicletas e celulares a mão armada. Uma população desarmada, sem proteção nenhuma, se tornou pato a ser abatido por marginais. Raquel Shererazade não pediu por ação de justiceiros, mas por ação do estado, o que é coisa bem diferente. E transversalmente tocou na questão do desarmamento, mas não vou entrar nesse assunto agora.

O interessante que a esquerda acusa-a, como quase sempre, do que faz. Os mesmos que querem a cabeça da apresentadora defendem as ações terroristas do MST, das FARC, “compreendem” as ações dos traficantes, se apaixonam pelos protestos dos black blocs. Tem uma apresentadora do Globo News que falta babar de admiração a cada bomba desse último grupo. Não vi ninguém pedindo a cabeça dela. Acham super natural ter uma ex-terrorista como presidente (alguns idiotas usam presidenta) da república, mas acham um absurdo uma apresentadora de tv dizer que compreende certa reação de algumas pessoas. Ao mesmo tempo, gente como Sakamoto praticamente diz que um assaltante tem o direito de roubar um relógio porque a vítima estaria ostentando riqueza, como no caso do Luciano Hulk.

Há tempos que os comentários de Raquel incomodam. Viram na fala dela uma oportunidade, mas para conseguir o que tentam era preciso mudar o sentido do que ela disse, ignorar o conteúdo objetivo da fala. Fácil. Acuse-a do que ela não disse, dê a suas palavras o significado que quiser. Em outras palavras, corrompa a linguagem.

Para esses, lembro apenas uma frase cérebre que minha saudosa vó dizia o tempo todo: deixa de ser idiota!

Mas é pedir muito, não?

Notas rápidas

1

Acho curioso que quando um professor da UFRJ twittou que desejava que a jornalista Raquel Shererazade fosse estuprada, nenhum grupo feminista ou associação de jornalismo, tenha se manifestado.

O mesmo acontece agora com a médica cubana. Além de revelar as condições miseráveis com que se deu sua contratação, foi xingada em plenário por um deputado petista, que a acusou entre outras coisas de ser bêbada e gostar de homens (?!). Novamente silêncio dos grupos feministas e associação de direitos humanos.

Depois me cobram porque não levo fé em nenhum grupo desses. Suas escolhas revelam muito bem quais são suas reais intenções.

 

2

Alguns torcedores do Corinthians parece que vão trocar de time e torcer para o São Paulo. Tudo para continuar xingando o Pato.

 

3

Sobre a extradição do Pizzolato, seria bem melhor que a polícia italiana conversasse bastante com ele. Melhor que mandá-lo de volta para o Brasil, onde pode haver novo surto da gripe de Celso Daniel, seria descobrir o que ele sabe.

 

4

O que chama atenção no livro e participação do Romeu Tuma Jr no Roda Viva é o silêncio da tigrada. Nenhum processo foi aberto contra o delegado por calúnia e difamação. Curioso.

 

5

O governo convoca uma reunião em Brasília para a Rainha má anunciar com seus cupinchas que não há perigo de apagão de energia. Pouco antes do anúncio, um apagão. Me lembrou o Bill Gates anunciando o Vista.

 

 

Um diálogo sobre o aborto

_ Sobre essa questão do aborto eu já pensei muito e não tenho dúvida em dizer que sou a favor.
_ Eu te invejo.
_ Por que?
_ Porque você sabe de algo que não sei. Você sabe que o feto não é uma vida humana.
_ Não é bem assim. Ninguém pode dizer com certeza onde começa a vida humana. Isso que vocês não entendem e querem que aceitemos que a vida começa na concepção. Não acredito nisso.
_ E onde começa?
_ Não sei. O ponto é que ninguém sabe.
_ Significa que pode ser na concepção?
_ Pode, mas acho difícil.
_ Então temos um problema.
_ Que problema.
_ Só existe quatro possibilidades para o aborto. Três são claramente criminosas e a quarta, que seria realmente defensável, você a afastou.
_ Como assim?
_ A questão pode ser resumida em quatro hipóteses baseada em duas perguntas. Se o feto é uma vida humana é a primeira.
_ E a segunda?
_ Se sabemos a resposta.
_ Explique melhor.
_ Cada uma dessas perguntas admite um sim ou não, o que nos coloca quatro possibilidades. A primeira: o feto é uma vida humana e sabemos disso. Você concorda que neste caso seria um crime?
_ Neste caso, sim.
_ Passemos ao segundo caso. O feto é uma vida humana mas não sabemos disso. Nesse caso também seria um crime, provocado por uma negligência, mas mesmo assim um crime. É o caso do caçador que atira em uma moita e do outro lado tem uma criança. Por sua negligência em saber o que tinha do outro lado, ele cometeu um crime. Culposo, mas mesmo assim um crime.
_ De acordo.
_ Vamos, portanto, para o terceiro caso. O feto não é uma vida humana mas não sabemos disso. Continua um caso de negligência criminosa. Você vê a moita balançando, não sabe se trata-se de uma criança ou um veado, mas atira assim mesmo. O fato de ser um veado não muda o fato que poderia ser uma criança.
_ É verdade.
_ A única hipótese do aborto ser justificado é o de que o feto não é uma vida humana e sabemos disso. Você já afastou esta hipótese ao afirmar que não tem certeza quando a vida começa. Veja que quando a suprema corte americana deliberou sobre o assunto em 1973, chegaram a conclusão que ninguém sabia onde a vida começava.
_ Exato.
_ O problema é que os mesmo juízes que não sabiam se do outro lado da moita tinha uma criança ou um veado, mandaram atirar.
_ Não é tão simlples assim, há outros fatores, a liberdade da mulher, sua condição de criar uma criança, o controle populacional.
_ Sempre há, mas na essência não há como fugir dos quatro casos que citei. Usando exclusivamente a razão, a única hipótese defensável para o aborto é ter certeza que não se trata de uma vida humana. E, ao que parece, ninguém tem essa certeza.
_ Você está sendo dogmático!
_ Com certeza! E meu dogma é só atirar quando você tem certeza no que está atirando!

