Sobre o rolezinho

O que me chama atenção nessa história do rolezinho é que tem gente realmente achando que quem frequenta shopping, especialmente aquele do Itaquera, é rico e a classe média do mal, que eles chamam singelamente de classe média. Nem vou entrar no mérito que esse conceito de classe econômica é uma abstração como já foi mostrado pelo historiador marxista, pasmem, E J Thompson. Ele descobriu que não havia nada que ligasse as pessoas pela faixa de renda, que não havia um comportamento ou ideologia comum a essas pessoas e, portanto, a classe econômica como entidade real simplesmente não existe. Seria como dizer que existe uma classe das pessoas canhotas ou das que gostam de pastel de queijo.

Mas, retomando, tem gente achando que são os ricos e descolados que frequentam os shoppings e que há um preconceito contra os pobres que estão invadindo esses verdadeiros templos de consumo porque graças ao imenso sucesso econômico dos governos petistas foram promovidos a uma espécie de classe média boa. Nesse caso, eles costumam se referir carinhosamente como classe C. Essa seria a evidência do sucesso de Lula e Dilma.

Pois essa gente precisa parar de fazer compras em New York, ou voltar para o país, pois vivem na segurança do estrangeiro, e darem um “rolé” pelos shoppings. O que mais se vê lá é classe C, com lojas âncoras do Ponto Frio, Casas Bahia, C e A, tudo bombando com o consumo. Classes A e B? Tudo no exterior ou no comércio online.

E porque a classe C está em massa nos shoppings?

PORQUE É O ÚNICO LUGAR ONDE POSSUEM SEGURANÇA PARA FAZER COMPRAS!

Perceberam o grito? A Classe C vai ao shopping para fugir exatamente dessas gangues que resolveram os perseguir no único lugar que tinham refúgio. E como reagem os intelectuais caviar? Gritam que se trata de preconceito! Que não há nada demais em um bando sair cantando funk e palavras de ordem contra essa sociedade burguesa de consumo. Ah, não roubaram ninguém. Claro que não, né? Não são burros. Enquanto forem um corpo estranho andando pelos corredores, estarão as vistas dos seguranças. O problema é quando se tornarem uma presença normal e não se diferenciar mais uma coisa de outra.

Pobre classe C. Só quer ganhar a vida e deixar de ser assaltada em cada esquina. Ainda tem gente que acha que a maioria das pessoas vítimas da violência são da classe média (a ruim). Uma bogagem, trata-se da classe C (a boa), justamente porque está com a bandidagem intranhada em seu interior. Tudo que querem é um espaço que possam levar os filhos e andar com segurança. Será pedir muito?