O problema dos homens práticos brasileiros

Toda sociedade é conduzida por dois tipos de homens: os teóricos e os práticos. São dois talentos diferentes e raros foram aqueles que conseguiram tê-los ambos em grau razoáveis. Normalmente temos bons teóricos com pouca capacidade de ação ou realizadores com pouca imaginação. Dessa forma, esses últimos se deixam inspirar pelos primeiros e conseguem contribuir para o avanço de sua sociedade, dando a liderança necessária para que as coisas aconteçam. Assim temos dobradinhas como José Bonifácio e D Pedro I, Milton Friedman e Ronald Reagan, Benjamin Constant e Deodoro, Marx e Lenin. Como se pode observar nos exemplos, se a idéias estiverem na direção errada, o homem prático levará a sociedade ao fracasso; se forem corretas, haverá avanço.

A questão brasileira atual é que os homens práticos sentem terrível inveja dos homens teóricos, que por sua vez desprezam os realizadores. Há um divórcio quase total e a consequência é que os líderes políticos agem por instinto e mesmo quando são bem intencionados, e aí a tragédia, são incapazes de identificar o que está errado e, principalmente, o por quê. Seria remediável se eles aprendessem com os teóricos corretos, mas o orgulho é muito grande para se rebaixar a tanto. Por isso qualquer perspectiva de melhora vai demorar muito.

Nos últimos anos o domínio cultural da ignorância começou a ser ameaçado e tem muita gente boa começando a colocar as idéias corretas para circular, começando a influenciar uma novíssima geração de líderes e formadores de opinião que ainda levarão muito tempo para ter os meios de ação para poderem fazer a diferença. É assim mesmo. O importante agora é romper as trevas e fornecer a luz. Sem esse primeiro passo, a mudança de rumos se torna impossível. Sem os teóricos, os homens práticos pouco podem fazer porque não sabem em que direção agir.

A geração de práticos que disputam o poder no Brasil são de dois grupos: os que seguem as teorias erradas e os que não seguem nenhuma. O primeiros, que estão no poder, afundam ainda mais o país. Os seguntos, quando possuem meios da ação, se perdem por falta de coerência e idéias claras. No fundo, o grande problema é o culto da ignorância, que tem que ser rompido no país para acabar com a cegueira coletiva. Nós brasileiros temos que entender que a inteligência é uma virtude que deve valorizada como um dos principais valores da sociedade e não ridicularizada como coisa de excêntricos. Temos que ter a humildade de aceitar que não somos donos da verdade e que existem pessoas mais capacitadas do que nós para estudar problemas e apresentar soluções. Ao invés de invejá-los, e desprezá-los, temos que ser profundamente gratos a eles. Por isso sou grato a gente como Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Leibniz, São Tomás, Chesterton, Joaquim Nabuco, e, entre os vivos, a Olavo de Carvalho, Joseph Ratzinger, Padre Paulo, Paul Johnson, Peter Kreeft, etc. Mais do que me dar respostas, eles me apontam caminhos para explorar por mim mesmo, e usar minhas limitadas capacidades para tentar fazer algo útil para alguns, como esse blog.

Que os homens práticos brasileiros consigam entender essa dinâmica e passem a estudar, vencendo a própria ignorância. Talvez seja tarde para a minha geração, mas a que está se formando tem uma real chance, especialmente pelo ambiente cultural que está sendo rompido. Esses jovens, não os que estão quebrando nas ruas, mas os que estão lendo e aborvendo as idéias corretas, são a nossa maior esperança.